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Política

Dossiê Lula/PT – O renascimento da Petrobrás

(Publicado em 3 de março de 2015)

O PT acusa o PSDB de querer privatizar a Petrobrás. De fato, o senador tucano José Serra defendeu a tese recentemente. Mas o que o PT tem feito é destruir a estatal por dentro. Herdou problemas e irregularidades, como quase todos os governos a partir dos anos 1960. Mas os multiplicou como ninguém antes, para parafrasear o ex-presidente Lula.

A dívida da Petrobrás chegou a 332 bilhões de reais, num grau tão perigoso que a agência de classificação Moody’s a rebaixou para a apreciação do mercado de ações e investimentos. Só vai continuar a operar financeiramente com a empresa quem cobrar muito mais do que vinha fazendo, porque o grau de classificação é agora especulativo.

Segundo a Folha de S. Paulo de hoje, de 19 milhões de reais por ano para auditar as contas da estatal, a consultora internacional Pricewaterhouse Coopers vai cobrar agora R$ 47 milhões – o que dá uma pequena medida da elevação de custos da Petrobrás. A PwC se recusou a assinar o balanço do quatro trimestre do ano passado porque as demonstrações não excluíam prejuízo por conta do chamado “petrolão”. O impasse ainda perdura. Nele, estão em jogo tanto a imagem da petrolífera quanto a da empresa de auditagem, uma das mais importantes do mundo.

Para enfrentar essa maré ruim a Petrobrás anunciou, ontem, que pretende vender bens do seu patrimônio para arrecadar até 13,7 bilhões de dólares (R$ 39 bilhões) com as vendas neste e no próximo ano. Assim poderá responder a cobranças no valor de US$ 11 bilhões, 25% a mais do que estava previsto no seu Pano de Negócios 2014-2018.

De roldão, a liquidação vai engolir campos de óleo e gás, refinarias, dutos, terminais e a rede de postos de combustíveis, além de empreendimentos de gás e energia. Se conseguir reduzir seu elevadíssimo endividamento, recompor a sua capacidade de investimento e expurgar o prejuízo causado pela corrupção desenfreada, que criou a Operação Lava-Jato, a Petrobrás poderá recuperar a saúde. Mas quando? A que custo?

Necessariamente, não poderá mais manter o seu perfil atual, minado pela promiscuidade entre seus dirigentes e executivos e os partidos políticos no poder. As ideias apresentadas por Serra não são exatamente de privatização, expressão demoníaca que turva as discussões mais corajosas e profundas. Mesmo se polêmicas ou equivocadas, elas formam uma boa agenda para a sociedade usar na discussão sobre a forma de renascimento que a estatal deverá seguir para se reconciliar com seu passado glorioso.

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