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Ciência

Uma infâmia!

Cinco semanas antes do fim do governo Bolsonaro, em 16 de novembrodo ano passado, o ministro da Ciência,Tecnologia e Inovações, Paulo César Alvim nomeou Antônio Carlos Lobo Soares para a direção do Museu Goeldi, substituindo Ana Luísa Albernaz, que dirigiu a instituição entre 2018 e 2020.

O ministro eu não conhecia e dele nunca tinha ouvido falar. Conheço bem a família Alvim, uma das mais famosas do Rio de Janeiro, repleta de gente ilustre, como Maria Amélia Alvim Buarque de Hollanda, mulher de Sérgio Buarque de Hollanda, mãe de Chico Buarque e neta de Cesário Alvim, nome de rua na terra carioca.

A Wikipédia diz que Paulo César é “engenheiro civil, formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mestre em Ciência da Informação, formado pela Universidade de Brasília. 1982 a 1984 foi analista de projetos das áreas de transporte e energia. 1985 a 1986, foi analista técnico da Secretaria de Tecnologia Industrial do MIC, atuando nas áreas de energia e tecnologia industrial básica. 1987 a 1989 foi Técnico do SEBRAE, atuando nas áreas de apoio tecnológico aos pequenos negócios e superintendente da área de modernização e cooperação técnica”.

Tem currículo, mas como integrou por nove meses finais o famigerado governo Bolsonaro, virou praga e tudo em que tocou ficou contaminado.

Mas Antônio Carlos Lobo Soares eu conheço de longo tempo – e o admiro. No dia da sua nomeação, a agência de notícias do Museu Goeldi distribuiu um perfil dele. “É arquiteto, museólogo e artista plástico. Aperfeiçoou-se em Biologia e Manejo de Animais Silvestres em Cativeiro, pela Fund. Parque Zoológico de São Paulo e Smithsonian Institution, Washington DC, USA (1988) e em Administração de Projetos Culturais pela Fundação Getúlio Vargas (1993). Concluiu o mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano na Universidade da Amazônia (2009) e obteve o Diploma de Formação Avançada em Engenharia Acústica pela Universidade Técnica de Lisboa (2010). Em 2017 concluiu o Doutoramento em Arquitetura pelo Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa”.

Demiti-lo cinco semanas depois que foi nomeado e com menos de duas semanas de um novo governo, eleito pela maioria do povo brasileiro para afastar as trevas da obscuridade, é uma infâmia. Quaisquer que tenham sido eventuais boas intenções, é aquele tipo de pedra que traça o caminho do inferno.

Discussão

4 comentários sobre “Uma infâmia!

  1. Nenhuma palavra sobre o propósito de nomear alguém para dirigir uma instituição como o Emílio Goeldi, a menos de 2 meses do fim do mandato presidencial?

    Já vi nomeações durante a transição. Nesse caso, o governo que sai nomeia alguém indicado pelo governo que entra. Alguém que, no fim das contas, seria nomeado para o cargo, de qualquer modo.

    Não sendo assim — e não sendo possível manter a pessoa que está no cargo — a praxe é designar um funcionário de carreira para responder pelo expediente, até à posse do novo governo.

    O que não faz sentido é manter no cargo alguém que não participou da formulação política do novo governo, somente porque está no cargo há apenas 5 semanas (eis que, do ponto de vista da qualificação, o substituto e o substituído se equivalem).

    “Infâmia”? Certamente que não! Infâmia é outra coisa…

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    Publicado por Elias Granhen | 28 de janeiro de 2023, 15:28
    • No caso, não se trata de um arrivista, um aventureiro, alguém que desceu de paraquedas no Goeldi, mas de um dos seus mais antigos servidores, da área de pesquisa, com um currículo limpo. Ao menos por respeito e consideração, deveriam ter promovido um debate público antes de consumar o ato. Eu, que conhece o Antônio há muito tempo, sempre dentro do museu, fiquei surpreso pela acusação feita contra ele de ser bolsonarista. No dia do anúncio da sua nomeação, escrevi a respeito. Ninguém comentou. Ninguém do museu até agora. E eu já fui homenageado pela instituição.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 28 de janeiro de 2023, 15:51
  2. Sendo ele seu amigo, sua inconformidade com exoneração dele é mais que compreensível, e elogiável.

    Ainda assim, a exoneração não é uma infâmia.

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    Publicado por Elias Granhen | 28 de janeiro de 2023, 19:08
    • Não sou exatamente amigo dele. Como ressaltei no texto, nos encontrávamos em atividades no Goeldi. Nunca nos frequentamos fora desse ambiente. Jamais escrevi a favor de amigos por serem amigos. Encerrei muitas amizades, algumas verdadeiras, porque nunca condicionei o que escrevo a qualquer tipo de relação pessoal. Todos que me conhecem sabem disso. Por ser uma característica pública e notória da minha atividade jornalística, poupo-me de citar exemplos, que são numerosos. Mas os verdadeiros amigos têm aceitado essa condição, que sempre deixei claro. Quanto ao Antônio Carlos, o que mais me indignou foi o método adotado. Quanto ao mérito, é preciso esclarecê-lo muito ebm, Para isso, é preciso haver um debate,

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 28 de janeiro de 2023, 19:25

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