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Política

E o dia depois?

Não sei se o fato acontece pela primeira vez, mas é, no mínimo, inusitado. Um presidente da república recebe a confirmação da sua vitória para a presidência na sua casa. Sua primeira reação é transmitida informalmente por vídeo, pela internet, de forma simplória, rústica. Ele fala de improviso. Discursa para os seus aguerridos militantes, seguindo um raciocínio errático e tosco. Repete os mantras, as palavras de ordem, os gritos de guerra, os anátemas e algumas das barbaridades e primarismos da campanha eleitoral, como se ainda fosse apenas o candidato, não o presidente já eleito do 5º maior país do mundo.

Em seguida, de forma meio anárquica, lê um texto escrito, ordenado logicamente, compondo uma plataforma de governo apresentada à nação através de uma rede de imprensa, ainda na sua casa, no meio de um ambiente doméstico, como se tivesse sido aprovado para algum clube social ou recebido um título benemérito qualquer.

O primeiro momento pode ser entendido com o arremate de uma campanha presidencial sem paralelo na história republicana, superando, nas suas características formais, a que levou Fernando Collor de Mello à presidência, em 1989. Jair Bolsonaro só conseguiu chegar ao posto de capitão em 17 anos de carreira nas fileiras do Exército. Em 28 anos seguidos no exercício de sete mandatos de deputado federal, parecia condenado a ser uma exótica peça decorativa no parlamento – uma anomalia, talvez até uma aberração.

Ferido a faca durante um ato público, se tornou o primeiro candidato a presidente do Brasil a sofrer um atentado político. Foi submetido a duas operações delicadas, com risco de morrer. Permaneceu hospitalizado por três semanas e ausente da campanha de rua e dos debates eleitorais.

Ao longo de dois anos de perseguição ao objetivo de ser presidente da república, quando muito, poderia chegar a ser um novo Enéas. Seu partido não acreditou que esse projeto pudesse ter viabilidade. Ele teve que percorrer um rosário de legendas até encontrar uma sigla inexpressiva, o PSL, às vésperas da corrida oficial ao posto máximo do país.

Sem tempo na propaganda eleitoral oficial, recorreu às redes sociais, se apresentando como uma ousada alternativa ao establishment – não só de esquerda, mas também de centro-direita. Atraiu para si a insatisfação, a indignação e a raiva da maioria dos brasileiros com o desrespeito, o alheamento e os maus tratos que vinha sofrendo pela dominação dual de PSDB e PT. Com sua obsessão pela hegemonia no exercício do poder, os dois partidos mais afins do espectro político se engalfinharam, se sabotaram e criaram o caldo de cultura para um líder sebastianista.

Com todos os erros e absurdos, a campanha de Bolsonaro chegou à vitória, com 11 milhões de votos a mais do que a do adversário, Fernando Haddad,, depois de quase 14 anos seguidos de PT no governo, apesar da conjunção de fatores que prenunciava a sua derrota. O pronunciamento de improviso foi o último ato de campanha do mais qualificado e esperto líder da nova extrema direita no Brasil. Ele foi eleito pelo seu extremismo. Encerrado assim o rito de passagem?

Responde afirmativamente o discurso lido. O truculento, preconceituoso, violento, antidemocrático e primário Bolsonaro chegou ao fim com mais uma arenga totalitária, a derradeira. O presidente da república eleito abandonou as ameaças insensatas e as ideias impraticáveis e prometeu governador com a constituição, acatar o regime democrático, respeitar a liberdade, administrar com responsabilidade, economizar nos gastos do governo para reduzir a dívida bruta, ampliar o superávit primário, reduzir os juros, apoiar a atividade produtiva.

Tudo isso para valer, de verdade, legitimado por uma metamorfose real? A pergunta ainda não tem resposta. Nem a favorece o ritual religioso que se seguiu, com uma invocação puxada pelo deputado Magno Malta, derrotado na busca por um lugar no Senado. Pareceu uma entonação de horda, incoerente com a necessária pacificação nacional, que o presidente eleito poderia começar a antecipar, estendendo a mão aos que não votaram nele e o combateram, frequentemente com ódio e repulsa.

O derrotado também não se permitiu o mínimo de civilidade e elevação política para reconhecer a vitória do adversário no seu discurso, também partidário e sectário, ou numa comunicação pessoal ao vitorioso, desarmando as hordas. Ao ressaltar a coragem como a herança dos antepassados, que utilizará a partir de agora, na oposição, Fernando Haddad disse que esse empenho será feito para defender “a nossa democracia”, do PT, portanto, não o modelo universal de democracia, edificado com tantos custos – materiais e humanos – pela cultura ocidental.

O aditivo de Haddad faz lembrar a democracia “à brasileira” ou “social”, com seus complementos artificiais, que os comandantes do regime militar adicionavam para tentar fazer passar por democracia o que dela só existia como formalidade oca, vazia, desnaturada. Uma democracia utilitária que impediu Haddad de admitir os erros do PT, personificados pela presença ao seu lado de Dilma Rousseff, e o fez voltar ao bordão da injustiça na prisão de Lula, que ele abandonara, por orientação do próprio Lula, na remodelação do seu perfil rejeitado para aproximá-lo da maioria do colégio eleitoral, que acabou ficando com Bolsonaro.

A se manterem as posições assumidas pelos dois grupos antagônicos no momento imediatamente seguinte ao resultado do 2º turno, o Brasil continuará conflagrado.

 

Discussão

93 comentários sobre “E o dia depois?

  1. E a Casa-Grande vai ao êxtase.

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    Publicado por Luiz Mário | 28 de outubro de 2018, 22:04
    • É muito fácil ser maniqueísta destruindo e aparelhando o Estado e depois vir utilizando reducionismos sr. Luiz Mario.

      Casa Grande é Lula..

      As certezas sobre os crimes do PT são muito maiores do que as incertezas sobre qualquer governo de Jair Bolsonaro.

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      Publicado por Celso. | 29 de outubro de 2018, 08:51
  2. Lúcio, excelente sintese. Pindorama continuará dividida, até que pelo menos o Bozo mostre alguma coisa útil.

    Sabemos muito bem o que o Bozo é. Ele nunca escondeu isso de ninguém. Como qualquer político ele quer se manter no poder. Por isso vestiu a carapuça de democrata e liberal para tentar viabilizar o seu governo e assim se perpetuar no poder. Ele terá que controlar os seus ímpetos fascistas. Veremos até quando ele conseguirá segurar-se.

    Sobre o Haddad, ele teve uma atitude triste. Deveria ter ligado para o Bozo para cumprimentá-lo pela vitória. A grande questão é se o Bozo atenderia a ligação. Nunca se sabe.

    De modo geral a vitória do Bozo não foi tão grande como os bolsonaristas esperavam. Isto deve ter ligado o alerta do seu bunker. Para se viabilizar politicamente ele deve adotar um tom moderado. Ou seja, ele já foi enquadrado pelo centrão e outros membros do status quo. A tal independência foi só para ganhar a eleição.

    O grande desafio do Bozo será compatibilizar o liberalismo do Paulo Guedes com os benefícios bilionários que os seus apoiadores ganham do governo na forma de subsídios. Já há indícios de racha no bunker. Vamos ver o que ele fará.

    Estes quatro anos serão um desafio constante para a frágil democracia brasileira.

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    Publicado por Jose Silva | 28 de outubro de 2018, 22:10
  3. Lúcio, passei o dia sem internet. Recebe o meu abraço de solidariedade pela críticas injustas e debochadas que foste vítima. A divergência é saudável mas o ataque pessoal é inaceitável.
    O discurso do Haddad foi de um estrategista sem dignidade. O que ele quis demonstrar, me parece assumir ser o novo líder das esquerdas. Faltou-lhe um minimo de elegância para cumprimentar o vencedor.
    O Bonner citou uma frase dita pelo Senador John MC Cain ao término das eleições entre ele e o vencedor, Barak Obama. ” Há pouco, éramos adversários, agora ele é o meu Presidente”.
    Li acima, os comentários do José Silva, um dos excelentes e equilibrados frequentadores do blog. Pretendo comentá-los, amanhã,mas desde já a ele faço um apelo; dê ao Bolsonaro, o “benefício da dúvida.”

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    Publicado por Ronaldo Passarinho Pinto de Souza | 28 de outubro de 2018, 23:58
    • Ronaldo,

      Obrigado. É claro que o novo presidente terá o benefício da dúvida. Ele precisa demonstrar para os 89.5 milhões (ou seja, 60.8% dos eleitores aptos a votar) de brasileiros e brasileiras que não votaram, votaram nulo, votaram em branco ou votaram no adversário dele que ele será capaz de governar o país com o mínimo de civilidade. Até agora o discurso dele na internet mostrou que ele não tem a mínima elegância e compostura para o cargo. Continua, tal como você mesmo descreveu, um boquirroto. Espero que ele mude e se torne, digamos assim minimamente “presidenciável”.

      Sobre o McCain ele sim elogiou o Obama. Ambos cavalheiros, educados e bem preparados para serem presidente. Em contraste,o McCain negou apoio, até a sua morte, ao Trump, mesmo ele tendo sido eleito pelo seu próprio partido. Como sabemos o Trump é o ídolo do Bolsonaro.

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      Publicado por Jose Silva | 29 de outubro de 2018, 06:09
      • Mas sr. José:

        Gostaria de saber qual elegância ou compostura possuíam Lula e Dilma ?. O problema não fora este. Fora sim serem criminosos, quadrilheiros. Um monte de presos condenados!!.

        Fora PT!!.

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        Publicado por Cabano.. | 29 de outubro de 2018, 08:54
      • Caro Cabano,

        Não há dúvida sobre a falta de compostura ( e outras coisas) do Lula e Dilma quando presidentes.

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        Publicado por Jose Silva | 29 de outubro de 2018, 09:24
  4. Vejo Bolsonaro muito parecido com Collor e Jânio Quadros. Presidente eleito com o marketing da época – Jânio Quadros ia aos comícios com o paletó amarrotado e a gravata desarrumada -; partido pequeno, espectro político de centro a direita; o velho discurso da direita de “varrer” a corrupção, também o discurso moralista; se diz diferente dos políticos tradicionais; se diz independente do Congresso Nacional – o que na prática não existe! Pode ser que, como Jânio Quadros, “jogue” ao mesmo tempo, com as elites e o povão. E pode ser que como Jânio Quadros e Collor, sem apoio no Congresso Nacional, não se sustente no governo.

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    Publicado por George Hamilton Maranhão Alves | 29 de outubro de 2018, 00:12
    • Perfeito.

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      Publicado por Everaldo | 29 de outubro de 2018, 00:52
      • é e o que falar do discurso do “professor Haddad” só falou pra sua militância magoa ódio e em 2022 estamos de volta até o Merval pereira falou que ele Haddad não aprendeu nada e olha que ele é professor mas esperar o que de um Petista

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        Publicado por luiz carlos | 29 de outubro de 2018, 01:06
      • O Congresso brasileiro sempre esteve à venda pois o Poder Executivo tem meio$ para comprar-lhe. É por isto que Temer está solto ainda e Aécio escapou.. A questão é pagar o quantum para comprá-lo ou não.

        Color achou desnecessário e caiu, por querer a cunhada, não por ser desonesto. Jânio quis dar um auto golpe e caiu por falta de apoios.

        Mas não me parece haver comparação. Bolsonaro se não inventar, nem fizer muita coisa ruim, dado o descalabro em que vivemos, será aclamado. Helder idem. Depois de Jatene…. .

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        Publicado por Cabano.. | 29 de outubro de 2018, 08:58
    • Meu caro, o sr. Bolsonaro tem a segunda maior bancada da câmara e tem a maioria. É até possível que ele seja um fracasso. Porém, ele tem tudo pra dar certo.

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      Publicado por Leonardo Bruno Fonseca de Oliveira | 30 de outubro de 2018, 14:22
  5. A vitória de Bolsonaro abre uma porta da esperança para começar um trabalho novo no Ministério da Saúde, livrando a população da máfia que se instalou e que controla a política de medicamentos segundo critérios bem conhecidos dos governos anteriores: propinas, proselitismo político, influência de grandes corporações, etc. É possível que seja restituída a permissão para o uso da fosfoetanolamina, que se (ainda) não foi provada como 100% curativa do câncer (e os atuais tratamentos também não são), pelo menos aliviou as dores de centenas de pacientes que testemunharam o fato. A proibição da fosfoetanolamina é um dos muitos absurdos do MS. Outro brutal equívoco do MS/ANVISA foi o fechamento de laboratórios que há décadas produziam fitoterápicos; ao mesmo tempo em que universidades estrangeiras levam as nossas plantas medicinais para serem estudadas na europa, na ásia e nos Estados Unidos, onde o interesse é enorme.

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    Publicado por J.Jorge | 29 de outubro de 2018, 03:04
  6. Helder Barbalho (que tem idade e poderá um dia também ser eleito presidente) deve pensar muito no que poderá ser o seu governo após o furacão que varreu o PSDB do Pará. Milhares de pessoas sofrem agravos de saúde, inclusive em estágios avançados, por não terem dinheiro para custear o pré-operatório (que o estado não disponibiliza porque ou o equipamento está quebrado ou não existe convênio com a rede privada). O pobre sabe muito bem que, “sem conhecimento” fica dificílimo ser atendido eletivamente naqueles hospitais que o Jatene inaugurou.

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    Publicado por J.Jorge | 29 de outubro de 2018, 03:28
  7. Caro Lúcio,
    O que pouco vejo em seus comentários é a referência à vontade popular, o que parece ser pouco levado em conta. Da mesma forma que o povo e, apenas ele, elegeu Bolsonaro, esse mesmo povo pode sim ir pra rua.
    No mínimo, Bolsonaro recebeu o crédito da dúvida, da aposta feita em busca de um Pais melhor, por parte de cada um de seus eleitores.
    E entendo que isso deveria ser levado em conta, e não apenas exercícios de futorologia com pré conceitos e análises rasas sobre o Bolsonaro.
    Fica parecendo que os 57 milhões de brasileiros que elegeram o novo presidente, o fizeram como um rebanho desgovernado.
    Acho que essa vontade soberana dos eleitores deveria ser levada em conta.

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    Publicado por João Lobato | 29 de outubro de 2018, 04:33
    • João,

      Como eu mostrei lá em cima, a maioria dos eleitores aptos a votar (60.8%) não votaram no Bolsonaro. Portanto, ele precisa conquistar esta fatia dos brasileiros mostrando-se capaz de governar para todos. Até ele mostrar resultados concretos, a dúvida permanecerá, pois o programa de trabalho dele é ambíguo em varias coisas e ele não participou de bastante debates para justificar seus pontos de vista.

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      Publicado por Jose Silva | 29 de outubro de 2018, 06:14
  8. “Fernando Haddad disse que esse empenho será feito para defender “a nossa democracia”, do PT, portanto, não o modelo universal de democracia, edificado com tantos custos – materiais e humanos – pela cultura ocidental.” (Lúcio)

    Desonesto eu sei que o Lúcio não é.

    Então, só há uma explicação: o Lúcio ficou doido! Doido de pedra!

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 29 de outubro de 2018, 08:16
  9. Lúcio: “O derrotado também não se permitiu o mínimo de civilidade e elevação política …”

    A verdade: Nem o Bolsonaro citou Haddad, nem o Haddad citou Bolsonaro.

    Está faltando um mínimo de civilidade ao Lúcio, completamente dominado pelo antipetismo doentio.

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 29 de outubro de 2018, 08:21
  10. Só se poderia dizer que Haddad se recusa a “reconhecer a vitória do adversário”, se ele não se submetesse ao resultado das urnas, como ele expressamente se submeteu, ao contrário do que fez o Aécio, e do que, aliás, Bolsonaro disse que faria, se as urnas lhe fossem desfavoráveis.

    Preventivamente Bolsonaro cuidou de levantar e disseminar suspeitas sobre as urnas eletrônicas, o TSE e o STF, já preparando o caminho a ser seguido, caso as urnas não lhe fossem favoráveis.

    Mas claro que não se pode esperar um mínimo de serenidade, numa análise do Lúcio que, de algum modo, envolva o PT.

    Não que o Lúcio seja desonesto, como todos sabemos que ele não é. É que o Lúcio ficou doido. Só isso.

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 29 de outubro de 2018, 08:33
    • Doido é quem continua petista mesmo depois de todo o que a Lava Jato mostrou… .

      È melhor aceitar Amigo. Ouça o Zé Dirceu.Eles venderam-se mesmo.

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      Publicado por celso.. | 29 de outubro de 2018, 09:01
    • Elias,

      Menos. Submeter-se aos resultados das urnas significa, conforme a tradição republicana, ligar ao vencedor e dar parabéns pela vitória. Haddad não fez isso. Feio, muito feio. Desta forma, se há alguém doido aqui não é o Lúcio.

      É verdade que os bolsonaristas inventaram histórias sobre as urnas eletrônicas. Fui mesário ontem e muitos eleitores bolsonaristas chegaram com este medo e receio. Tudo resultado das fake news e do idiotismo espalhado por este sistema macabro atual de fazer política. Expliquei como o sistema funcionava para cada um e eles votaram confiantes e saíram felizes. Festa da democracia, tal como deve ser.

      O sistema eletrônico de votação no Brasil é um dos melhores do mundo. Obra e arte tupiniquim. Quem fala outra coisa bom sujeito não é, ou é ruim da cabeça ou simplesmente mal intencionado.

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      Publicado por Jose Silva | 29 de outubro de 2018, 09:35
  11. Celso, estou falando de Tratado de Tordesilhas e tu estás entendendo tarado atrás das ilhas.

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 29 de outubro de 2018, 09:28
  12. Eu tinha dito que não faria considerações de ordem pessoal sobre o Lúcio. Todavia, como ele fez a meu respeito, acho que fico livre para fazer isso dele.

    Mas, ao contrário do que ele fez comigo, jamais o acusarei de má fé, desonestidade ou coisa assim, porque sei que ele não é desonesto, assim como acho que ele sabe que não sou, o que me autorizaria dizer que ele age de má fé, ao dizer que agi de má fé com ele.

    Não farei isso. Por mais uns poucos dias, continuarei a criticá-lo, tomando por base, estritamente, aquilo que ele escrever. Como não acredito que ele aja de má fé, direi, apenas, que o antipetismo dele saiu de controle, enevoa a capacidade de pensar com clareza, e faz com que ele escreva como um demente.

    Obviamente, se o Lúcio parar de escrever doidices, eu também deixarei de escancarar doidices dele.

    Por mais alguns dias. Depois, simplesmente o esquecerei, como um número crescente de ex-leitores dele.

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 29 de outubro de 2018, 09:35
    • Elias,

      Você não pode definir uma pessoa pelo que ela não é. Não vejo o Lucio como anti-PT, mas sim alguém que faz críticas duras a forma pela qual o PT governou o país durante todo este tempo. No caso do Lúcio, as críticas nunca se resumiram ao PT, mas incluem todos os partidos.

      Toda a crítica é construtiva e o Lúcio já comentou isso varias vezes, mas elas precisam ser feitas de forma estruturada para mostrar onde a interpretação dele está equivocada é usar dados e evidências para mostrar o equívoco.

      Substituir uma interpretação por outra sem evidências não avança nenhum debate produtivo. Chamar o oponente de doido também não avança muito. Você é inteligente demais para rebaixar os seus argumentos a este nível.

      Tenha uma boa semana.

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      Publicado por Jose Silva | 29 de outubro de 2018, 09:58
  13. “Quando (Hélio Gueiros) morreu, procurei escrever um obituário objetivo e correto dele, sem ajuste de contas.” (Lúcio, em comentário a outro post)

    Também, se ele quisesse “ajustas contas” com Hélio depois de morto…

    Mas isso não significa que Lúcio não tenha alimentado, durante anos, a ideia fixa de atacar Hélio Gueiros a propósito de qualquer coisa. Coisa que ele fez diligentemente, como é possível perceber, pela leitura do JP.

    Lembro de uma oportunidade em que — no meio da briga com Jader — o Hélio Gueiros foi alvo de várias acusações, durante uma sessão da Câmara Municipal de Belém.

    O Raul Meireles, então vereador pelo PT, apresentou requerimento à Mesa da CMB, no sentido de que esta garantisse a Hélio Gueiros o direito de, querendo, se defender das acusações que lhe foram feitas, no mesmo plenário.

    O Lúcio subiu nas tamancas, por causa disso! Escreveu um artigo indignado, atacando duramente o Raul Meireles, por este ter dito que o Hélio Gueiros tinha o direito de se defender. Ao final, Lúcio disse que o Raul era um praticante do “jesuitismo leninista”, o que quer que isso signifique (nada como um rótulo, pra facilitar crítica). Isso está escrito no JP.

    (Detalhe: a essa época, o Raul já havia rompido com o marxismo. Aliás, todo o grupo político ao qual o Raul pertencera — o Partido Revolucionário Comunista – PRC — repudiara o marxismo e se dissolvera dentro do PT. Alguns dos dirigentes do PRC se juntaram à corrente petista majoritária, como o Genoíno Neto; outros, como o Tasso Genro, entraram para a DS; uma boa parte desse grupo, como foi o caso do próprio Raul, preferiu não ingressar em nenhuma corrente petista).

    O acontecimento é bastante esclarecedor sobre a forma como o Lúcio cultiva seus (dele) desafetos, e como eles interferem na objetividade do jornalismo que ele pratica. Como o Hélio Gueiros o ofendera grosseiramente, Lúcio se considerou no direito de negar ao desafeto o mais elementar dos direitos humanos: o de se defender das acusações que lhe foram feitas (no caso, a defesa seria feita na mesma instância em que foram desferidas as acusações — o plenário da Câmara Municipal de Belém — e num momento em que Hélio não exercia nenhum cargo público.

    Pra completar, Lúcio ainda se auto elogia por não atacar Hélio Gueiros, depois que este morreu…

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 29 de outubro de 2018, 10:10
    • Elias, sinceramente e com toda lealdade: quando você diz que endoidei é a si próprio que vê no espelho distorcido ao qual parece ter reduzido o seu universo mental.Trata-se de uma evidente patologia, que se assemelha, por essa perseguição insana que me faz (mas não destituída do objetivo óbvio, persecutório), a uma síndrome maníaco-obsessiva.
      Você monta uma salada de frutas de meias verdades, inverdades e mentiras, como nesta torpe reconstituição de fatos em relação ao Hélio e ao Raul Meireles, para me colocar uma carapuça que não me cabe. Quem quiser saber dos fatos e não desta reconstituição malévola pode ir às coleções do JP e da grande imprensa paraense nessa época ou, se me permitir, ler meu livro “Jornalismo na Linha de Tiro”, onde documento o que aconteceu, ou “Contra o Poder”, sobre a trajetória do Hélio no governo.
      Vou lembrar apenas dois fatos pequenos mas significativos. Eu estava ao lado do caixão de Daniel Coelho de Souza, no hall da Assembleia Legislativa, conversando com o filho dele, Frederico, de costas para a entrada do prédio. Frederico segurou o meu braço e falou em voz baixa: “O doutor Hélio está vindo aí, Lúcio. Por gentileza, evita qualquer incidente”. Virei-me e tomei a iniciativa de estender o braço para cumprimentar o Hélio e a Terezinha, filha de um grande amigo do meu pai, Manoel Moraes, e meu amigo também.
      Fiz o mesmo tempos depois, na missa de sétimo dia do Euclides Bandeira, até tirando uma graça em resposta à piada que o Hélio fez. Como eu tinha feito todas as leituras da missa fúnebre, a pedido do Walter Bandeira e da viúva, a Regina, que estavam muito nervosos e tensos, ao se aproximar o Hélio fez uma das suas célebres piadas: “Lúcio, quase que tu substituir o padre”. Devolvi: “Menos na hoa do vinho, doutor Hélio. aí seria a sua vez”. Ele tentou a tréplica, mas não encontrou inspiração. Rimos, nos cumprimentamos e ele se foi.
      O que escrevi desde então está à disposição de quem, ao contrário de ir buscar lama fétida para enxovalhar o desafeto, quer a verdade.
      Se eu praticasse o jornalismo que faço há meio século, numa vida que é a minha melhor defesa, teria que fazer um samizdat e estaria apodrecendo num Gulag qualquer, por contrariar o guia dos povos, a luz do socialismo e outras intolerâncias e totalitarismos mais. Como o Gulag do Elias.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 29 de outubro de 2018, 12:55
  14. José,
    Nos últimos dias, o Lúcio disse que eu tenho agido de má fé, que eu não me dou ao respeito, etc. Além do mais, apoiou afirmações de outras pessoas, segundo as quais eu estaria “debochando” dele.

    O Kléber até postou um comentário, estabelecendo a distinção: no post pode ser irônico; já nos comentários, a ironia é considerada “”deboche” e “desrespeito”.

    Ao que o Lúcio respondeu: “Pode ser irônico, sim, desde que não deturpe os fatos.”

    Ora, cada crítica que fiz ao Lúcio, foi sempre acompanhada da transcrição literal daquilo que ele escreveu. É absolutamente descabida a afirmação dele, de que estou deturpando alguma coisa.

    Ao contrário: deturpação é a acusação que tenho feito ao Lúcio. Aí acima, por exemplo, ele deturpa o sentido do discurso do Haddad, quando diz que este não reconhece a derrota eleitoral. Isso pode ser dito do Aécio em 2014, e do Bolsonaro como manifesta intenção, agora, em 2018. Mas não do Haddad.

    Haddad apenas não citou nominalmente Bolsonaro em seu discurso, assim como Bolsonaro não citou Haddad nas suas duas manifestações (o que não significa que Bolsonário não reconhece a própria vitória, né?).

    Ao dizer que eu “deturpo fatos”, o Lúcio apenas está me acusando daquilo que ele, comprovadamente, faz. E isso tem nome, né José da Silva?

    Uma boa semana pra ti também.

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 29 de outubro de 2018, 10:24
  15. Pedro Pinto,
    E os teus, dentro de uma latrina.

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 29 de outubro de 2018, 11:23
  16. Editorial do NY Times sobre a eleição no Brasil:

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    Publicado por Jose Silva | 29 de outubro de 2018, 11:25
  17. “O aditivo de Haddad faz lembrar a democracia “à brasileira” ou “social”, com seus complementos artificiais, que os comandantes do regime militar adicionavam para tentar fazer passar por democracia o que dela só existia como formalidade oca, vazia, desnaturada.” (Lúcio)

    José,
    Isso aí, é ou não é muito doido?

    Então o que o Haddad disse “faz lembrar” o que diziam e faziam os comandantes do regime militar?

    Isso não pode ser sério… e, pra não ser desonesto, só pode ser doido!

    Se o Bolsonaro lesse isso, provavelmente pensaria: “Esse doido está maluco! Quem tem que fazer lembrar os comandantes do regime militar sou eu!”

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 29 de outubro de 2018, 11:31
    • Elias,

      Talvez a forma correta de questiona o Lúcio seria jogar a bola para ele ao invés de chamá-lo de louco. Que tal se o comentário fosse o seguinte:

      “Lúcio, você escreveu isso: “O aditivo de Haddad faz lembrar a democracia “à brasileira” ou “social”, com seus complementos artificiais, que os comandantes do regime militar adicionavam para tentar fazer passar por democracia o que dela só existia como formalidade oca, vazia, desnaturada.” Eu não entendi o seu ponto. Você poderia, por favor, explicar melhor o que você quis dizer?”.

      Desta forma você poderia capturar de uma forma mais acurada o pensamento pintoniano e continuar a conversa de uma forma mais positiva, sem jamais perder a ternura :).

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      Publicado por Jose Silva | 29 de outubro de 2018, 15:15
  18. Caro Celso,

    É uma imensa satisfação receber vossa atenção (perdão pela rima). Ainda assim, a Cara-Grande se esbalda…

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    Publicado por Luiz Mário | 29 de outubro de 2018, 11:45
  19. O Lúcio afirmou categoricamente (e não apenas supôs), que o artigo assinado pelo Haddad na FSP não foi escrito por ele, e sim pelos marqueteiros da campanha.

    Segundo os critérios do Lúcio, isso é uma “tese” (tese?). Magnânimo, ele concede a todos o direito de discordar dessa “tese”, desde que não diga nada. Se disser, é uma “deturpação dos fatos”.

    Edélsio Tavares fazia isso magistralmente, na primeira contracapa d´O Pasquim.

    Só que Edélsio Tavares era o falecido Ivan Lessa, sendo intencionalmente engraçado. Nada ali era verdadeiro. Nem as cartas que ele respondia (que também eram escritas pelo próprio Ivan).

    Já o Lúcio…

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 29 de outubro de 2018, 11:53
  20. Uma observação evidente, óbvia, que o jornalismo brasileiro não quer ver: provavelmente, a democracia foi salva ontem. O projeto de poder que ameaçava levar o Brasil a uma bolivarianização foi derrotado. Logo, as milhões de pessoas que foram às ruas comemorar a vitória, não comemoraram a volta do “fascismo”, nem da ditadura militar, mas sim a destruição do projeto do Foro de São Paulo e da verdadeira arenga totalitária bolivariana. É só fazer uma comparação básica entre o programa de Haddad e de Bolsonaro pra ver quem, de fato, tinha um projeto totalitário.

    Não creio que Bolsonaro tenha a menor chance de implantar um regime ditatorial. Pq o próprio apelo “intervencionista” obedecia à ameaça de colocar um presidiário presidente da república. Ou então, do PT querer radicalizar o processo numa tentativa revolucionária de subverter o poder e implantar um regime totalitário. Essa ameaça “intervencionista” simplesmente desapareceu ontem, quando houve uma relativa transparência nas urnas, mesmo com os riscos e suspeitas de fraudes do TSE, já que a dona Rosa Weber queria que nós crêssemos que as máquinas eletrônicas são confiáveis por artigo de fé. A nossa sorte é que o PT jamais conquistou as polícias militares ou o exército brasileiro. Pq se ocorresse com o que ocorreu na Venezuela, quando Maduro usa suas tropas contra a própria população esfomeada ou quando bloqueia internet, facebook e estatiza dos os meios de comunicação, aí sim, teríamos uma ditadura braba no Brasil. Mas não foi o que ocorreu: aqueles brasileiros que saíram às ruas no verde e amarelo queriam preservar a democracia, queriam a moralização das instituições públicas, queriam quebrar o monopólio de camaradas do PSDB e do PT.

    Aliás, ao que parece, o meu caro Lúcio não entendeu que o foco da informação mudou de estilo. A grande imprensa e a grande mídia estão em descrédito. Quem está tomando conta são os milhares de criadores de opinião da internet. E não me surpreenderia se o próprio Lúcio ganhasse mais público aqui do que na própria imprensa escrita. Por isso Bolsonaro, que se fez na internet, gravou lives, foi apoiado por vlogueiros com milhões de visualizações, conseguiu criar um nome e até mesmo ser remodelado por pressões das próprias redes sociais.

    É impressionante a mudança de Bolsonaro, no que diz respeito às suas opiniões. De um nacionalista autoritário e desenvolvimentista acabou por virar um liberal-conservador, defensor dos Eua e do Estado de Israel, por influência dos neoconservadores e evangélicos. Inclusive, suas inspirações políticas são atualmente anglo-saxônicas. E seu corpo político é cheio de liberais-conservadores. Logo, o expediente autoritário me parece muito pouco provável.

    Se a imprensa não conseguiu compreender o óbvio, paciência!

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    Publicado por Leonardo Bruno Fonseca de Oliveira | 29 de outubro de 2018, 14:34
    • Conde, essa realidade não entra nessa gente. A grande imprensa foi pro buraco e o Lúcio aproveitou e foi junto.

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      Publicado por Anônimo | 29 de outubro de 2018, 23:30
      • A salvação do Lúcio é o seu blog. Eu torço pra que ele tenha sucesso, apesar de discordar muito dele. Pq apesar de alguns furos (não jornalísticos, mas equívocos), ele tem informações interessantes.

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        Publicado por Leonardo Bruno Fonseca de Oliveira | 30 de outubro de 2018, 14:20
    • Leonardo, você falou tudo. Bozo foi remodelado pela pressão dos eleitores. Ser remodelado significa mudar de forma, mas não de essência. Se remodelar não é novidade na política. Os políticos vivem se remodelando para continuar ganhando votos. Portanto, isso é uma estratégia muito velha de sobrevivência. Um lamarckismo político conhecido bem antes de Lamarck.

      O mais importante de tudo é compreender que a essência autoritária não mudou, por isso precisamos ficar de olho nele. Este é o óbvio que precisa ser compreendido por todos os brasileiros. Se os bolsonaristas não conseguem compreender o óbvio, então paciência.

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      Publicado por Jose Silva | 30 de outubro de 2018, 06:25
      • Eu acho muito divertido falar de uma “essência autoritária” de Bolsonaro, quando na prática, a única essência que vi de autoritarismo capaz de nos transformar em venezuelanos foi o PT. Aliás, esse lamarckismo fajuto vemos nos petistas, que até então escondiam o ódio ao cristianismo, a defesa do kit-gay e da ideologia de gênero, sem contar a corrupção endêmica e desavergonhada, além do que queriam atropelar as instituições democráticas pra colocar um presidiário no poder. Ao que parece, há pessoas que vivem num paralelismo da realidade terrível!

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        Publicado por Leonardo Bruno Fonseca de Oliveira | 30 de outubro de 2018, 14:14
      • Eu não estou falando do PT. O PT falhou e está pagando o preço destas falhas.

        O meu foco aqui é o Bozo. Há milhares de evidências, todas muito bem documentadas, de que o comportamento do Bozo permite classificá-lo como como autoritário e fascista. Negar este fato é o mesmo que viver em uma realidade paralela. Ou será que tudo o que ele falou antes da eleição é para ser esquecido?

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        Publicado por Jose Silva | 30 de outubro de 2018, 16:52
      • Mas ele foi eleito justamente pelo que falou antes da eleição. Diferentemente, o PT a as esquerda em geral escondem o que pensam. Fazem política da pior espécie. O eleitor escolhia uma coisa e levava outra totalmente diferente. O nome disso: mentira. O povo cansou e aprendeu a identificar as mentiras do petismo, aliás, do socialismo, a mentalidade socialista é exatamente isso, sempre foi: mentiras e mais mentiras, recalques e inveja. Como diz Olavo, para você entender o discurso revolucionário à lá Gramsci, é preciso inverter primeiro todo o discurso, e só então adentrar ao mérito dos resultados.

        O autoritarismo estava claramente ao lado do PT. O eleitorado percebeu e escolheu se afastar. Compreendeu a essência do PT e a temeu, mais que a franqueza de Bolsonaro, que se atreveu e até levou facada. Quanto mais a vontade popular se aglutinava em torno da candidatura de Bolsonaro, mais a esquerda se desnudava em seu desespero ante a sede pelo poder, e mesmo assim não compreendeu sua máxima maquiavélica que diz que “a natureza dos povos é lábil: é fácil persuadi-los de uma coisa, mas é difícil que mantenham sua opinião. Por isso, convém ordenar tudo de modo que, quando não mais acreditarem, se lhes possa fazer crer pela força”. Esse era o próxima etapa do petismo, da forma como tem sido na Venezuela em em todos os regimes autoritários do mundo atual.

        Autoritarismo de Bolsonaro com pautas liberais e conservadoras? Fascista um candidato que, embora tenha abraçado a causa mais no curso da campanha, prega menos estado? Eis a inversão esquerdista de acusar os outros do que fazem e xingarem do que são.

        O jornalismo do establishment, esse sim, “levou o farelo”, como se diz na linguagem popular. Olha algum detalhe e não consegue (ou não quer) ver o todo. Inebriada na bolha ideológica, não conseguiu fazer uma leitura do momento político, perdeu credibilidade para canais independentes de internet. Audiência digital não implica em credibilidade. E quem não consegue traduzir e transmitir o que o povo pensa, está fadado ao fracasso.

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        Publicado por Rosa Carla | 30 de outubro de 2018, 20:10
      • Rosa,

        Sinto muito, mas aparentemente você está jogando embaixo do tapete o que o Bozo falou em toda a sua carreira como político. Está tudo documentado para qualquer pessoa conferir. Em um ponto você tem razão. Ele é autêntico e fala o que sente. É exatamente por falar o que ele sente que se pode classifica-lo como autoritário e fascista, no sentido moderno do termo.

        Até agora ele não se mostrou liberal. Aguardaremos para ver o que ele fará de verdade a partir de primeiro de janeiro. Até agora eu somente vi um presidente boquirroto, confuso com a responsabilidade e que aparentemente não tem um plano concreto para governar o país. O choque hoje do Guedes com o Lorenzoni é uma pequena amostra do que eu estou falando.

        Você diz que a audiência digital não significa credibilidade. Se for assim o que estes milhões de pessoas estão fazendo no website do jornal? Procurando mentiras para serem enganados? Também o que os 18 milhões de seguidores do Bozo faziam ao acompanhá-lo digitalmente? Este seu argumento não tem qualquer fundamento lógico e empírico.

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        Publicado por Jose Silva | 30 de outubro de 2018, 20:34
      • Não joguei embaixo do tapete. Foi eleito exatamente pelo que dizia. O cidadão percebeu que o autoritarismo do PT estava além da palavra, nas ações com resultados de longo prazo.

        Fascista no sentido moderno do termo? Ora, o que é que é isto? Redefinição do vocabulário, o novilíngua orwelliana? Ah, me poupe, isso não tem nada a ver com fascismo, tem a ver com marxismo cultural.

        Também vejo Bolsonaro como um despreparado no sentido do que seria o meu ideal para um governante. Mas não é essa a questão. Já tivemos um analfabeto e uma pior ainda na Presidência. Agora temos um que, pelo menos, admite sua ignorância. Vai depender mesmo da equipe para ter sucesso, num ambiente econômico infinitamente pior do que aquele quando Lula assumiu. O que vejo é uma oportunidade de ouro de reverter um ciclo de destruição. Foi o que os eleitores fizeram: interromper um ciclo. Com as pautas cada vez mais estatizantes e um programa claramente autoritário, o PT ia terminar o serviço em pouco tempo.

        Choque entre Guedes e Lorenzoni? Você transforma um tempestade tropical em furacão e torcer contra um governo que ainda nem começou. E o perigo nem estava em ter ou não projeto concreto para o país, mas no projeto concreto da esquerda petista. Bolsonaro catalizou todo esse sentimento. Foi o azarão correndo por fora do establishment, e era exatamente o que o povo ansiava, já exausto da política populista e mentirosa.

        Por fim, quando eu disse que a audiência não implica em credibilidade, não dizer que a grande imprensa perdeu importância no mercado da informação. Ainda tem e terá por muito tempo, por causa de sua penetração, seus veículos de grande concentração de informações ainda são os shopping-centers da notícia. Mas sofreram uma goleada do camelô, do pequeno empreendedor mais próximo do público e mais sensível às mudanças nas necessidades dos cidadãos. Esse é o fundamento empírico e lógico.

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        Publicado por Rosa Carla | 30 de outubro de 2018, 22:51
      • E mais: apelar a uma suposta reputação dos grande jornais por causa da audiência para validar um argumento não passa da velha falácia do ‘argumentum ad verecundiam’, e fica pior ainda quando essas “autoridades da informação” são as mais declaradas disseminadoras da narrativa esquerdista hegemônica que se quer válida.

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        Publicado por Rosa Carla | 30 de outubro de 2018, 23:16
      • Risa,

        Jason Stanley, pesquisador de Yale, sobre fascismo:

        I think of fascism as a method of politics. It’s a rhetoric, a way of running for power. Of course, that’s connected to fascist ideology, because fascist ideology centers on power. But I really see fascism as a technique to gain power.

        Além disso:

        fascism flourishes in moments of great anxiety, because you can connect that anxiety with fake loss. The story is typically that a once-great society has been destroyed by liberalism or feminism or cultural Marxism or whatever, and you make the dominant group feel angry and resentful about the loss of their status and power. Almost every manifestation of fascism mirrors this general narrative.

        Alguma semelhança com o Bolsonarismo?

        A sua interpretação da eleição não está correta. A população não votou contra o “autoritarismo” do PT, mas sim contra a roubalheira do PT e dos seus aliados. São duas coisas muito distintas.

        Todo o furacão começa com uma chuvinha. Não é de hoje que se vê discordâncias públicas dentro da equipe do Bozo. Não foi por acaso que ele mandou o vice dele calar a boca antes da eleição.

        Seu argumento sobre a imprensa não tem fundamento algum. Você está assumindo que toda a grande imprensa foi contra o Bozo e a favor do PT e que o Bozo se elegeu sozinho com ajuda da sua mídia digital. Esta narrativa não tem fundamento algum na realidade. Qualquer análise criteriosa do conteúdo da imprensa durante a campanha mostrará isso.

        Por fim, você está misturando as bolas e usando um argumento inconsistente. Ninguém falou de autoridade de informações. Você inventou isso. O argumento foi que se as pessoas usam uma fonte de informação é porque elas acreditam na fonte. De outra forma, optariam por uma fonte diferente. Como no Brasil há varias fontes disponíveis, as pessoas visitam a folha porque querem e não porque são obrigadas. Portanto, o seu apelo ao argumento da autoridade é somente um jogo de palavras para tirar a atenção da fragilidade das suas observações iniciais sobre o assunto.

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        Publicado por Jose Silva | 31 de outubro de 2018, 00:46
    • Disseram que a grande imprensa iria para o buraco depois do Trump. Besteira. Nunca as empresas de comunicação ganharam tanto. Os milhares de criadores de opiniões na internet tem um problema: altíssima competição e limitada capacidade de absorção dos clientes potenciais. Portanto, eles nunca terão o mesmo impacto da grande imprensa. No final das contas, o leitor quer alguém que condense a informação para ele. Neste mar de “ criadores” de opinião, fontes confiáveis, tal como este blog, são raríssimas.

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      Publicado por Jose Silva | 30 de outubro de 2018, 06:35
      • Sr. José Silva, entre selecionar fontes de graça na internet e pagar as mentiras da Folha de SP, eu não tenho dúvidas, Prefiro economizar meu dinheiro, ao invés de pagar o folhetim petista do Sr. Frias.

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        Publicado por Leonardo Bruno Fonseca de Oliveira | 30 de outubro de 2018, 14:15
      • Leonardo,

        Pois é. Você pensa isso, mas bilhões de outras pessoas ao redor do mundo não. No caso da folha, a audência digital dela até ontem indicava 282 milhõres de páginas vistas e cerca de 41 milhões de visitantes únicos. Ou seja, os caras ainda tem credibilidade..e muita!

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        Publicado por Jose Silva | 30 de outubro de 2018, 16:56
  21. José Silva,
    a coluna Painel Político, Folha de SPaulo, hoje, me ajudou a esclarecer o conteúdo do discurso do Haddad . …” recebeu alguns de seus mais antigos assessores em casa. Ciente de que o mais provável era a derrota, o petista pediu que não o abandonassem, pois via risco de ser alvo de uma tentativa de isolamento no PT”.
    Mais adiante, diz o Painel: “ os aliados disseram à Haddad, em resposta, que qualquer que fosse o resultado ele havia vencido, pois sairia maior da disputa. O candidato disse que precisaria do apoio de todos para enfrentar o que virá pela frente, abraçou os amigos e chorou”.
    Ficou claro, para mim, que o objetivo é enfrentar a luta para se tornar o líder das esquerdas. Em seu discurso Hadda voltou a citar o impeachment da Dilma e a prisão “injusta” do Lula, já julgado nas 3 instâncias do Judiciário com 17 recursos negados.
    Continuo o meu julgamento sobre o Bolsonaro: é um boquirroto, mas tenho a esperança que ciente de suas responsabilidades como Presidente,, possa mudar seu comportamento, palanqueiro.
    Minha formação jurídica não me permite fazer julgamentos antecipados.
    Meu carro, a campanha não terminou.
    Assisti o JH da Globo há pouco.
    A pauta sobre o Bolsonaro trouxe a repetição de discursos quando deputado. Acredito na evolução dos homens e dou a ele, o benefício da dúvida.
    Lúcio, meu abraço permanente de amizade.

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    Publicado por Ronaldo Passarinho | 29 de outubro de 2018, 14:42
    • Caro Ronaldo,

      Como eu respondi ao Leonardo a pressão dos eleitores muda a “forma” do político, mas nunca a sua essência (seu DNA). Evolução significa mudar o DNA. O resto é apenas mudança de forma e discurso para se manter no poder.

      No caso do Bolsonaro, não há evidência alguma de mudança no DNA mesmo depois das eleições. Continua primitivo, palanqueiro e boquirroto. O teste definitivo da sua capacidade de decisão virá quando ele tiver que gerenciar os trade-offs entre o liberalismo, do Guedes, com o capitalismo de estado, dos seus financiadores. Tem gente apostando que o Guedes dura apenas um mês no ministério. O que você acha?

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      Publicado por Jose Silva | 30 de outubro de 2018, 09:04
  22. Quando um político vence uma eleição, seus eleitores esperam que ele faça o que disse que faria se eleito.

    Com o Bolsonaro, é o contrário: seus eleitores dizem desejar que ele não faça o que disse que faria.

    Então, tá!

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 29 de outubro de 2018, 14:53
  23. Quanto a Bolsonaro, uma incógnita, uma vez sentado na cadeira presidencial. E Haddad? Quem era Haddad? Um idiota útil para servir aos propósitos de Lula, sempre disposto a voltar à presidência. Será que Haddad, que perdeu no primeiro turno a Prefeitura em SP, teria tantos votos? Agora é perdedor duplo. Não vale nada. Líder de quê? E Gleize, é líder de quem? Com Lula preso, o PT corre grande risco de acabar, como o PSDB esfarinhou, virou pó. Haddad disse, Haddad quer isso, quer aquilo. Haddad é ninguém.

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    Publicado por Edyr Augusto | 29 de outubro de 2018, 17:22
  24. Sim. Primeira derrota. Agora, de novo. Quem é Haddad? Sujeitou-se a ser um boneco de ventríloquo e acabou a carreira.

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    Publicado por Edyr Augusto | 29 de outubro de 2018, 17:44
  25. só lamento!

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    Publicado por felipe puxirum | 29 de outubro de 2018, 17:49
  26. Haddad era o ex-Ministro da Educação, com um conjunto apreciável de realizações na pasta, que o diferencia bastante dos seus antecessores e sucessores.

    Haddad era, ainda, o ex-prefeito de São Paulo, que perdeu a reeleição em 2016, mas que também foi o mais votado no segundo turno das presidenciais de 2018, na capital paulista.

    Agora, Haddad é o candidato derrotado nas presidenciais de 2018, mas que obteve 47 milhões de votos. No segundo turno, recebeu parte dos votos que, no primeiro turno, foram dados a outros candidatos, sem que esses candidatos tenham se comprometido com a candidatura dele . Haddad recebeu votos dos eleitores de Ciro e de Marina, não graças a Ciro e Marina, mas apesar deles (Marina subiu no palanque de Aécio, mas não no de Haddad). Isso credencia Haddad a assumir a liderança do PT, a partir de agora, com o apoio de Lula, que sabe que o tempo dele acabou, e está se dedicando a desenhar o PT pós-Lula. Haddad no PSB? Altamente improvável, até porque seria suicídio.

    E o PT? O PT é o partido derrotado nas presidenciais de 2018, mas que conseguiu eleger o maior número de governadores (4), e a maior bancada na Câmara Federal. Continua sendo o maior partido brasileiro. Isso tudo depois de passar vários anos sob tiroteio cerrado da maioria dos demais partidos, e da maior parte dos jornais, revistas, estações de tevê e rádio, etc. do país, que aproveitaram à tripa forra a multidão de erros e desvios de conduta do partido.

    Apesar dos percalços, PT está no páreo, portanto. E muito mais forte do que esperavam seus adversários.

    Já os partidos que se associaram para derrubar Dilma em 2016, simplesmente se ferraram! Tiveram votações raquíticas nas presidenciais, e elegeram menos deputados, senadores e governadores do que tinham antes. Acreditaram que, com o impeachment, conseguiriam se fortalecer e pulverizar o PT, e tudo o que conseguiram foi se enfraquecer e pulverizar a si mesmos. Se desmoralizaram e perderam o apoio popular que tinham. Abriram um enorme espaço político, que foi ocupado com muita competência pelo Bolsonaro. As lideranças do PSDB e do PMDB já podem comemorar a conquista do título de piores e mais desastrados estrategistas políticos já surgidos no Brasil, nos últimos 150 anos. PSDB e MDB, os líderes do impeachment, iniciam 2019 completamente acéfalos.

    A melhor cabeça política do PSDB é o ex-presidente FHC, que tem 87 anos. Nem é razoável esperar grandes realizações dele, nos próximos 4 anos. O melhor que se pode esperar de FHC nesse período, é que ele consiga permanecer vivo.

    Dória conseguiu vencer em SP, mas pregou nele mesmo um monte de rótulos negativos, como ególatra, oportunista, descontroladamente ambicioso, carreirista, traíra, etc. É, basicamente, um político desagregador (por causa dele, o PSDB de SP está em frangalhos). Dificilmente Dória saberá juntar os cacos pra costurar um “novo” PSDB. O que ele provavelmente fará será se pendurar no Bolsonaro, nos primeiros dois anos de mandato, pra se cacifar pra 2022. Esperto e experiente como ele é, dificilmente Bolsonaro concordará em engordar a cobra que pretende devorá-lo…

    Fora isso, o PSDB terá que pedir socorro a apresentadores de tevê, duplas sertanejas, comediantes, jogadores de futebol, lutadores de MMA, e sei lá o quê mais…

    A situação do MDB é ainda pior. O partido tem o melhor quadro político brasileiro da atualidade: Roberto Requião, este sim, um estadista. Mas dificilmente Requião conseguiria mudar o que está no DNA do partido. E o MDB nem cogita, em seus mais loucos sonhos, se deixar liderar por alguém como Requião. Resta ao MDB contar com a ascensão de jovens estrelas, como o paraense Helder, que precisará se dar bem como governador, pra poder se consolidar. Depois, se quiser se tornar liderança nacional. ainda terá que lutar contra e vencer a carga negativa que seu sobrenome lhe impõe. Não é impossível, mas leva tempo. Nada que possa ser feito até 2022.

    Marina vai empilhando tentativas frustradas em eleições presidenciais. Nenhum problema quanto à quantidade. Lula também perdeu três, antes de ganhar a primeira. A diferença é que Lula não estava sozinho. E o PT soube aproveitar bem as campanhas presidenciais, pra se implantar e se organizar em âmbito nacional. Já a Marina submeteu tudo às pretensões presidenciais dela. Se candidatou por partidos diferentes, sem pelo menos tentar organizar nenhum deles. Os poucos políticos que se elegeram pelo partido dela, o fizeram não por afinidade programática, mas por conveniências locais. Em 2018, num estalar de dedos, ao ritmo da conveniência pessoal, a bancada da Rede ficou reduzida à metade. No PT, algo desse tipo é simplesmente impensável.

    E o Ciro? O Ciro… nada! Basta colocar um microfone na frente dele. Ele vai desandar a falar besteiras e se autodestruirá. Uma espécie de Prometeu ensandecido, que dispensa abutres e rói, ele mesmo, o próprio fígado, na impagável imagem construída por Alfredo Sirkis.

    Resta a sopa de letras que apoiou Bolsonaro, e que faturou bem e muito, em cima do antipetismo. Nenhuma dessas siglas chega perto de ser um partido político. Não têm militantes. O mais próximo de militância que eles têm, são os currais evangélicos (que mostraram serviço em 2018!). Acontece que as cercas desses currais já começaram a ser demolidas em 2018. Nas redes sociais, durante a campanha, pipocaram pra todo lado pronunciamentos de pastores e líderes evangélicos, criticando a transformação de milhares de pastores em bate-paus de partidos políticos, em troca de muita grana.

    No fim e novamente, tudo parece depender do sucesso de Bolsonaro na condução da política econômica. Se ele der certo, vai pro algodão! Se não der, dentro de dois anos vai contabilizar a deserção dos adesistas de hoje. A ratarada sempre abandona o navio, quando percebe que ele não conseguirá flutuar.

    Isso aí é tão certo quanto à alternância de dias ímpares e pares. A grande incógnita dos próximos anos, é como o Bolsonaro vai se conduzir, diante da insatisfação popular, se e quando a política econômica dele começar a fazer água. Quando as greves e manifestações contra Bolsonaro começarem a pipocar, o que ele fará? Vai aceitar, como contingência do processo democrático, ou vai tentar algo mais heterodoxo?

    Ninguém dá ou tenta dar golpe de estado quando vai tudo bem. O golpe de estado vem quando as coisas começam a dar errado. Aí aparece aquele pessoal querendo “neutralizar os inimigos da Pátria” (entendendo-se por “Pátria” a permanência dos ditos cujos no poder ou a conquista deste pelos golpistas), e “restabelecer a ordem”, para o quê fazem da desordem a palavra de ordem, como bem observou Euclides da Cunha.

    Enfim.,.. o tipo de coisa que faz com que, no Brasil, quanto mais as coisas mudam, mais ficam como sempre foram.

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 30 de outubro de 2018, 11:44
    • só esqueceu de dizer: Haddad é exemplo dos piores índices de educação do Brasil. O ministro do kit-gay e da erotização pornográfica das crianças. Mas quem disse que petista é sincero?

      De resto, o PT ameaçou dar um golpe, acabar com a lava-jato, com a independência do judiciário e do MP e todo mundo fica caladinho. Precisa inventar um fascista imaginário para escamotear comunistas bem reais.

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      Publicado por Leonardo Bruno Fonseca de Oliveira | 30 de outubro de 2018, 14:17
      • Muito bem, Leonardo. Fico impressionada como tanta gente que se diz letrada não consegue enxergar essa realidade mais clara que a luz do sol.

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        Publicado por Rosa Carla | 30 de outubro de 2018, 22:55
      • Ninguém ficou caladinho. O PT não foi em frente com estas ideias porque a sociedade não apoiou.

        Não há nenhum fascista imaginário. Ele é real, tem ficha corrida e chama-se Bozo.

        Eu fico impressionado com tanta gente letrada e inteligente que não consegue ver o óbvio.

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        Publicado por Jose Silva | 31 de outubro de 2018, 09:22
  27. Não há nada a esperar do governo Bolsonaro. ele não vai mudar, ele não vai durar.

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    Publicado por Pensador | 30 de outubro de 2018, 12:04
  28. Como todo recém-eleito, ele terá direito a uma lua de mel. Depois, vem o depois…

    Ele e Paulo Guedes já disseram que querem a reforma da Previdência pra já. Uma parcela expressiva do parlamento atual vai deixar as duas casas ao final da legislatura. Em tais circunstâncias, é altamente questionável legitimidade de uma decisão do peso da reforma da previdência.

    De qualquer modo, não falta é canalha pra viabilizar isso, em troca de favores no novo governo (que, por isso mesmo, quer a votação já: isso tornará possível traficar com o pessoal que está cumprindo aviso prévio…). A mesma canalhada que aprovou o fator 85/95, aumentando a despesa da Previdência, meses depois, com a Dilma deposta, passou a dizer que a Previdência estava falida, que era necessário reformá-la, etc. Então…

    O problema é que a reforma da previdência não impacta a conta do Tesouro no curto prazo e não contribui para criar um único posto de trabalho, num país com 14 milhões de desempregados. Mas deixa um monte de gente pau da vida! Em princípio, Temer não tem lá grandes motivos pra se tornar ainda mais detestado, só pra limpar a barra do Bolsonaro… a menos que este lhe dê algum ou alguns bons motivos. Seria uma questão de preço…

    Assim, pode ser que a lua de mel do Bolsonaro seja ainda mais curta do que por si só já seria. É só o pessoal começar a achar que, quando a economia vai bem, os banqueiros lavam a burra; quando vai mal, quem tem que pagar a conta são os andares de baixo… para que os banqueiros continuem lavando a burra.

    Mas também pode ser que não seja nada por aí. O ultra neolib Paulo Guedes até já defendeu o retorno da CPMF…

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 30 de outubro de 2018, 14:15
    • O plano agora mudou. Tem três partes: (1) Gastar logo todas as reservas internacionais acumuladas para abater a dívida; (2) desvincular todo o orçamento para dar flexibilidade total ao governo; (3) usar o orçamento de base zero para definir as prioridades.

      Isto está me cheirando a falta clara de um plano bem pensado!!!

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      Publicado por Jose Silva | 30 de outubro de 2018, 17:18
  29. Caro José Silva,
    não vou emitir opiniões sobre o futuro do Governo do Bolsonaro do Bolsonaro. Como disse o meu amigo, Marcos Maciel,” as consequências vem depois”. rsrs

    É sempre bom usufruir de sua opiniões.

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    Publicado por Ronaldo Passarinho | 30 de outubro de 2018, 14:37
  30. A história do “kit gay” está fartamente desmoralizada. Nem vale a pena comentar essa babaquice.

    É preciso ser muito idiota para, sinceramente, acreditar que o PT poderia dar um golpe de estado. Qualquer pessoa minimamente informada, e com um mínimo de capacidade de raciocínio, sabe que, no Brasil, um golpe de estado só é possível com apoio das Forças Armadas. Sem elas, qualquer tentativa seria sufocada em menos de 24 horas.

    E, se alguém afirma, sinceramente, que as Forças Armadas brasileiras apoiariam um golpe de estado petista, esse alguém, com certeza, fumou ou cheirou alguma coisa estragada.

    É o tipo de coisa — assim como o “kit gay”, a mudança das cores da bandeira brasileira, etc. — que o “agitprop” profissional de extrema direita usa pra influenciar um público-alvo de escassa capacidade intelectual.

    Com certeza não é o caso do pessoal que frequenta este blog.

    Essa nem o Lúcio apoia.

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 30 de outubro de 2018, 16:35
  31. Quem mais deu independência ao MP foram os governos petistas, que só nomearam dentro da lista tríplice livremente eleita. Antes dos governos petistas não havia nada disso.

    E o Bolsonaro já avisou que não vai nomear pela lista tríplice. Vai nomear pessoas da confiança dele. Foi o que ele disse e repetiu, várias vezes.

    Conta outra!

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 30 de outubro de 2018, 16:40
  32. Aviso aos candidatos à asseclas: Bolsonaro já avisou que “é livre e independente”.

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    Publicado por Luiz Mário | 30 de outubro de 2018, 18:23
    • A primeira mentira do Bozo já foi decretada. Ele disse antes das eleições que não fundiria mais os ministérios do meio ambiente com o da agricultura. Fez isso para conseguir votos. Agora voltou atrás e anunciou a decisão. Muita gente que estava na dúvida e acreditou nele está se sentindo traída. O cara jogará a agricultura brasileira no farelo. As potências estavam somente esperando este deslize para taxar mais os produtos brasileiros. Podem aguardar.

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      Publicado por Jose Silva | 30 de outubro de 2018, 20:39
      • Concordo que neste momento está tudo muito confuso. Mas daí a decretar fracasso apenas 48 horas depois da eleição? Melhor jogar na Mega Sena ou montar uma banca de tarô.

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        Publicado por Rosa Carla | 30 de outubro de 2018, 23:01
      • O efeito cascata é previsível. Nem precisa ser adivinho para saber o que acontecerá no momento seguinte. Não foi por acaso que certos setores do agronegocio brasileiro foram contra esta fusão. Eles sabem muito bem o que significa ter que lutar contra barreiras alfandegárias ambientais. Os países competidores agradecem.

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        Publicado por Jose Silva | 31 de outubro de 2018, 00:50
      • Momento seguinte: o dólar caiu e a bolsa subiu. Restaurada a confiança no mercado.

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        Publicado por Rosa Carla | 31 de outubro de 2018, 10:39
      • Isso era previsível, pois havia especulação com a incerteza política. Agora há certeza sobre quem é o presidente a especulação diminuiu, mas não terminou..

        O teste definitivo virá quando o Bozo começar a falar das suas políticas econômicas.

        A previsão dos especialistas é de um namoro de seis meses, quando a bolsa subirá e o dólar cairá um pouco (isso se as condições externas não mudarem). Depois volta-se ao status quo se as políticas econômicas não estiverem bem definidas.

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        Publicado por Jose Silva | 31 de outubro de 2018, 10:57
  33. A mais ampla maioria no Congresso quem teve foi o Temer. Ninguém consegue lembrar de um presidente brasileiro com tanto apoio no parlamento. Nem o regime militar, com senador biônico e tudo o mais, teve tão ampla maioria como o Temer.

    E…

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 30 de outubro de 2018, 23:13
  34. Aliás, o jogo pesado — e nem sempre limpo — do MPF, já começou antes da posse.

    Tão logo o Bolsonaro anunciou que não ia nomear o PGR pela lista tríplice, o MPF desengavetou os processos contra o Paulo Guedes. Entre eles, um mini esquema Ponzi, com emissão de títulos sem lastro. Em qualquer país civilizado, esquema Ponzi dá cadeia.

    O recado é claro: ou dança a dança que se dança… ou dança!

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 30 de outubro de 2018, 23:19
    • Segundo conta a lenda, Paulo Guedes tem pavio curto. Tem muita gente apostando que ele não dura um mês no posto sofrendo tanta pressão interna e externa. Qual seria o plano B do Bozo?

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      Publicado por Jose Silva | 31 de outubro de 2018, 00:53
  35. Governo do mito começou mal. Era pra ter no máximo 12 ministérios. E olhe lá. E se Guedes for embora, chama um gringo da Universidade de Chicago, que resolve.

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    Publicado por jjss555 | 31 de outubro de 2018, 04:36
    • Não precisa. Acaba com todos os ministérios, cria-se um triunvirato composto de dois generais (Heleno e Mourão) e um coronel (Bozo) e nomeia-se o Delfim Neto para liderar a economia.

      Passinho pata frente, passinho para trás.

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      Publicado por Jose Silva | 31 de outubro de 2018, 09:35
  36. Guedes já amarelou.

    Ao lado do futuro chefe da Casa Civil, ele deixou claro que desistiu da reforma da previdência ainda em 2018.

    Quem não gostou? (1) O Temer, que será obrigado a tirar essa mercadoria da prateleira, por falta de comprador. (2) Deputados federais e senadores que não conseguiram se reeleger e, agora, estão cumprindo aviso prévio. Com a reforma da previdência sendo votada ainda em 2018, eles poderiam trocar o seu (deles) voto, por algum prêmio de consolação no novo governo. Também terão que tirar a mercadoria da prateleira, e estão sem tempo de substituí-la por outra.

    Falar nisso, Bolsonaro já deixou claro que não abre mão de rigorosamente nenhum dos mais de 10 mil cargos de livre nomeação e exoneração da máquina federal. Exatamente como fizeram Temer, Dilma, Lula, FHC, Collor, Sarney, Figueiredo…

    Mas só quem “aparelhou” foi o PT, claro…

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 31 de outubro de 2018, 08:55
    • Além disso já começou o mapeamento de todos os cargos comissionados que serão preenchidos não por meritocracia mas sim por alinhamento ao bolsonarismo e, de preferência, a uma igreja envangélica qualquer. Na prática, qual a diferença para o lulo-petismo?

      Até agora o bolsonarismo ainda não lançou nenhuma ideia liberal e inovadora para consertar os rumos do país. Eles ainda têm tempo. A posse é somente no dia primeiro de janeiro.

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      Publicado por Jose Silva | 31 de outubro de 2018, 09:28
  37. Tomara que privatize tudo.

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    Publicado por jjss555 | 31 de outubro de 2018, 09:30
    • Bozo já amarelou. Já disse que não vai mais privatizar o setor de energia, indo contra as tendências globais.

      Tudo que a estratégia de privatizar o lucro e socializar o prejuízo continuará a mesma.

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      Publicado por Jose Silva | 31 de outubro de 2018, 09:37
  38. “Privatizar” o setor de energia?

    1 – Já está quase todo privatizado. Tanto na geração quanto na transmissão. E boa parte está nas mãos dos chineses, que não vêem a hora de pegar o pouco que resta.

    2 – E só questão de tempo, para o pouco que resta cair nas mãos dos chineses. Bolsonaro vai torrar o que puder, pra enterrar no poço sem fundo da dívida pública. O Brasil só está em dia com a dívida, porque Temer está usando as reservas acumuladas durante os governos petistas (FHC não deixou nada, e ainda pediu empréstimo ao FMI, no último semestre do 2º mandato, o que a LRF — que ele mesmo implantou — considera crime, punível com prisão). Mas essas reservas não vão durar pra sempre. Com a recessão comendo solta, Bolsonaro não pode contar com a sobras da receita tributária. Só restam duas saídas: (i) renegociar a dívida (o que não depende só do governo); e (ii) vender ativos, pra fazer caixa. Guedes diz que, se a privatização for feita como ele quer, vai render R$ 100 bilhões. (Cá entre nós: se ele acredita mesmo nisso, tá mais doido que o Lúcio…).

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 31 de outubro de 2018, 09:54
  39. Aliás, Guedes também disse que o Mercosul não é prioridade.

    O pessoal da CNI está perplexo! Até aqui, o Brasil lidera o Mercosul. Nem poderia ser diferente. É o maior país da região, tem a maior e mais bem estruturada economia da região, etc.

    Mas, nos últimos anos, o Brasil vem sendo posto pra escanteio pela concorrência chinesa. Os chineses vêm avançando feito tratores em cima de mercados que, antes, eram cativos dos produtos brasileiros.

    A última coisa que se espera ouvir de um estrategista econômico do governo brasileiro, é que o Mercosul não é prioritário. Isso significa escancarar as portas para os chineses aniquilarem de vez com os exportadores brasileiros, especialmente os de pequeno e médio porte, que exportam, preponderantemente, para países do Mercosul.

    Os neolibs são ótimos na oposição. No governo, só conseguem produzir desastres.

    O Guedes vai ter que se transformar num anti Guedes. E rapidamente! Do contrário, antes de ser pulverizado ele vai causar um estrago de bom tamanho.

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 31 de outubro de 2018, 10:05
    • O mais interessante desta história toda será ver os anti-comunistas bozistas se ajoelharem pedindo esmolas (aka investimentos) para os comunistas chineses. Passinho pra frente, passinho pra trás…

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      Publicado por Jose Silva | 31 de outubro de 2018, 11:16
  40. Há 30 anos Bolsonaro caminhou na sombra e cultivou o obscurantismo, silenciosamente. Agora estaria preparado para seguir a luz do sol?

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    Publicado por Luiz Mário | 31 de outubro de 2018, 10:22
  41. A IMPRENSA CONTRA TRUMP E BOLSONARO
    Por Felipe Moura Brasil

    Em 7 de agosto de 2016, após Donald Trump vencer as primárias do Partido Republicano para enfrentar Hillary Clinton na eleição geral, o colunista James Rutenberg começou um artigo no New York Times com a seguinte pergunta:

    “Se você é um jornalista que trabalha e acredita que Donald Trump é um demagogo que joga com as piores tendências racistas e nacionalistas da nação, que ele se aproxima de ditadores antiamericanos e que ele seria perigoso com o controle dos códigos nucleares dos Estados Unidos, como diabos você deve cobri-lo?”

    Há duas respostas condizentes à tradição do jornalismo: a primeira é que, se você é exclusivamente um repórter, deveria cobri-lo do mesmo modo que cobre qualquer pessoa com quem simpatize, prezando pela isenção na apuração e na exposição dos fatos, independentemente das suas crenças e posições pessoais. A segunda é que, se é incapaz de fazer isso, não deveria cobri-lo ou ser autorizado a tanto pelo seu chefe.

    Mas nenhuma dessas respostas é a que Rutenberg deu.

    Citando um editor que chamou Hillary Clinton de “normal” e Trump de “anormal”, Rutenberg sugeriu que “padrões normais” não se aplicavam.

    Ele admitiu que “o equilíbrio está de férias” desde que Trump começou a fazer campanha, e terminou declarando que “o trabalho do jornalismo é fiel aos leitores e telespectadores, e fiel aos fatos, de uma forma que resista ao julgamento da história”.

    O artigo até hoje é citado na parte jamais traduzida na imprensa brasileira do debate público americano – a não esquerdista – como uma tentativa de justificar a cobertura enviesada do Times e ainda uma voz de comando aos jornalistas anti-Trump, dizendo-lhes que era aceitável ser tendencioso, afinal a história os julgaria.

    Tanto que, semanas depois, Dean Baquet, editor executivo do Times, disse a um entrevistador que o artigo de Rutenberg “pregou” seu pensamento e o convenceu de que a luta pelo equilíbrio havia acabado. “Acho que Trump acabou com essa luta”, afirmou Baquet, terceirizando a responsabilidade pelo rebaixamento dos critérios jornalísticos.

    Como o Times é a nave-mãe da imprensa de esquerda, as portas foram abertas para que Trump fosse rotineiramente chamado de mentiroso, traidor, racista e até Hitler.

    Quase todos os veículos proeminentes demonizavam Trump e efetivamente apoiavam Hillary, em capítulo vexaminoso de partidarismo na história do jornalismo americano.

    E nem o fracasso desse esforço produziu uma mudança de comportamento. Após a vitória de Trump, cuja possibilidade não foi sequer vislumbrada por esses veículos e seus tradutores no Brasil (na grande mídia, fui o único a considerá-la ao longo de toda a corrida a eleitoral), tentou-se culpar uma intervenção russa e alegadas fake news disseminadas nas redes sociais, como se a imprensa não tivesse disseminado nenhuma.

    (A mais emblemática delas, para citar só um exemplo: a de que Trump ridicularizou a deficiência de um repórter do próprio Times.)**

    Em 24 de maio de 2018, o Brasil teve a sua versão discreta do artigo de Rutenberg.

    No segundo episódio do Foro de Teresina, podcast de política da Revista Piauí, da qual é editor, Fernando Barros e Silva relatou o seguinte a Malu Gaspar e José Roberto de Toledo:

    “Eu conversei com quatro colegas em cargo de chefia ou que tem grande visibilidade nos veículos em que atuam, foi uma conversa em ‘off’, ela estava falando do debate interno do veículo, como que o veículo está discutindo a candidatura do Bolsonaro. A Folha, ouvi entre outras coisas, tem a avaliação que o colunismo político do jornal é, e vai ficar mais ainda, massivamente contra o Bolsonaro; e a reportagem, isso não só na Folha, de uma maneira geral, vai tentar pegar o Bolsonaro de qualquer jeito, na linha: ‘Como posso prejudicar o Bolsonaro fingindo que estou fazendo jornalismo?’”

    Esta linha precisará ser sempre lida, relida e ouvida por quem quiser entender o que houve no Brasil em 2018. O editor da Piauí, cujo conteúdo digital é publicado pela Folha de S. Paulo, confessou sem pudor, em áudio, a dissimulação cínica que embasaria a produção do noticiário da imprensa, não apenas dos artigos de opinião.

    E, assim como nos EUA, nem o fracasso desse esforço no primeiro turno (em 7 de outubro) produziu uma mudança de comportamento. Ao contrário, quando surgiu (em 14 de outubro) um artigo intitulado “A imprensa precisa fazer autocrítica”, o entendimento foi que ela não prejudicou Bolsonaro o bastante.

    No texto, a colunista Fabiana Moraes, da Piauí, afirmou que o jornalismo diário brasileiro “confunde, desorienta” o público “quando não nomeia as coisas pelo que elas são”. “Um exemplo: quando chama crime de ‘polêmica’. Ameniza, doura a pílula, deixa soft.” Para ilustrar a tese, ela primeiro critica uma edição antiga da revista Placar sobre o ex-goleiro Bruno, que matou Eliza Samudio. A crítica à abordagem jornalística de um assassino, portanto, introduz a crítica à abordagem de Bolsonaro.

    Pulemos para esta última:

    “No domingo passado, após o resultado do primeiro turno das eleições, usou no discurso um ameaçador ‘vamos botar um ponto final em todos os ativismos do Brasil’. O que a imprensa fez? Como anteriormente, apenas reproduziu a fala – o que pode soar como um endosso – ou deixou as críticas para um ou outro colunista, sem se comprometer editorialmente. Um silêncio eloquente, acompanhado pelo do Supremo Tribunal Federal, do Tribunal Superior Eleitoral e do Ministério Público.

    As frases racistas, misóginas, homofóbicas e classistas do capitão da reserva foram muitas vezes colocadas pelo jornalismo brasileiro na conta do ‘folclórico’ e do ‘controverso’. Inúmeras delas integram listas na web, com direito a ‘as dez mais polêmicas’. (…) Quando a imprensa diminui o tom violento dessas falas e as classifica como ‘polêmicas’, ‘controversas’, ‘da zoeira’, termina vendendo como outra coisa as atitudes frequentemente criminosas de um homem público.”

    Na prática, a colunista cobra que a imprensa não só rotule negativamente as declarações de Bolsonaro, em vez de reportá-las ao leitor, mas que trate como crime aquilo que a colunista considera que é crime, sem que a Justiça tenha decidido que é.

    O artigo termina com uma lição de militância esquerdista à Rede Globo, que “já admitiu ter errado ao apoiar o golpe militar”, “mas, diferentemente de dezenas de revistas e jornais ao redor do mundo que usam as palavras certas para falar do candidato do PSL à Presidência (extrema-direita, ameaça, perigo, autoritarismo), está silenciosa sobre o Brasil de agora.”

    O ápice dessa histeria, no entanto, veio no dia 25 de outubro.

    A lulista Eleonora de Lucena, que comandou a Folha por dez anos, publicou no jornal um artigo em que afirma o seguinte sobre Bolsonaro:

    “É ditadura, é tortura, é eliminação física de qualquer oposição, é entrega do país, é domínio estrangeiro, é reino do grande capital, é esmagamento do povo. É censura, é fim de direitos, é licença para sair matando.

    As palavras são ditas de forma crua, sem tergiversação – com brutalidade, com boçalidade, com uma agressividade do tempo das cavernas. Não há um mísero traço de civilidade. É tacape, é esgoto, é fuzil.”

    O texto é quase uma versão esquerdista de “Águas de março” – são os rótulos de outubro fechando a eleição.

    Eleonora, seguindo a linha de Fabiana, acusou a própria Folha – que ainda tentava, sem provas, dar consistência ao “escândalo” do WhatsApp – de não ter feito o bastante contra Bolsonaro, e toda a “mídia” de ter se submetido aos “arrivistas do mercado”:

    “Agora que removeram das urnas a maior liderança popular da história do país, emporcalham o processo democrático com ameaças, violências, assassinatos, lixo internético. (…)

    Os arrivistas do mercado financeiro festejam uma futura orgia com os fundos públicos. Para eles, pouco importam o país e seu povo. Têm a ilusão de que seus lucros estarão assegurados com Bolsonaro. Eles e ele são a verdadeira escória de nossos dias.

    A eles se submete a mídia brasileira, infelizmente. Aturdida pelo terremoto que os grandes cartéis norte-americanos promovem no seu mercado, embarcou numa cruzada antibrasileira e antipopular. Perdeu mercado, credibilidade, relevância. Neste momento, acovardada, alega isenção para esconder seu apoio envergonhado ao terror que se avizinha.

    Este jornal escreveu história na campanha das Diretas. Depois, colocou-se claramente contra os descalabros de Collor. Agora, titubeia – para dizer o mínimo. A defesa da democracia, dos direitos humanos, da liberdade está no cerne do jornalismo.
    Não adianta pedir desculpas 50 anos depois.”

    Adiantar, teria adiantado culturalmente alguma coisa se alguém da imprensa brasileira que vaticinava o fim do mundo em 2016 tivesse pedido desculpas menos de dois anos depois da eleição de Trump, quando a taxa de desemprego nos EUA, em setembro, alcançou seu nível mais baixo desde dezembro de 1969, ou seja, em 49 anos.

    Agora é tarde. Esta eleição de 2018 (seja qual for o resultado de hoje) fica marcada pela tentativa da esquerda, dos demais histéricos e dos inocentes úteis de provar crimes futuros a partir de declarações passadas de um candidato, e de esconder ou amenizar crimes passados de um partido com novas promessas de um futuro melhor.

    A imprensa morreu nos últimos dois anos, acometida pelo desapreço à verdade e ao senso das proporções, mas o jornalismo, este sim, em novos meios, sobreviverá.

    (Felipe Moura Brasil, 28 de outubro de 2018)

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    Publicado por Zé Carlos | 31 de outubro de 2018, 10:36
    • O cara confundiu opinião de colunista com opinião do jornal. Colunistas têm liberdade para escreverem o que quiserem. A opinião do jornal é dada nos editoriais. Em resumo: confundiu alhos com bugalhos.

      Normal a posição dos bozistas: querem criar uma narrativa de que a grande imprensa persegue o pobre Bozo. O mais interessante é que esta é a mesma narrativa que o PT usava nas suas desculpas.

      Como sabemos pela história, todo governante populista precisa encontrar um inimigo para unificar os esforços dos seus fanáticos. O Lula escolheu a Globo e a Veja. Agora o Bozo escolhe a Folha de São Paulo. Viva o “novo” da políca brasildeira.

      Por sinal, o despreparo da equipe bozista está se tornando clara (veha esta nota da coluna Painel):

      “Chegou tarde, hermano Integrantes da área técnica do Ministério das Relações Exteriores se dizem chocados com a falta de informação de aliados do presidente eleito sobre política externa. Houve reação com os acenos ao Chile. Motivo: o Itamaraty finalizou há dez dias ampla negociação de acordo de livre comércio com o país.””

      Até agora o Bozo mostrou muito pouco para quem prometia que: (1) tinha um plano estruturado para salvar o país, (2) já tinha todos os ministros escolhidos com base na meritrocia; e (3) chegaria com uma nova forma de fazer politica.

      A única novidade mostrada até agora foi o NOVO lá em Minas Gerais. Começo a achar que os anti-lulistas que se diziam liberais escolheram o candidato errado para apoiar.

      Estamos de olho.

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      Publicado por Jose Silva | 31 de outubro de 2018, 11:13
      • Ou você sofre de algum distúrbio mental ou é um mau-caráter, José Silva. Ou os dois! Precisa de tratamento para seu transtorno obsessivo compulsivo.

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        Publicado por Zé Carlos | 31 de outubro de 2018, 12:28
      • Você leu o que eu escrevi? Comparou com o texto que você postou? O que você não concorda? Qual o seu argumento? És incapaz de pensar por sio próprio?

        Creio que você precisa mesmo de um tratamento sério para o seu transtorno explosivo intermitente. Vai te tratar rapaz!

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        Publicado por Jose Silva | 31 de outubro de 2018, 12:39

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