A Vale é dona da província mineral de Carajás, no Pará, a maior do planeta, que explora desde 1985 e com a qual se tornou a maior exportadora de minério de ferro, sobretudo para a Ásia. Há meses a mineradora faz uma campanha institucional através da mídia, talvez a maior em curso no Brasil, se espalhando por jornais impressos, emissoras de televisão e rádio e pela internet. O mote da campanha é a expressão (re)descobrir, que definiria a natureza da companhia, desestatizada no governo Fernando Henrique Cardoso, em 1997. Diz o texto de abertura:
“Questionadores, inquietos, desafiadores, somos redescobridores.
Porque, para nós, redescobrir é sinônimo de evolução. Acreditamos que não existe nenhuma ideia no mundo que não possa ser reinventada, repensada e melhorada. Porque é possível, sim, fazer melhor, de maneira mais eficiente e sustentável. E é assim, redescobrindo soluções para essas questões, que vemos novas formas de enxergar o futuro”.
Na apresentação dos vídeos incluídos no seu portal, a companhia apresenta números atestando a sua capacidade, que se tornariam mais convincentes se detalhasse os resultados:
* 8,5 mil km2 de áreas protegidas, equivalente a 5,6 vezes o total de áreas ocupadas pelas unidades operacionais (poderia localizar as unidades, identificá-las e fornecer um resumo da sua condição atual).
* US$ 14 milhões investidos pela Fundação Vale em 52 projetos em 65 municípios (quais projetos? Em quais municípios? Como se encontram?).
* 55% da eletricidade consumida vem de autoprodução (quanto gera de energia, onde estão e quais as características dessas unidades?).
* Maior produtora de patentes no setor nos últimos sete anos no Brasil (rol dessas patentes).
Respostas simples a essas perguntas poderiam ter sido incluídas na exposição itinerante organizada pela Vale, de uma pobreza espantosa, como se a empresa não considerasse o povo inteligente, capaz de entender matérias mais complexas do que fantasias e primariedades.
Uma pergunta coerente com esse desafio que os paraenses podem fazer: a Vale pode redescobrir um papel não colonial para o Estado do Pará? Pode redescobrir um meio de dar aproveitamento industrial ao seu minério de ferro, o mais rico do planeta?
Com a resposta, o redescobridor, se a possui ou está disposta a procurá-la, com seu faro inventivo.
(Jornal Pessoal, dezembro de 2018)
Fugiria ao tema da campanha, mas todo o paraense merece saber: quanto deixou de pagar ao Estado do Pará graças à malfadada Lei Kandir.
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Excelentes perguntas.
Só acredito e reconheço os números de mortos em Brumadinho e Mariana.
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Perguntar não ofende: o que ganha o Pará com a exploração de seus minérios?
Quanto se gasta com a miséria atraída por essa exploração?
Vale a pena a Vale?
A Vale leva a riqueza e o Pará leva ferro!
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