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Justiça, Política

Não há corrupto no judiciário?

A construtora Odebrecht precisou pagar milionárias propinas para conseguir contratos de obras junto ao governo federal, para superfaturar seus orçamentos, para ser favorecida por atos do executivo e do legislativo, e para se sair bem na justiça.

A empreiteira já entregou a relação dos nomes dos políticos, executivos e servidores que corrompeu para se favorecer da intermediação deles. Até agora, não citou um único nome de magistrado, embora raramente tenha perdido uma demanda judicial, embora acionada várias vezes nos tribunais. Competência? Sorte?

Eliana Calmon disse ao jornalista Ricardo Boechat, da revista IstoÉ, que “delação da Odebrecht sem pegar o judiciário não é delação”. Sem admitir estar insinuando que exista especificamente algum juiz corrupto em qualquer esfera do poder judiciário brasileiro, seu ceticismo é partilhado por qualquer pessoa com algum conhecimento sobre as investigações da Operação Lava-Jato.

Afinal, o executivo e o legislativo ficaram profundamente atingidos pelas delações da Odebrecht, que, pelo menos há três décadas, “ganha praticamente todas as ações na justiça”. No entanto, o judiciário “nunca toma uma posição contrária à empresa. Será que o judiciário é o mais correto dos poderes? Em todas essas inúmeras licitações que a Odebrecht já ganhou no Brasil nunca a justiça encontrou nada suspeito sem que precisasse alguém denunciar”, complementou a ministra em entrevista posterior à divulgação do seu entendimento.

Já foram delatados o presidente Michel Temer, o ex-presidente Lula, nove ministros e ex-ministros de Estado, 12 senadores e ex-senadores, quatro governadores e ex-governadores, 24 deputados federais, três servidores, dois vereadores e um empresário. No entanto, nenhuma denúncia contra integrante do judiciário. “É impossível levar a sério essa delação caso não mencione um magistrado sequer”.

Autoridade não falta à magistrada, baiana como a própria Odebrecht. Ela organizou e deu relevância ao Conselho Nacional de Justiça, o órgão de autocontrole do poder, que ela tornou conhecido – e admirado – nacionalmente. Não chegou ao Supremo Tribunal Federal, sendo aposentada pelo Superior Tribunal de Justiça. A aposentadoria não lhe tirou a lucidez sobre a atuação da justiça e a coragem de dizer o que pensa, mesmo quando, fazendo-se ouvir como voz solitária entre os seus, está muito bem acompanhada pela nação.

Discussão

8 comentários sobre “Não há corrupto no judiciário?

  1. oportuno. Há que balançar que os frutos podres cairão.

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    Publicado por valdemiro | 8 de janeiro de 2017, 10:27
  2. Segundo as notas e press-releases que são emitidas quase que diariamente pelas corporações que formam o judicário, o poder é totalmente imune à corrupção. Segundo estas narrativas, o judiciário brasileiro é formado apenas por servidores extremamente honestos que possuem uma vida bastante sacrificada para poder servir muito bem a população em geral. Levando-se em conta a felicidade geral da população para com os serviços prestrados, pressume-se que estas notas e releases retratam uma verdade cristalina. A ilustre jurista Eliana Calmon certamente deve ter se equivocado.

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    Publicado por Jose Silva | 8 de janeiro de 2017, 12:13
  3. Milagre! Milagre! O tal jesus cristo renasceu nessa turma.

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    Publicado por Luiz Mário | 9 de janeiro de 2017, 08:33
  4. Eliana no cnj condenou juízes envolvidos em desvio de verbas para a Maçonaria. Bancos, telefonicas e a Celpa fazem as Varas Cíveis do PA serem lentas porque são responsáveis pela grande parte das lides. Apenas um ínfimo número de pessoas são satisfeita com o judiciário que, obviamente, têm bons servidores. Ela teria se equivocado se vivesse na Suécia…

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    Publicado por Erick Matheus | 9 de janeiro de 2017, 18:56
  5. sou advogado. e todos sabemos a qntd de bandidos que tem no judiciário: juizes, desembargadores, oficiais de justiça e etc… tudo safado

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    Publicado por marcos | 11 de janeiro de 2017, 10:50

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