Desde quarta-feira Belém está sob toque de recolher. Quem o declarou não foi uma autoridade pública: foi o povo. As famílias, em sobressalto e pânico, se recolheram mais cedo às suas casas. Quem pode se homiziar nelas, não sai. Filhos são recolhidos e proibidos de sair.
Quem anda pelas ruas de Belém desde então supõe que a população já está aproveitando o feriado prolongado, tal a evidente redução do tráfego de veículos. De fato, porém, a causa é o medo de novos ataques armados. A repetição da chacina de segunda-feira, que já era um boato intenso, se acentuou com o baleamento de mais um Policial Militar no dia seguinte.
Não há nexo entre os dois fatos nem se tratou de execução (a única foi a da vingança – provavelmente dos colegas de farda – do soldado Pedroso, da Rotam, na véspera). Mesmo não estando fardados nem em serviço, os dois militares tentaram impedir assaltos. Mas levaram a pior no confronto com os bandidos: um morreu e o outro está hospitalizado em estado grave.
Pelas redes sociais, foi o bastante para uma onda intensa de boatos, alguns absurdos. Todos ganham credibilidade não pelo seu conteúdo, mas pelo ambiente propício para que se tornam críveis. A população já não acredita nas autoridades e teme as milícias, que podem ter uma motivação concreta, mas extrapolam todos os limites no encadeamento da sua ação. Têm tanto apoio popular quanto horror. Ninguém está imune à ação desses “justiceiros”. A crise de autoridade e credibilidade na segurança pública não podia ser pior.
Um exemplo está na mensagem reproduzida a seguir, de um leitor ilustre, que preferiu permanecer no anonimato. É o retrato de Belém às vésperas do feriado mundial dedicado aos mortos, cada vez mais frequentes no cotidiano da capital paraense pela via da eliminação violenta.
Essa é nossa Belém… Abandonada por suas “autoridades”, a população entregue à propria sorte…
Deus tenha piedade de seu povo, pois o governador e sua corte há muito nos esqueceram!!!
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