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Cidades, Política

Quem ganha, perde

Com a máquina municipal inteiramente ao seu dispor, mais a ajuda da máquina estadual, o prefeito Zenaldo Coutinho, no exercício do cargo de prefeito de Belém, só conseguiu impor vantagem de 35 mil votos sobre seu competidor no 2º turno, com menos de 5% de vantagem.

Os adeptos do tucano comemoram a vitória apregoando que do outro lado estava a máquina da família Barbalho, com seus veículos de comunicação, o seu maior líder, o senador Jader Barbalho, e o concurso do filho, ministro da Integração Nacional do governo Michel Temer.

Nem esse tutano político diminui a magreza da vitória (de Pirro?) de Zenaldo, o que não impedirá que seus correligionários continuem a fazer uma interpretação viciada da realidade. Zenaldo conseguiu o segundo mandato coim obras eleitoreiras e usando todo o poder que o cargo lhe proporciona. Por isso se sujeitou a ter o seu registro cassado pelo juiz eleitoral Carlos Lohrman Cruz, por uso de propaganda ilícita, embora seja provável que reverta a punição na instância superior até a sua diplomação, em 16 de dezembro.

O dia seguinte cobrará do alcaide o derrame de recursos e energia, que poderão faltar quando, feita a limpeza da sujeira eleitoral, ele tiver que continuar as obras e cumprir as promessas já enfraquecido. Boas não são as perspectivas para o seu segundo mandato.

Tão viciada quanto a comemoração de vitória dos tucanos será a arenga dos adeptos de Edmilson Rodrigues em torno da vitória moral do seu candidato, que só teria sido derrotado por estar na condição de David em duelo com Golias, sem que Deus tenha se disposto a intervir na batalha. A cantilena vai servir de coro até a eleição de 2018, quando novamente o que prevalecerá será a versão e não a verdade.

Discussão

32 comentários sobre “Quem ganha, perde

  1. Boa análise. Acho que isso responde a minha pergunta feita no post anterior.

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    Publicado por Jonathan | 30 de outubro de 2016, 19:36
  2. Segundo a lenda…Belém já está quebrada. Terão que tirar dinheiro de pedras para pagar os débitos.

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    Publicado por Jose Silva | 30 de outubro de 2016, 20:10
  3. Lúcio, uma pergunta.
    Não interessa o perfil dos eleitores de Zenaldo e de Edmilson como um referencial que os diferencia politicamente? A base para analisar a característica política de cada um dos candidatos é somente técnica (o empate e o que você chama de “ausência de programa de governo” seriam, portanto, índices de que os dois são iguais?)?

    Não é sintomático que diversas categorias de trabalhadores da arte e da cultura, professores, agentes públicos independentes e de movimentos sociais tenham oferecido o seu apoio ao Edmilson, apesar de todas as contradições do candidato (que também reconheço e critico), enquanto do lado de Zenaldo a velha elite “Veneza é aqui” da Doca de Souza Franco e dos conjuntos residenciais paradisíacos e isolados das periferias estejam celebrando a manutença de seus privilégios neooligárquicos? Isso não é um termo que os diferencia? Não entendo a dedicação unicamente ao critério técnico sobre os dois candidatos.

    Abs,

    Paloma

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    Publicado por pal0 | 30 de outubro de 2016, 20:21
    • Excelente comentário.

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      Publicado por Jonathan | 30 de outubro de 2016, 20:33
    • Belém é dividida em 11 zonas eleitorais. Zenaldo venceu em oito, Edmilson em três. A maior votação de ambos foi na 30ª: Zenaldo com 63 mil votos e Edmilson com 53. A maior votação de Edmilson foi na 97ª, onde ele teve 46 mil votos e Zenaldo, 50 mil. Assim, não houve o voto do marmiteiro contra o do brigadeiro, para usar a velha e emblemática comparação da disputa de Getúlio com Eduardo Gomes, em 1950. A mediocridade se espalhou por toda cidade porque, embora cada parte do eleitorado procurasse uma identidade com o candidato da sua preferência, a aspiração se frustrará e o sonho se desfará – mais uma vez, infelizmente.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 30 de outubro de 2016, 21:16
      • A história é a seguinte. Se o Ed tivesse conseguido atrair todos os votos dos candidatos da esquerda mais PMDB, ele teria sido eleito com mais de 400.000 votos. Ele não conseguiu fazer isso. Em contrapartida, o Zenaldo conseguiu capturar quase todos os votos do Éder Mauro (gente que nunca votaria no Ed) e ainda conseguiu tirar cerca de 30.000 votos da dita esquerda, possivelmente gente que votou na Ursula e Maneschy mas que não votaria nunca no Ed.

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        Publicado por José Silva | 30 de outubro de 2016, 22:27
    • “….Não é sintomático que diversas categorias de trabalhadores da arte e da cultura, professores, agentes públicos independentes e de movimentos sociais tenham oferecido o seu apoio ao Edmilson….”

      A análise dos números – feitas não por mim – indicam que na boca da urna, na hora de votar, isso não existiu.

      Mas é sintomático SIM, que algumas das pessoas que estão à frente desses movimentos como sempre esperando sobrar uma bolsa, ajuda, cota, boquinha ou qualquer outra coisa parecida, daí seu engajamento com um dos candidatos e normalmente não é favor do grupo ou agremiação.

      Em tempo:
      1- Antes que falem qualquer besteira, faço saber que frequento e participo efetivamente de manifestações culturais e artísticas locais que tem valor e naturalmente incentivo.

      2- Doca de Sousa Franco não é Veneza de espécie alguma e sim um dos maiores esgotos à céu aberto da cidade.

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      Publicado por Sou daqui. | 31 de outubro de 2016, 09:12
      • O que dá uma medida dos nossos venezianos. Como todos sabem, Veneza foi a primeira república moderna. Belém podia ter sido, mas preferiu aterrar os igarapés. Aterra até hoje. Aterrador.

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 31 de outubro de 2016, 09:33
      • Tão aterrador que tivemos um prefeito que se intitulava “tarado por docas”.

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        Publicado por Jose Silva | 31 de outubro de 2016, 09:40
      • Só para não perder o gancho…..

        Sempre me diverti muito, gosto e até hoje tenho saudades da Mafalda.

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        Publicado por Sou daqui. | 31 de outubro de 2016, 09:55
      • Lúcio,

        De todos itens de desgraças que cometem/cometeram com Belém, sem dúvida alguma esse é o maior de todos.
        A partir disso tudo veio junto, esgotos direto nos canais, não preservação das margens para arborização, alagamentos pela dificultação do escoamento das águas,……e todo o resto.

        É de chorar……Como dizia o Beting, “A natureza não reclama, ela se vinga”.
        E vamos continuar sofrendo essa vingança.

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        Publicado por Sou daqui. | 31 de outubro de 2016, 11:40
      • A Doca de Souza Franco, ponto de footing do beautiful people, recebe despejos de esgotos sem que algumas das residências possuam sequer fossa negra. Isso é Belém.

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 31 de outubro de 2016, 11:47
      • Essa cultura política de colocar todas as medidas, da esquerda ou da direita, no mesmo saco é ultrajante. Seu discurso é desrespeitoso com professores e agentes de cultura, com pessoas que puderam pelo sistemas de cotas ingressar em uma universidade pública (que há muito se tornou uma extensão das escolas particulares de elite, só entra quem pode investir muito).

        Você toma a minha fala para destilar a sua intolerância política, por pura provocação, de modo apócrifo (o privilégio dos covardes) jogando no mesmo balaio medidas sociais que têm características absolutamente diferentes e que, por isso mesmo, devem ser analisadas e criticadas a partir de suas especificidades, suas premissas e o efeito que podem vir a ter junto à sociedade.

        Eu fui aprovada na Unicamp me declarando negra, na USP passei em sexto lugar na escola de comunicação e arte, no curso artes cênicas, sem ter direito às cotas porque ali não existia esse sistema – e ainda não existe – nem por isso deixei de ser negra e do norte, filha de uma mulher que foi empregada doméstica e que depois se tornou professora da UFPA e de um arquiteto invalidado pelo Estado por ser diagnosticado com esquizofrenia no período da ditadura militar (curioso, não?).

        Fui uma estudante absolutamente dedicada e em nada fiquei atrás de meus colegas que todos os anos (quiçá, semestres) iam à Europa atualizar suas referências, in loco, sobre as artes contemporâneas. Nem por isso me tornei branca e paulista.

        Sou professora e agente cultural, não sou preguiçosa, não sou vagabunda, não sou PTista, não quero boquinha. O que nós, trabalhadores, queremos é respeito. Discutir política é saudável, quando se sabe discutir, quando o dissenso é propositivo e gera reflexão.

        E isso é tudo que eu tenho a dizer a você, Sou Daqui, pela primeira e última vez.

        Paloma

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        Publicado por pal0 | 31 de outubro de 2016, 11:40
      • Escrevi – com orgulho, honra e alegria – prefácio para o livro que Paloma escreveu e aguarda publicação. Um belo livro. Ao lê-la, senti um gosto de Clarice Lispector. Não por cópia ou mimetismo. Pelo contrário: Paloma penetra na alma humana e expõe a sua de um jeito “clariceano’ (ou “clariceando”), que é intimista, mas é também original. Trata-se de uma escritora madura, dona do seu ofício, confiante em si (e de si). A trajetória de Paloma é única, por isso não serve de parâmetro para os caminhos normais, rotineiros, padrões. Mas atesta as possibilidades que existem e que ela abriu para encontrar uma posição sua, da qual às vezes divirjo (e vice-versa), sem nunca deixar de respeitá-la e de aprender.

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 31 de outubro de 2016, 11:46
      • A trajetória descrita e que merece todo respeito e aplauso, confirma tudo que estamos falando da não necessidade de diferenciação seja de que forma ou conteúdo possa existir.

        Ponto final.

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        Publicado por Sou daqui. | 31 de outubro de 2016, 12:09
  4. VALEU…..
    LÚCIO , NOSSO ZENALDO/MAIORANA, ELEITO.

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    Publicado por 45 | 30 de outubro de 2016, 20:48
  5. Minha sincera opinião do motivo verdadeiro do Edmilson ter perdido o 2º turno: Foi ter deixado o Maneschy se aliar a ele. E Maneschy é a mesma coisa que ter a família Barbalho do lado.

    Da mesma maneira que Jefferson Lima apoiou e teve apoio mais tarde do Helder Barbalho, resultado de suas decisões: foi tão criticado por sua decisão contraditória que o fez cair no ostracismo e agora ninguém quer mais saber dele como traíra. Ainda mais depois o que o Helder fez aos 8 anos de Ananideua.

    Portanto, para mim Edmilson fez uma péssima decisão e pagou por sua escolha.

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    Publicado por Norimaro | 30 de outubro de 2016, 21:09
    • Os números não indicam isso. Na verdade, o que indica é que 30.000 eleitores que votaram no Maneschy ou na Ursula migraram para o Zenaldo. O problema é que o Ed não consegui mostrar um discurso inovador para unificar a oposição ao Zenaldo.

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      Publicado por José Silva | 30 de outubro de 2016, 22:32
      • A associação com o Jáder tirou sim bastante votos do Ed. Mas não foi apenas isso. Eu definiria a derrota dele em 4 atos:

        1- O anti-petisno. Antes mesmo do pleito começar, ele votou a favor de Dilma com um discurso tipicamente petista. Se não me falha a memória, proferiu até um “golpe”. Prato cheio para Zenaldo que logo apontou a contradição: se saiu do PT, por que ainda vota a favor dele, mesmo com toda a lama na qual chafurda do partido? As eleições municipais mostraram que o escândalo da Petrobras acabou com o PT. Resultados extremamente pífios. Em Belém não foi diferente.

        2- Escolha de um vice separatista. O discurso anti-divisão do PSDB acarreta muitos votos para o partido. Ainda que seja uma questão praticamente superada, nas últimas eleições, o PSDB explorou ao extremo esse assunto ao espalhar panfletos dizendo que Hélder dividiria o Pará. Isso convenceu inúmeras pessoas. Nos momentos finais das eleições desse ano – o mais importante -, Zenaldo explorou esse assunto ao questionar o porquê de o vice de Ed ser separatista. Ed se enrolou com as respostas.

        3- Aliança com Maneschi. Ainda que eleitores de Edmilson digam que o apoio do ex-reitor foi algo pessoal, a aliança foi suficiente para que Zenaldo relacionasse Edmilson a Jáder Barbalho, figura execrada pela maioria do eleitorado belenense, incluindo aí a esquerda.

        4 – A cassassão de Zenaldo. Edmilson protocolou uma denúncia contra Zenaldo na Justiça Eleitoral. O tucano foi cassado, mas recorreu e pôde concorrer. O marketing do prefeito soube aproveitar a situação de forma positiva: fez todo um discurso de que Ed estava desesperado e queria “levar no tapetão”. O povo aderiu.Foi um verdadeiro tiro no pé. Zenaldo ainda será julgado em instância superior, mas as possibilidades de derrota são baixas.

        Eleições difíceis e apertadas como a que tivemos, são ganhas nos detalhes.

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        Publicado por Jonathan | 30 de outubro de 2016, 23:14
      • Correção: na lama a qual chafurda o partido

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        Publicado por Jonathan | 30 de outubro de 2016, 23:15
      • Jonathan,

        Não é mais fácil explicar dizendo que a campanha e o discurso do Edmilson foi incompetente (ou insuficiente) para unificar todos os votos que foram para a oposição ao Zenaldo no primeiro turno?

        Esta explicação é mais parcimoniosa do que tentar elencar vários fatores externos à condução da campanha. O Ed perdeu para o próprio Ed e não para fatores exernos. O primeiro turno teve mais de 500 mil votos contra o Zenaldo, dos quais 400 mil foram para partidos que se coligaram ao Edmilson.

        Os teus pontos 1 e 2 podem explicar porque os eleitores do Eder Mauro não foram para o Edmilson, mas isso já era esperado, não? Os teus pontos 3 e 4 são insuficientes para explicar a migração dos 30.000 votos da oposição para o Zenaldo.

        Sobre a ação dos pastores, isso é mais uma balela, pois os eleitores que são “influenciados” pelos pastores não votariam no Edmilson de qualquer forma.

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        Publicado por Jose Silva | 31 de outubro de 2016, 09:16
      • E o que eu elenquei não são erros do próprio Edmilson? Ele mesmo que escolheu defender o PT, aceitou o apoio do Maneschi e se enrolou em suas explicações. Você mesmo falou que o anti-petismo acabaria com o Ed e que o apoio de Maneschi faria as pessoas o associarem a Jader. Pois bem, você sabe como o velho Barbalho é execrado pela maioria do eleitorado belenense. Seu filho perdeu feio em Belém nas eleições de 2014.

        Você passou a eleição inteira desse ano dizendo que ela seria decidida pelos indecisos só no dia da votação. Pois bem, depois de um resultado apertado, alguma dúvida de que ela foi decidida pelos indecisos? Eles podem muito bem representar a maior parte desses 30 mil. Eu acredito que boa parte do eleitorado de Vidal ficou nas abstenções e votos nulos. Você foi um deles.

        No mais, várias pessoas votam em candidatos. Não ligam para coerência. Sendo assim, é perfeitamente normal que alguém que tenha votado em Vidal, Éder Mauro ou Maneschi tenha migrado para Zenaldo. Muitos que votaram na Marina em 2014 migraram para a Dilma ao invés de migrarem para o Aécio.

        No mais, errei ao resumir a derrota a esses 4 atos. Houve muito faz. Mas eu acho que os 4 devem ser levados em conta, especialmente o terceiro.

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        Publicado por Jonathan | 31 de outubro de 2016, 12:08
      • Corrigindo: houve muito mais.

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        Publicado por Jonathan | 31 de outubro de 2016, 12:10
  6. Sao vários fatores que contribuíram para a vitoria do Zenaldo.
    1. A competência do marketeiro Orly Bezerra e sua equipe, o cabra é muito bom, parabéns.
    2. A total entrega dos correligionarios tucanos na campanha, parabéns.
    3. A aversão da esquerda de grande parte do eleitorado.
    4. O apoio dos pastores evangélicos, isso ainda vai cobrar um preço lá na frente.
    5. O uso indiscriminado da maquina administrativa.
    Somando tudo isso: 30 mil votos de diferenca. Conclusao. A administracão do PSDB na capital é muito fraca e vai ser pior ainda.

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    Publicado por Hernani Filho | 31 de outubro de 2016, 07:54
    • Mas sendo franco, a campanha de Edmilson ajudou bastante no marketing do Zenaldo. A cada nova besteira cometida na campanha psolista, o marqueteiro tucano sabia tirar uma vantagem astronômica como eu apontei aí acima.

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      Publicado por Jonathan | 31 de outubro de 2016, 08:02
    • “2. A total entrega dos correligionarios tucanos na campanha, parabéns.”

      Isso é alguma brincadeira?
      Houve uma derrama de dinheiro no pagamento de desempregados ou sub para ficarem agitando bandeiras em Belém toda.

      A campanha de Edmilson foi totalmente voluntária.

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      Publicado por Proletário | 31 de outubro de 2016, 11:49
  7. Hernani,

    Um ponto absurdo foi a adesão dos Pastores à campanha de Zenaldo. Nas igrejas e eu faço parte de uma IEQ a mensagem era clara durante as pregações:

    Quem não votasse no Zenaldo estaria em desobediência (pecado)…

    Olhem que absurdo!

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    Publicado por Fabiano | 31 de outubro de 2016, 08:43

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