Nunca uma investigação esteve nas mãos de tantos delegados da polícia civil do Pará. São oito os designados para apurar as 28 execuções na mais recente e mais grave chacina praticada por milícias no Estado. Eles já instauraram 20 inquéritos. Mas não prenderam ninguém. Nem um único indiciado. Preso, portanto, zero.
O trabalho da equipe de delegados tem sido ver fitas de gravações por circuitos de vídeo nas ruas e prédios. A oitiva de testemunhas acabou. Encarando esse trabalho com o máximo de benevolência, é de se presumir que, quando esses delegados forem a campo, prenderão de uma só vez todos os que participaram dos assassinatos, mesmo que sejam policiais. Essa demora na apuração seria justamente para não prender e ter que soltar depois, por ordem da justiça, por instrução mal feita.
Mas e se essa falta de resultados for por incompetência ou omissão?
Foi a primeira hipótese suscitada pelo secretário de segurança pública no dia seguinte ao início do que ele admitiu ser a retaliação dos colegas da Rotam pela morte do soldado da PM Rafael Costa. Imediatamente o governador Simão Jatene, na sua única aparição desde as execuções em série, anunciou que ia pedir a presença da Força Nacional. Mas não pediu.
O anúncio volta a se repetir, com o acréscimo de que o pedido será formalizado antes do final desta semana, quando a matança terá completado duas semanas. Já não se sabe que o pedido será à Força Nacional, o que pode parecer inapropriado, ou à Polícia Federal, com capacidade operacional e traquejo para atuar em casos desse tipo.
O mistério é: por que tanto tempo para sair da conversa à ação? Quem souber da resposta terá a definição da marca do governo Simão Jatene.
Nesse caso, somente a Polícia Federal pode ajudar. Não creio que sairá algo a partir da investigação da polícia civil de nosso estado.
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Enquanto isso, o monstro cresce.
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