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Justiça, Política

O dono da delação

Os guardiões das instituições estão destruindo, “como nunca antes”, as instituições brasileiras. Nesse processo não há inocentes nem ingênuos. O que há é muita violação das regras legais e das normas éticas e morais. O interesse superior do povo, o destinatário das ações institucionais, não conta nessas tramoias.

Como e quando elas começaram? Quem lhes deu partida? De que maneira elas conduziram o país à crise das crises sucessivas que tem vivido desde o começo da Operação Lava-Jato, três anos atrás?

Quem colocou o bode na sala foi Joesley Batista. Ele queria fazer delação premiada. Mas não queria ser preso. Nem devolver o que roubou. Nem sofrer qualquer prejuízo.

Como conseguiria essa façanha se o principal dos delatores até então estava na cadeira, `Marcelo, o terceiro dos Odebrecht à frente daquela que, sob o PT, Lula em particular, se tornou a maior empreiteira do país? Como não ter prejuízo se a construtora aceitou pagar 7 bilhões de reais em 23 anos, no maior acordo de leniência da história mundial, colocando no chinelo empresas dos Estados Unidos, do Japão, da Inglaterra ou da França?

Para conseguir a delação realmente premiada, Joesley não foi a Curitiba, base da força-tarefa da lava-Jato, nem a São Paulo, sede da sua empresa. Foi ao gabinete do chefe do Ministério Público Federal em Brasília. Rodrigo Janot endossou o plano que lhe foi apresentado pelo empresário. As provas que iria produzir, sob as bênçãos do Procurador Geral da República, abalariam os alicerces da república com mais intensidade do que os documentos de que ele já dispunha.

Em março, dois meses depois de começar as tratativas para a delação, o dono do grupo JBS começou a produzir provas contra os seus alvos, com o acompanhamento do ministro Edson Fachin e do procurador Rodrigo Janot. Completou o trabalho com a aliança da Polícia Federal, através da ação controlada, que flagrou a entrega de dinheiro de propina, induzida pelo próprio empresário.

Produzido o material, ele ficou livre para viajar para os Estados Unidos, deixando atrás de si o maior questionamento já feito na era da Lava-Jato. Tudo porque a delação da gangue da JBS diferiu totalmente de todas as anteriores, à margem de tudo, inclusive da lei.

Por que esse absurdo se tornou possível? É a questão que cabe ao povo cobrar, já.

Discussão

3 comentários sobre “O dono da delação

  1. Dizem que o Temer aceitou renunciar, desde que ele não seja preso. Não sei se é verdade. Será que haverá uma nova delação premiada? Desta forma, será uma delação presidencial.

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    Publicado por José Silva | 23 de maio de 2017, 08:55
  2. “Nesse processo não há inocentes nem ingênuos.”, nada cai do céu ou brota das profundezas do inferno, por óbvio…

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    Publicado por Luiz Mário | 23 de maio de 2017, 10:24
  3. O Joesley é tão corrupto quanto quem se envolveu com ele, mas ele virou a mesa. Quem mais poderia virar? Estão todos na defensiva e esse é um indício de que erraram, ou por não saber se defender ou porque a defesa é fraca.

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    Publicado por Manoel de Jesus Palheta Aragão Filho | 23 de maio de 2017, 14:49

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