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Ecologia, Estrangeiros, Multinacionais, Política

A chuva do governador

Chuva intensa sobre Barcarena pode ser considerada como “fato novo”? O governador Simão Jatene, paraense de Castanhal, acha que sim. Na entrevista que deu na sexta-feira, 23, atribuiu à chuva intensa os problemas com a lama vermelha da Hydro, que vazou e transbordou, contaminando solo e água por onde passou.

O governador argumentou que em todo mês de fevereiro de 2017 as chuvas somaram 440 milímetros. Em 22 dias do mesmo mês neste ano o volume foi de 696 mm. Em uma única semana, choveram 493 mm, mais do que nos 28 dias de fevereiro do ano passado.

Muita chuva realmente. Mas nunca choveu tanto nessa região. de precipitações sempre abundantes, acima da média nacional? Em 2009 e 2013 houve problemas sérios com as chuvas. Não foi o bastante para a Hydro melhorar o seu sistema de tratamento dos resíduos da produção de alumina?

A chuva não muda, ou ao menos não mudará a curto e médio prazo (se o homem não atrapalhar, nem a longo prazo). Logo, quem precisa se ajustar é a empresa, não a natureza.

Não se esperava que o governador do Pará cometesse um desatino desses, que parece pretender minimizar a enorme culpa da multinacional norueguesa.

Discussão

32 comentários sobre “A chuva do governador

  1. Ou a empresa deve estar cobrando os bons serviços prestados no passado? Ou esse é um ato de defesa dos seus secretários? Qual a sua hipótese?

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    Publicado por Jose Silva | 25 de fevereiro de 2018, 19:07
  2. Por que o blog não está aceitando meus comentários?

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    Publicado por Rosa Carla | 25 de fevereiro de 2018, 20:07
  3. “Está terra nos deu o alumínio, e nós levamos esse alumínio para o mundo.”
    “Nós, juntos, por você, por mim, pela vida, pelo futuro…Hoje, amanhã, para sempre.”

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    Publicado por Everaldo | 25 de fevereiro de 2018, 21:59
  4. É isso , Everaldo . Sempre haverá um grande artista e um grande publicitário dispostos a vender sua imagem , seu talento e seus serviços para uma multi, uma grande , uma mega destruidora de vidas comunitárias e suas naturezas vivas e pulsantes , na periferia do sistema capitalista …tanto faz ser um serviçal de fama global ou local dá no mesmo .

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    Publicado por Marly Silva | 25 de fevereiro de 2018, 23:02
  5. (1ª parte)
    Anos atrás havia estudos para transformar a “lama-vermelha” em artigos de cerâmica para a construção civil, como telhas, tijolos, lajotas etc., porém parece que a temperatura de cozimento capaz de eliminar a soda cáustica teria de ser elevada demais, exigindo fornos caros e dispendiosos, inviabilizando economicamente o projeto. Não se venderia telha nem tijolo a, suponhamos, 2.000 reais o milheiro, para tornar o negócio autossustentável. Houve estudos da própria empresa (Alunorte), estudos independentes e, inclusive, pela UFPA. E não mais se ouviu falar.
    Embora de fato os custos para produzir artigos de cerâmica sob altíssima temperatura deva ser um impedimento ao projeto, creio que os riscos decorrentes do acúmulo da “lama” ao longo dos anos poderá gerar mais riscos e concretos danos sócio-ambientais muito mais elevados em caso de extravasamento das piscinas, com prejuízos muito maiores à empresa e à população, com custos de recuperação maiores que o próprio custo de aproveitamento do material.

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    Publicado por Rosa Carla | 25 de fevereiro de 2018, 23:06
    • (2ª parte)
      A sociedade organizada, ao invés de somente ficar tecendo críticas e acusações “de orelhada” à Hydro (que fique claro que não a defendo nesta ocasião), deveria pensar em soluções mais efetivas, como um projeto de lei de incentivos fiscais para a redução específica dos impostos e custos de produção de cerâmica e aproveitamento do rejeito. Os benefícios de longo prazo poderiam viabilizar a tão sonhada sustentabilidade, com menos riscos de danos ao meio ambiente e à população. Todos sairiam ganhando numa espécie de parceria de interesses recíprocos e equilibrados. A empresa não seria constantemente multada pela incompetência em gerir seu maior problema (o rejeito), e, com incentivos fiscais, poderia exercer sua atividade com um grau elevado de prevenção e confiabilidade, com mais segurança ao meio ambiente.

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      Publicado por Rosa Carla | 25 de fevereiro de 2018, 23:07
      • O que se precisa no momento é criar meios para o desenvolvimento econômico, corrigindo os equívocos do passado, repensando a cultura de que a atividade econômica, somente por implicar em lucro e riscos à sociedade, deve ser tratada como uma atividade delinquente, e passarmos de forma inteligente a tirar proveito das riquezas do País.

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        Publicado por Rosa Carla | 25 de fevereiro de 2018, 23:17
      • Com a palavra, a bancada federal.
        Ufa! Consegui comentar.

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        Publicado por Rosa Carla | 25 de fevereiro de 2018, 23:18
      • Valeu a pena esperar, Rosa. Excelente contribuição.

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 26 de fevereiro de 2018, 15:24
      • Rosa,

        Bom ideia, mas dar mais incentivo fiscal para uma atividade que já usa milhões de reais em incentivo fiscal não é sustentável. Reciclar o seu próprio lixo e reduzir significativamente qualquer efeito negativo sobre a sociedade é obrigação da Hydro, se, caso, ela seguisse, de verdade, o conceito de capitalismo responsável proposto pelos noruegueses.

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        Publicado por Jose Silva | 26 de fevereiro de 2018, 08:07
      • Leia-se Boa ideia..

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        Publicado por Jose Silva | 26 de fevereiro de 2018, 10:28
      • Pode ser, José Silva. Não tenho como dizer da equação de incentivos, quem sai ganhando, quem sai perdendo, se o jogo está empatado. Mas não se trata só de dinheiro. A burocracia é infernal. Para se conseguir uma licença prévia é coisa de outro mundo (e muita corrupção pelo meio). Porém, de outro lado, esses incentivos fiscais devem ter sido fator decisivo para a empresa instalar seu parque industrial aqui.
        Bem, não acredito que a Hydro não pague um tostão de imposto como anunciou na RBA a deputada Alcione Barbalho, que me pareceu mais querer fazer palanque para o povo mais humilde.
        Temos de ser espertos e tirar proveito da Hydro, ganhar dela em inteligência.
        O aproveitamento da “lama” foi apenas uma ideia que tive para discutir com os amigos. Os estudos devem ser levados a sério. Afinal, a “lama” não vai desaparecer com o tempo. Vai cada vez aumentar, aumentar, aumentar…
        Ao invés de as autoridades e políticos ficarem com essa raivinha boba da empresa, com tanta gente tola bradando slogans contra o capitalismo, deveríamos (por nossas autoridades) fazer pressão para que a empresa desse uma nova finalidade para seu rejeito.

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        Publicado por Rosa Carla | 26 de fevereiro de 2018, 11:40
      • Rosa,

        É tudo uma questão de liderança. Se a empresa fizesse o que se espera dela — ser responsável e cumprir a lei — já estaríamos ganhando. Infelizmente não é o que vê e nem o que se viu. Empresas responsáveis socialmente são proativas e resolvem os problemas antes deles aparecerem. POr este e outros episódios, está claro que a direção da Hydro de Barcarena não está no nível de capacitação exigida para uma empresa deste porte.

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        Publicado por Jose Silva | 26 de fevereiro de 2018, 18:01
      • Com todo respeito José Silva, você não conhece o problema, nunca visitou o parque da empresa, não viu a tecnologia empregada, e parece não saber dos esforços para armazenar a “lama-vermelha”. Além de tudo, a ausência do próprio poder público fiscalizador, que se omite inclusive quanto à ocupação desordenada do entorno do parque industrial. Certamente, a culpa da empresa é objetiva, mas deve ser responsabilizada somente após comprovado o nexo de causalidade com o dano sofrido por quem de direito.
        O que tem de ser feito agora é investigar. Fazer contraprova do laudo do Evandro Chagas, para se chegar o mais próximo possível do que aconteceu (e se aconteceu – ou você confia em tudo que sai na imprensa?), e só então responsabilizar quem de direito. Mas você já saiu acusando e condenando, e não é assim que se faz justiça. Não dá para resolver problemas antes ‘de’ eles aparecerem, ok? Afinal, a atividade mineradora implica riscos. O que importa é saber se houve prevenção ao que poderia ser previsto conforme estado da técnica e da legislação ambiental, ou se se trata de um caso extraordinário, de um período atípico de chuvas. Nenhum sistema é perfeito, e toda atividade humana implica em riscos que devem ser considerados. Por hora, o que importa é saber se houve realmente vazamento e apurar os danos concretos, responsabilizando-se objetivamente a empresa, para que indenize os prejudicados, na medida de sua culpabilidade.

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        Publicado por Rosa Carla | 26 de fevereiro de 2018, 18:49
      • Rosa Carla, agora mesmo no jornal RBA local, a empresa de comunicação dos Barbalho fazendo uso político da situação em Barcarena, com o “ministro da integração” posando de bom mocinho perante aquela gente humilde, visando as eleições, logicamente. é muito cinismo.
        Iran Lima, aquele que destruiu Moju, segue no rastro para ser promovido na TV por ser aliados político da notória família, todos se aproveitando da situação. Só criticam. Só se aproveitam. Cínicos dos infernos. Não oferecem nenhuma solução e se julgam inculpáveis. Mas se investigarem a fundo, vai aparecer um dedo dos Barbalho nessa história toda de longa data, gente que gosta de ganhar dos dois lados.

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        Publicado por Anônimo | 26 de fevereiro de 2018, 19:27
      • Legião ambígua que ganhou recentemente um grande reforço, maioral, não é?

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 26 de fevereiro de 2018, 20:34
      • Rosa,

        Concordo com você sobre os próximos passos: investigar e culpar a quem de direito. Infelizmente a empresa é reincidente e segundo consta nunca pagou as multas aplicadas por um acidente anterior. Além disso, o laudo da contaminação foi emitido pelo Evandro Chagas, uma instituição acima de qualquer suspeita. Desta forma, por seu histórico, a Hydro e seus antepassados neste negócio não inspiram confiança. Por fim, quando bem feitos, os sistemas modernos de controle e contenção de resíduos são muito eficientes. Eles só falham quando a empresa não os mantêm na qualidade necessária.

        Sobre o aproveitamento político do caso pelos Barbalhos…é apenas mais uma barbalhice que ninguém leva a sério.

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        Publicado por Jose Silva | 26 de fevereiro de 2018, 21:54
  6. Cara Marly,

    Não seria a oportunidade de refletir sobre o trabalho da ciência a serviço do crime?

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    Publicado por Luiz Mário | 26 de fevereiro de 2018, 09:36
  7. Dúvida

    Em comentário, de outra postagem, foi aventada a possibilidade da troca do secretário de segurança pública estar relacionado com este caso. Será?!

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    Publicado por Luiz Mário | 26 de fevereiro de 2018, 10:28
  8. Em se tratando de Pará, a atitude submissa do Jatene não impressiona.
    Sempre fomos uma terra espoliada com capachos do governo ainda defendendo o indefensável.

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    Publicado por SANDERSON ARAUJO | 26 de fevereiro de 2018, 17:15
  9. Qualquer estudante primário sabe que existe a meteorologia e climatologia, para justamente nos dar segurança em empreendimentos de porte.
    A UFRA e o Instituto de Meteorologia, entre outros, possuem séries hist´ricas de quase cem anos dos indices pluviométricos, temperatura e pressão em vários lugares de nosso Estado, e as classificações climáticas de cada sub-região.
    Portanto, chuva não é desculpa, pois todos os empreendimentos como a Hidro e institutos, como o extinto Idesp, sabem o balanço hídrico que lhes daria condições de se precaverem contra períodos chuvosos como os atuais.
    Desculpa de amarelo é comer barro.

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    Publicado por JAB VIANA | 26 de fevereiro de 2018, 18:35
  10. Aha!

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    Publicado por jjss555 | 26 de fevereiro de 2018, 19:23
  11. Qual ética científica vigora sob a ditadura da corrupção, consolidada a partir da sociologia da corrupção?

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    Publicado por Luiz Mário | 26 de fevereiro de 2018, 23:14
  12. Tá “serto”, José.

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    Publicado por Luiz Máriio. | 27 de fevereiro de 2018, 18:45

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