O primeiro caso de apreensão de carro contrabandeado que a imprensa de Belém registrou aconteceu 70 anos atrás, em setembro de 1954. Um automóvel Mercury foi localizado numa serraria no furo do Maguari, em Maracacuera. A carga foi trazida de Paramaribo pelo barco Maria, entrando em Belém por Abade, em Curuçá. No locak foram localizados ainda outro automóvel, um Super-Buick, e 130 caixas de uísque Victory Club.
O Ford sumiu. Seguindo uma pista anônima, a polícia chegou à residência do então superintendente da SPVEA, o historiador (e futuro governador do Amazonas) Arthur Cezar Ferreira Reis, que morava no número 2 da rua Gama Abreu. Mas logo foi desfeito o terrível mal-entendido. Reis, indignado, defendeu a sua honra, protestando contra a “infâmia”.
Esse foi o primeiro registro, mas as viagens com contrabando na rota entre Paramaribo e Belém já eram intensas, com carga menor. E se expandiriam muito pelos 10 anos seguintes, envolvendo muita gente. E dando a Belém o título de capital do contrabando no Brasil.
Em 1959, meu pai foi ao RJ para fazer uma cirurgia de catarata e aproveitou para conhecer São Paulo. Lá, um dia, ele chamou um táxi e foi conhecer o Butantã. Era época de vacas gordas, meu pai colocou sua melhor roupa para apreciar o local onde fabricavam o soro contra veneno de cobras. No fim da corrida, o motorista perguntou a procedência dele e meu pai disse tinha ido de Belém. Aí o motorista arregalou os olhos e foi direto: – Eu logo vi, nessa pinta braba só podia ser contrabandista. Tem por aí algum Cavalo Branco?
CurtirCurtir
Até os moleques manjavam o White Horse. A tampa amarela, de borracha dura e alta dava um excelente zagueiro central no jogo de botão.
CurtirCurtir