A Amazônia foi a região que mais forneceu energia, ontem, para o restante do país, segundo boletim do ONS (a agência federal que monitora o sistema elétrico elétrico integrado do Brasil). O subsistema Norte transferiu 10.550 megawatts, muito mais do que Itaipu Binacional, que enviou 6.746 megawatts. As demais regiões (Sudeste/Centro-Oeste, Sul e Nordeste) foram deficitárias, absorvendo das duas únicas fontes de remessas líquidas.
Ontem, a região Norte estava produzindo 16.462 MW, mas a carga (seu próprio consumo) era apenas pouco superior a um terço do total: 5.917 MW. Era menor do que a máxima, de 6.478 MW, registrada no dia 27 de agosto do ano passado. E da média histórica, em virtude da redução do consumo de um poderoso cliente no mercado livre.
Assim se consolida a mais recente função colonial da Amazônia: maior exportadora de energia bruta do Brasil. Embora seja a região de menor consumo de energia (12% do total nacional, de 72.000 MW), demanda que se concentra, sobretudo, nos grandes empreendimentos minerais de exportação, localizados no Pará (que também é o maior produtor de energia), o Norte já é o segundo maior gerador de hidreletricidade do Brasil.
Seus 15.585 MW só são inferiores aos 23.975 MW do Sudeste e Centro-Oeste somados, superando o Nordeste (6.537 MW) e o Sul (5.534 MW). Por outro lado, as demais formas de criação de energia são modestíssimas ou insignificantes, como a térmica (837 MW), a eólica (39 MW) e a solar, que não passa de um único MW (enquanto no Nordeste, com 5.617 MW, está a mil MW de superar a energia de fonte hidráulica).
Os números confirmam uma realidade concreta: por ser considerada uma província energética, a Amazônia continuará a receber grandes projetos hidrelétricos, cuja principal finalidade (ou mesmo exclusivo objetivo) será o de continuar a transferir volumosas cargas de energia para as regiões mais desenvolvidas do país, agravando as disparidades entre a fronteira e o centro do poder (e do dinheiro) do país.
COMPLEMENTO
Igor, leitor deste post, comentou:
“O efeito desse colonialismo energético a gente sente na conta de luz todo mês”.
Efeitos em cadeia se sucederam.
Os tucanos do Pará se calaram quando o modelo foi sendo imposto, de FHC a Temer, escoando livremente por Bolsonaro.
Privatizaram a Celpa a preço de PSDB, numa venda feita a toque de caixa e sob o silêncio da opinião pública, como sempre.
Para compensar a cobrança do ICMS, feita não na fonte de geração da energia, mas na de consumo (item importante do colonialismo energético), engolida a seco, taxaram o consumidor paraense com a mais pesada alíquota do imposto do país.
São três décadas de espoliação. E os cidadãos não querem se informar a respeito – e nem debater. Merecem o castigo, embora, infelizmente, a conta maior vai pesar sobre a cabeça do ofendido, humilhao e explorado de sempre.
até quando continuaremos exportando energia, matérias primas? E o povo?
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Ao que parece, Miro, por muito tempo.
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O efeito desse colonialismo energético a gente sente na conta de luz todo mês.
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