(Reproduzo a seguir dois textos. O primeiro, publicado no ano passado neste blog. O primeiro, retirado de um Facebook, Jornalismo urubu e um comentário feito por Palmério Dória.)

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Ano 56

(Texto do blog de 5 de maio de 2022 

Foi no da 5 de maio de 1966 que entreguei meu primeiro texto para ser publicado na edição do dia seguinte de A Província do Pará. Contratado, com carteira assinada (embora como estagiário, conforme facultava a lei trabalhista, por 90 dias, com salário “de menor”), me tornei jornalista profissional, a cinco meses de completar 17 anos. Era então jornalista amador.

Sem contar os jornaizinhos artesanais, escrevi – sem assinar – alguns números em uma página sobre curiosidades na Folha do Norte, ainda na liderança da imprensa, mas já em plano inclinado. Curiosidades extraídas dos almanaques Bertrand e do Porto, comprados no sebo do Dudu.

Em 1965, criei um programa de rádio, Gente Jovem, apresentado no domingo à noite, logo depois do jogo de futebol, na Rádio Guajará, de Conceição e Lopo de Castro. Começava com uma música, prosseguia com a análise da letra dessa composição, ia em frente com notícias e arrematava com uma entrevista. Tive a companhia sucessiva de Hamilton Guedes, Lenilzon Sá Holanda e Palmério Dória.

O programa acabou quando papai foi chamado à 2ª seção do exército e o coronel Décio Chamillot, chefe do serviço secreto, lhe disse que ele estava patrocinando (através da Cerâmica Marajó), um programa subversivo. Papai ouviu, não achou que era subversão, mas me pediu que parasse para poupá-lo de problemas. E assim a intimidação venceu.

Mas não entreguei os pontos. Continuo na atividade jornalística, do jeito que posso, limitado pelo jornalismo que se pratica aqui (e em parte no restante do país), pela idade, a doença e circunstâncias outras. Mas, como dizia o poderoso Eloy Santos, “de pé”.

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Jornalismo Urubu

(Maio de 2014)

– Entende-se que o grupo Liberal, afiliado à Rede Globo, simplesmente ignore que um paraense, Lúcio Flávio Pinto, foi o único brasileiro na lista dos 100 heróis mundiais da informação dos Repórteres Sem Fronteiras. Afinal, o editor do jornal-de-um-homem-só, o Jornal Pessoal, é desafeto da corporação. Seus donos ficam irados porque o repórter revela suas tramoias por trás de supostas campanhas jornalísticas. Mas uma Maiorana, Rosângela, garante que esse boicote terminará quando o jornalista morrer:

“Aí daremos na primeira página”, disse ela, fria, diante da juíza que a ouvia num dos cinco processos que moveu contra Lúcio Flávio.

Palmério Dória

São Paulo  · 

De Paris, Repórteres Sem Fronteira foi buscar em Belém do Pará o único jornalista brasileiro, dentre 100, para ser herói mundial da informação.

Grande honra? Não para a grande imprensa nacional e paraense. Umas raquíticas linhas a respeito e nada mais. Olho clínico o dos RSF. Para os seus (inimigos não declarados), Lúcio continua invisível.

Entende-se que o grupo Liberal, afiliado à Rede Globo, simplesmente ignore que um paraense, Lúcio Flávio Pinto, foi o único brasileiro na lista dos 100 heróis mundiais da informação dos Repórteres Sem Fronteiras. Afinal, o editor do jornal-de-um-homem-só, o Jornal Pessoal, é desafeto da corporação. Seus donos ficam irados porque o repórter revela suas tramoias por trás de supostas campanhas jornalísticas. Mas uma Maiorana, Rosângela, garante que esse boicote terminará quando o jornalista morrer:

“Aí daremos na primeira página”, disse ela, fria, diante da juíza que a ouvia num dos cinco processos que moveu contra Lúcio Flávio.

Ódio e rancor sem fim. Jornalismo? Zero.