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Imprensa, Justiça, Política

O enterro do jornal

O depoimento do ex-presidente Lula ao juiz Sérgio Moro mereceu uma chamada lateral no pé esquerdo da primeira página da edição de hoje do Diário do Pará. Divido que algum jornal em todo Brasil tenha minimizado tanto o que aconteceu ontem em Curitiba.

Esse tratamento desidioso não é só um desrespeito ao leitor e a submissão do responsável editorial pelo jornal aos ditames dos donos, com interesses comerciais e políticos que se sobrepõem ao critério jornalístico, afrontado de forma tão primária. É um indicador de algo maior.

Jader e Helder Barbalho são dos políticos que, visados pela justiça, querem usar Lula como escudo protetor. Quanto mais o ex-presidente se impuser, mesmo à custa de rasteiras e tabefes verbais, mais os seus iguais estarão se distanciando dos braços da justiça. Proclamam o heroísmo e a inocência do petista, mesmo que não acreditem nela, para permanecer à sombra dele como iguais. Se Lula se safar, eles também escaparão.

Uma ampla aliança de acobertamento reúne o PT, o PMDB, o PSDB e todos os partidos que já têm seus quadros sob processo na Lava-Jato e em outras ofensivas anticorrupção. Sob essa perspectiva, entende-se a desimportância com que o jornal dos Barbalhos tratou uma questão que foi manchete em toda imprensa brasileira e destaque na imprensa nacional.

Com, a primeira página de hoje, o Diário do Pará se suicidou como jornal. O réquiem será rezado no momento aprazado.

Discussão

19 comentários sobre “O enterro do jornal

  1. Uma vez morto , o jornal o Diário do Pará deve passar ao controle coletivo dos jornalistas , ou seja, ao controle dos trabalhadores dos jornal .Deve se tornar uma empresa de domínio e gestão coletiva , expropriada dos Barbalhos , já que grande parte do capital econômico dos donos do jornal provém de verbas públicas , e a empresa sob esta direção e propriedade não tem dado a devida retribuição em termos jornalísticos que a sociedade paraense precisa e merece em termos de informação de qualidade .

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    Publicado por Marly Silva | 11 de maio de 2017, 15:58
    • Esse modelo, quando produziu algum resultado, não foi muito longe. O melhor exemplo, do Le Monde, o que mais perdurou, chegou ao fim. Os outros duraram muito pouco. Tentei com o Bandeira 3 algo parecido.O jornal durou sete números e fiquei por vários meses a pagar dívida. A imprensa no socialismo real, que supostamente coletiviza os meios de produção, foi um desastre completo. Em regime de partido único, a imprensa é chapa branca. Independentes, só os samizdats.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 11 de maio de 2017, 16:48
      • Quando foi sua experiência com o Bandeira 3, mestre? Já houve postagem aqui no blog a respeito? Esse breve relato enfraquece as esperanças de nos livrarmos desse duopólio maldito na terrinha…

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        Publicado por Marlyson | 12 de maio de 2017, 06:23
      • Foi em 1975, logo em seguida à minha volta de São Paulo. Ainda não escrevi aqui a respeito. O jornal era semanal, 24 páginas em formato tabloide (maior do que o Jornal Pessoal), aberto a publicidade e coletivo.

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 12 de maio de 2017, 08:19
  2. Lúcio,

    Acho que você está enganado. Esse jornal já morreu faz tempo. O que você vê na banca é apenas um espectro..

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    Publicado por José Silva | 11 de maio de 2017, 16:30
  3. Na verdade são os dois jornais, basta ver a cobertura on-line.

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    Publicado por Everaldo | 11 de maio de 2017, 16:44
  4. Os tempos mudam….

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    Publicado por Luiz Mário | 11 de maio de 2017, 18:12
  5. Que tal o liceu JP? Afinal, o homem tende ser mais importante que a marca…

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    Publicado por Luiz Mário | 11 de maio de 2017, 18:45
  6. Pelo visto, ninguém se interessa pela má sorte dos trabalhadores-jornalistas do Diário do Pará obrigados a submeter-se a essa politica anti-jornalismo do órgão de imprensa politico-partidário dos Barbalhos .
    Como podemos ser tão indiferentes a essa condição do jornalista ?
    Será que o problema no meu ponto de vista está na palavra ” trabalhador ” (rs) ?!

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    Publicado por Marly Silva | 11 de maio de 2017, 19:17
  7. Pois é , Lucio , mais do que nunca precisamos sonhar , imaginar, aventurar-mo-nos na perspectiva de um mundo outro .Novas formas de organização social, outras instituições e sociabilidades coletivas .Você é muito cético em relação a possibilidade de experiencias novas , ousadas e radicais .
    Não é porque não deu certo com o Le Monde e com o Bandeira 3 , que uma gestão coletiva do DP , não dará certo . Não é porque o socialismo de Estado não deu certo , que vamos desistir do socialismo , não é porque o comunismo dos partidos comunistas não deu certo , que vamos desistir da hipótese comunista, como nos lembra de forma entusiasta Alain Badieu , e olha que ele já tem 80 anos ,mas é capaz de sonhar este sonho e compartilhar sem timidez e reserva suas ideias . Como diz o ditado popular , não vamos jogar a criança fora junto com a água do banho , não é mesmo ?
    Acho que somos muito tímidos e retraídos em termos de imaginários políticos , estamos sempre raciocinando no enquadramento do modelo posto-imposto de cima para baixo , modelo dominante-determinado e flagrantemente fracassado , socialmente falando .

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    Publicado por Marly Silva | 11 de maio de 2017, 21:36
  8. Bacana

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    Publicado por Everaldo | 11 de maio de 2017, 22:29
  9. Falando em jornal, professor, e a capa do Liberal com a lista dos vereadodres que votaram contra o ar condicionado? Fim da lua de mel tucano-maioranal escancarou, ou algo a mais daquelas coisas que nem imaginamos?

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    Publicado por Marlyson | 12 de maio de 2017, 08:46
  10. Vante, sempre! Cara Marly Silva.

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    Publicado por Luiz Mário | 12 de maio de 2017, 11:26
  11. Avante, sempre! Cara Marly Silva.

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    Publicado por Luiz Mário | 12 de maio de 2017, 11:27

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