Joesley Batista é um dos donos e principal executivo de uma corporação que no ano passado faturou em torno de 300 bilhões de reais, como a segunda maior produtora de alimentos do mundo. Ele precisa negociar constantemente com o governo. Tem acesso direto à cúpula da administração pública, o que é até normal, considerado o seu peso econômico, que garante 250 mil empregos no Brasil e no exterior.
Na interlocução, o empresário reserva parte do seu tempo para apresentar argumentos e razões técnicas. Mas isso é apenas a cereja do bolo. Em essência, a negociação é decidida num toma lá dá cá: o empresário paga propinas milionárias a políticos, dirigentes de estatais e outros agentes, indo até o topo da hierarquia.
Joesley pode conversar com o presidente da república em horários nada ortodoxos. Na última vez, o dono do grupo JBS entrou na residência particular de Michel Temer às 10 e meia da noite de uma terça-feira. Tratou de temas nada decentes e morais sem ser interrompido pela maior autoridade pública do país. No diálogo íntimo, Temer se expôs ao enquadramento em vários crimes, que começarão a ser apurados em inquérito conduzido pelo Supremo Tribunal Federal.
Esse é o componente mais grave da série de danos que Joesley, seu irmão, Wesley, e mais cinco integrantes da corporação causaram ao Brasil com a divulgação de documentos que entregaram ao Ministério Público Federal, complementados por seus depoimentos.
O país entrou em estado de choque desde a noite de quarta-feira passada. Não se recuperou até hoje. Tenta identificar todos os bandidos, seus crimes, a extensão dos danos, a extensão da lama moral. Enquanto isso, a atividade econômica é mínima. O prejuízo diário pode ser medida em bilhões de reais.
O presidente da república vai responder a inquérito, pode ser cassado, punido criminalmente ou obrigado a renunciar. O senador Aécio Neves está a caminho da prisão, aonde se juntará à irmã, o centro de uma família que herdou sua fama por Tancredo Neves. Muitas cabeças no mundo político ainda cairão. Espera-se que, desta vez, a limpeza seja completa para que o país possa recomeçar do zero.
O detonador de toda essa tragédia nacional está em Nova York, depois de ter conseguido evitar a prisão numa penitenciária, a prisão domiciliar, a tornozeleira eletrônica e até o domicílio no próprio país. Negocia o pagamento do acordo de leniência, que pode chegar a mais de 11 bilhões de reais, superando o da Odebrecht, de R$ 7 bilhões, que era o maior do mundo.
Joesley conversou coloquialmente com quatro procuradores federais, que o trataram com toda cordialidade e respeito, mesmo quando relatava propinas de muitos milhões de reais, pagos na hora, com cinismo de quem acha que pode comprar o mundo inteiro porque todos são desonestos, têm seu preço.
O empresário que mantém o seu negócio, a despeito da massacrante burocracia estatal e da má fé de agentes públicos, é um autêntico herói. Mas Joesley Batista é o pior dos personagens dessa nova história de indignidades e abusos. O Ministério Público e a justiça, que negociam com o dono da JBS, deviam considerá-lo pelo que ele é: um gângster, agente extremamente nocivo do organismo nacional.
O que mais enoja: a comprovação dos crimes da corrupta elite, há muito cantada em prosa e verso por tantos artistas (Chico Buarque, Moreira da Silva etc.) ou a ingenuidade de uma classe média forjada no interior do saco escrotal dessa elite?
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Há notícia de que na véspera da visita dele ao Minstro Fachin e do noticiário das gravações Batista teria comprado quantia substancial de dólares, podendo fazer algum a custa de toda desgraça que ele mesmo causou. Dollar disparou e comodities afundaram com essa bomba.
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Esta e uma questão de extrema gravidade, que as autoridades precisam apurar e comunicar à sociedade. Os donos do JBS disseram que se não tivessem tomado uma iniciativa, perderiam um bilhão de reais. Quanto ganharam com a manobra especulativa com base na informação privilegiada que tinham? Parece que sempre agiram assim na bolsa, graças à enxurrada de propina paga a políticos e servidores públicos.
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Lucio,
Concordo com você. Agora sejamos um pouco lamarckistas. A JBS cresceu e expandiu a partir da ajuda de um dos governos mais corruptos do mundo. Se o ecossistema não estivesse ali prontinho para fazer a bandidagem prosperar, o Joesley não teria se tornado o que se tornou. Possivelmente ele estaria ainda cuidando dos seu gado lá no interior de Goiás. A meu ver a grande surpresa dessa história toda é ver o Lula, o arquiteto de todo esse sistema de criar empresas globais com farto dinheiro público para fins de corrupção, ainda longe das grades. Não somos mesmo um país serio, tal como falou, segundo dizem, um conterrâneo do Lamarck.
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A tão decantada meritocracia do jovem empresariado brasileiro dos meganegócios e do agronegócio revelou-se um mito : o que o movimento dos jovens juízes e da nova justiça tem revelado com suas operações extraordinárias e dever de oficio em ação , é que estamos diante do velho capitalismo selvagem não como resquício do atraso que se reproduz nas margens, na fronteira econômica de um Brasil contemporâneo avançado, mas a selvageria como centralidade , operando por dentro e comandando de dentro para fora do planalto central do Brasil , e dos grandes centros econômicos-financeiros do pais ; de grandes cidades que hoje concorrem ao titulo de cidade global.
É hora de reler ” O poder do atraso: ensaios de Sociologia da História Lenta ” de José de Souza Martins , é hora de reler Simon Schwrtzman [ Bases do autoritarismo brasileiro ] e Francisco de Oliveira [ Hegemonia às avessas] e tantos outros outros grandes sociólogos e cientistas políticos que há décadas vem denunciando o caráter oligárquico , patrimonialista ,clientelista , rentista , e corrupto do poder econômico-financeiro e politico no Brasil contemporâneo .Ou seja, uma roupa velha e suja de lama e de sangue para um tempo que pede para ser novo , diferente , melhor , muito melhor social e politicamente !
Mas quem lê sociologia do poder e da politica na escola ?Quem lê ciência politica na escola ? Que lê os clássicos da Ciência Social do Brasil nas escolas ?
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A Marly esta dando a oportunidade de boas leituras. Por gentileza, Marly, monte uma bibliografia para o nosso leitor entende melhor este Brasil que nos encanta, desafia e assusta.
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Pois é. Todos os três estiveram de alguma forma alinhados com os partidos que leveram o país a bancarota atual. O que aprenderam nos livros foi esquecido rapidamente. Nada surpreendente. Esquecimento de sociólogo faz parte da cultura brasileira.
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enquanto não houver leis que penalizem ( no bolso) os corruptores a corrupção continuará. Deixar sair do pais um corruptor confesso é incompreensível .
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É um absurdo.
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1. Joesley Safadão;
2. Hora de reler “A A Arte de Roubar”, de D. Dimas Camándula, (pseudônimo de Pedro Felipe Monlau (Barcelona, 1808 – Madri, 1871), publicado em 1844.
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Bem lembrado, Bernardo.
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“estamos diante do velho capitalismo selvagem não como resquício do atraso que se reproduz nas margens, na fronteira econômica de um Brasil contemporâneo avançado, mas a selvageria como centralidade , operando por dentro e comandando de dentro para fora do planalto central do Brasil , e dos grandes centros econômicos-financeiros do pais ; de grandes cidades que hoje concorrem ao titulo de cidade global.”; em outras palavras: bons costumes da tradicional família brasileira, base da cultura da corrupção?
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Caramba , Lúcio você não vai defender nem o professor José de Souza Martins das acusações levianas que lhe foram feitas aqui, no seu blog ?!
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Confesso que minha consciência não foi convocada à luta. Me ajude a corrigir meu erro, Marly: em quê e por quê eu deveria defender o Martins?
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Lucio, se você não viu nenhum problema no comentário feito por um internauta no dia 20 de maio às 12:08 , é porque você não viu , ponto . Fazer o que ?
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Desculpe, Marly. Estou mantendo o blog no sacrifício, por doença, no empurrão. Pode repetir o comentário?
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