O Sintepp, sindicato dos professores, denunciou uma “verdadeira queima de arquivo” que a Secretaria Municipal de Educação fez da sua papelada, jogada sobre um caminhão e levada para destino não informado. A Semec confirmou que, desde o dia 23, faz “uma limpeza geral para descartar documentos que já estavam guardados no arquivo há mais de 40 anos, sem necessidade de preservação”.
E disse mais: que faz essa limpeza todos os anos “para liberar espaço no arquivo geral e, assim, arquivar os documentos necessários à preservação da instituição”.
O descarte de papel em arquivos sempre foi a parte mais delicada, importante e perigosa na vida desse setor da atividade humana. Todo órgão público que produz documentos deveria ter uma comissão técnica qualificada para realizar esse serviço essencial. A Semec tem um? Quem mais tem, na administração pública local?
Até convincente prova em contrário, um arquivo que possui documentos com idade superior a 40 anos deve agradecer por dispor desse patrimônio e tratá-lo com a maior seriedade possível. Mesmo que não tenha mais utilidade prática imediata ou burocrática, pode – e deve – ser encaminhado para um arquivo morto – morto apenas no nome se usa a papelada para preencher os vácuos do registro histórico. Vazios que a documentação eletrônica não ocupa agora e talvez não ocupe nunca.
Anos atrás, o Idesp (o primeiro órgão estadual de planejamento no Brasil) foi extinto numa manhã em que o déspota de plantão (supostamente esclarecido) amanheceu de mau humor e fulminou o instituto, que contrariara o que dizia o então governador Almir Gabriel sobre o emprego (ou desemprego) no Estado. A biblioteca especializada foi retalhada e colocada sobre caminhão para ser entulhada numa biblioteca de obras gerais.
Pará é isso.
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