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Imprensa

O fim do jornalismo do dia a dia

Minha cobertura dos mais importantes fatos de cada dia, principalmente situados na Amazônia e no Pará, chega ao fim, 58 anos depois de ter começado, em uma página de A Província do Pará de 6 de maio de 1966. Precisei de tempo para me conscientizar dessa situação e me conformar a ela. Falta-me agora a saúde, que havia até ser diagnosticado com o mal de Parkinson, sete anos atrás, sem atinar à doença desde uns anos antes, quando ela já dava alguns sinais da sua presença, com os seus efeitos degenerativos e a falta de cura.

Durante os quase 10 anos de duração deste blog, iniciado em agosto de 2014, em algumas edições trabalhei como se estivesse ainda na redação de um jornal da grande imprensa, na qual me instalei aos 16 anos. Postando até 12 matérias em uma só edição, constatava que várias delas continham informações exclusivas, o que na redação se chama de “furo”, dentre as quais algumas de grande importância para a opinião pública.

Minha intenção, ao fazer a comparação entre o que o blog publicava e o que saía na grande imprensa, era mostrar que temas e questões não faltavam a uma pauta jornalística ajustada ao cotidiano de acontecimentos em uma região de tal destaque e de acontecimentos de interesse mundial. Os jornais é que estavam fugindo do seu compromisso com a sociedade. Não se empenhavam em informá-la sobre o que havia de história no dia a dia das suas vidas.

Procurei mostrar que um pouco mais de atenção e disposição possibilitariam à imprensa acompanhar os atos do poder público, essa imensa e monstruosa máquina de gerar ameaças e infortúnios aos cidadãos. Bastaria criar uma seção com o produto resultante da análise e interpretação dos atos oficiais reproduzidos pelo Diário Oficial, sem acrescentar qualquer juízo de valor. Seria traduzir a linguagem codificada do DO e explicá-la claramente para o leitor.

Assim se estabeleceria uma relação de respeito positiva, caso o governo aceitasse (ou fosse induzido a) participar de um debate diário, a ser animado por suas explicações e demais respostas aos questionamentos que lhe fossem fetos. Não estariam os jornais na posição de vassalos dos poderosos, quando não de bobos da corte.

Os adversários da função que a liberdade de imprensa desempenha na preservação do regime democrático logo assacariam a classificação de utopia impossível a esse projeto. Eu o realizei durante vários anos, à custa da dedicação de tempo cada vez mais longo para ter um produto de alta qualidade. Mas foi praticamente em vão esse esforço. Tê-lo mantido durante tanto tempo serviu ao menos para provar que a utopia é possível. Os homens é que a rejeitam previamente.

É o que explica o silêncio ignóbil do governo Helder Barbalho, apesar de em um único caso, o do pet-scan do Hospital Ophir Loyola, ter sido provocado 109 vezes a explicar o inacreditável encaixotamento do aparelho de diagnóstico de câncer por sete anos.

Foi maior a duração de outra utopia, o Jornal Pessoal. Com apenas duas interrupções, ele durou 32 anos, entre 1987 e 2019. Sem aceitar anúncios, sem usar cor, com escassas fotografias, exceto na seção Memória do Cotidiano (mas com a decisiva participação de Luiz Pinto, meu irmão, na edição gráfica e preciosas ilustrações), ele foi lido em vários países, além do Brasil, alcançando repercussão internacional. Durante 32 anos mantive o jornal impossível, perseguido, agredido, processado judicialmente, com imenso sacrifício para mim e minha família. Com um preço cujo tamanho só agora estou constatando.

Gostaria de escrever mais, porém meu estado (de falta) de saúde não permite, atravancando até o manejar as palavras no teclado do computador. Limito-me aqui a este anúncio, do fim da cobertura do cotidiano neste blog. Dou esse aviso porque algumas pessoas me cobraram explicação para a pausa. Se o blog prosseguirá e, em caso de continuar, sem o dia a dia, qual passará a ser sua diretriz editorial, isto é motivo das minhas sofridas reflexões neste momento. Gostaria de as partilhar com os leitores e os amigos que ainda me acompanham.

Discussão

46 comentários sobre “O fim do jornalismo do dia a dia

  1. Uma angústia tomou conta de mim…

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    Publicado por Simone | 25 de maio de 2024, 16:44
    • Lamento, Simone. Dizer que sinto muito não é retórica. Vivo um dos momentos mais difíceis da minha vida.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 25 de maio de 2024, 17:09
      • É principalmente por esse momento difícil da sua vida. Saber disso e não poder ajudá-lo…Um sentimento de impotência.

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        Publicado por Simone | 25 de maio de 2024, 17:16
      • Você tem ajudado. Podemos conversar. Você pode também mandar sugestões.

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 25 de maio de 2024, 18:29
      • Será um prazer poder ajudar e quero sim poder conversar com o sr. o quanto antes para trocarmos ideias. O front precisa continuar mesmo que eu tenha nas mãos pequenas pedras…

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        Publicado por Simone | 25 de maio de 2024, 19:49
      • Vamos ver se marcamos ainda nesta semana. Você está em belém?

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 26 de maio de 2024, 07:52
      • Prof. ainda não estou em Belém. Mesmo à distância quero poder ajudar com o pouco que tenho a oferecer. Podemos discutir ideias sim.

        Saúde e tranquilidade te desejo sempre.

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        Publicado por Simone | 26 de maio de 2024, 18:46
      • Obrigado, Simone. Gostaria que você, como outros leitores, respondesse à pergunta: como gostariam que o blog continuasse?

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 27 de maio de 2024, 08:58
      • Maravilhosa e importante pergunta, prof. Lúcio!

        O blog merece sim continuar pois é um excelente serviço prestado ao povo e principalmente à verdade dos fatos ao longo da sua existência.

        O formato atual é uma maneira interessante de continuar. Poderia seguir tranquilamente nesse formato se tivéssemos mais braços. Digo isso porque como não tenho habilidades da escrita refinada como a dos colegas das ciências humanas (jornalistas, sociólogos, historiadores etc.) e jamais conseguiria em tão pouco tempo manter no ar a potência diária da sua escrita. O sr. consegue apurar, analisar, escrever e reeditar em pouco tempo e isso é o máximo! Um verdadeiro modos operandi do jornalismo!

        Estava pensando que se tivéssemos mais braços poderíamos trabalhar em grupo. O que o sr. fazia sozinho, poderíamos nos dividir mesmo que a frequência das postagens fosse menor, pois assim o blog se manteria. Assim, o sr. poderia acompanhar tudo numa intensidade cada vez menor de trabalho, respeitando seus limites e a sua saúde. O sr. poderia gravar áudios ao invés de digitar para dar orientações e para dar as valiosas dicas do verdadeiro jornalismo de combate.  

        Uma outra opção, caso não se forme um grupo, seria o formato de áudios. Por exemplo, o sr. gravaria trechos curtos para postagens para os chamados podcast. Esse formato pode ser publicado aqui mesmo na sua página, podendo assim reduzir a frequência dessas postagens, tudo para manter a sua tranquilidade e saúde. Essas postagens posso fazer caso seja do seu interesse, professor. Vamos aguardar para saber de outras ideias.

        Caros colegas, admiradores e amigos do prof. Lúcio, VAMOS??

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        Publicado por Simone | 27 de maio de 2024, 09:57
      • Obrigado, Simone, por tantas e tão imediatas observações e sugestões. Já tentei várias formas, como você sugere, mas não deram certo. Fiz um jorna coletiva, o Bandeira 3. É mais difícil manter uma publicação múltipla do que uma solitária. Por isso, o JP e o blog foram de autor único. Equipe é mais complexa (o B3 só durou sete números). Além de outras questões operacionais, como manter fontes exclusivas, etc.

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 27 de maio de 2024, 14:55
      • Entendo professor e é uma pena mesmo não contarmos com os braços firmes e mentes talentosas que temos por aí. Estou à sua disposição para ajudar, mesmo à distância, no que for necessário. Mas o que eu queria mesmo era poder ajudar a passar o seu acervo material físico para a forma digitalizada no seu blog. Ficaria incrível, não é? Saudades,

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        Publicado por Simone | 30 de maio de 2024, 18:36
      • Incrível, sim. E necessário. Saudade voa daqui praí, Simone.

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 30 de maio de 2024, 19:29
      • Vai ficar incrível!!!! 🙂

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        Publicado por Simone | 30 de maio de 2024, 20:39
  2. Ler este blog tem sido minha rotina nestes anos. De muita coisa tomei conhecimento em primeira mão, sendo uma importante ferramenta no meu trabalho, até dezembro de 2022, quando me aposentei. Depois continuei lendo para me atualizar com a realidade dos fatos, pois há muito, em jornais, só leio alguns articulistas. A sensação é de uma enorme perda para o jornalismo e para nossa cultura, sem contar o quanto aprendi e melhorei minha escrita, lendo teus excelentes textos. Muita paz.

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    Publicado por ADEMAR A DO AMARAL | 25 de maio de 2024, 20:02
  3. Há sabedoria em estabelecer limites, Lúcio, principalmente, quando envolve saúde e bem-estar.

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    Publicado por CRISTINA GEMAQUE | 25 de maio de 2024, 21:16
  4. Caro Lúcio, sinto muito por sua decisão , mas acredito que por hora é a melhor coisa a fazer, afinal em saúde nao podemos fazer nada. Desejo-lhe melhoras na medida do possível. Descanse um pouco guerreiro, e sempre que tiver vontade e condições saiba que terás leitores lhe acompanhando nas suas análises e reflexoes do nosso dia a dia dessa terra tao sofrida que é o nosso Pará.

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    Publicado por viniciospp30 | 25 de maio de 2024, 21:21
  5. Cuide da saúde, amigo.

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    Publicado por Edyr Proença | 25 de maio de 2024, 21:29
  6. Lúcio, sou uma amazônida, morando na Malásia, e sempre acompanho daqui do outro lado dos trópicos o que acontece na Amazônia pelos teus textos. Apesar das diversas divergências do ponto de vista político/ideológico, consigo captar desde muito jovem, quando ainda era estudante de Direito na saudosa UFPA, a riqueza minuciosa do teu trabalho para nos informar sobre o que acontece na região e a tua saga anticolonialista em defesa da região que muito me inspira a seguir pensando num presente e num futuro menos cruel e colonial para Amazônia. Muito Obrigado por tudo!

    Como sugestão, seria muito interessante se pudesses continuar teu trabalho jornalístico através de outros veículos de mídias digitais, como a gravação de podcasts com vários episódios sobre a Amazônia (no Spotify, por exemplo), em que poderias narrar até mesmo as histórias já escritas e registradas pelo teu trabalho. Como sempre gostei muito de te ouvir palestrando e da tua capacidade de análise crítica também com as palavras, acho que seria um valiosíssimo registro para a continuidade do teu imprescindível trabalho em defesa da Amazônia!

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    Publicado por Rômulo Morais | 26 de maio de 2024, 05:08
    • Obrigado pelo estímulo e as sugestões. Estou tateando entre o restabelecimento da paz interior e a busca de um novo rumo. Já tentei outras mídias, mas não deu certo até agora, por culpa minha.
      Uma curiosidade, já que você está num país que penetrou na economia mundial substituindo a produção de borracha da Amazônia: qual o seu trabalho aí? Há quantos anos está na Malásia? Como vê a Amazônia daí?

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 26 de maio de 2024, 08:02
  7. Quanto orgulho do homem que vc é. Te amo

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    Publicado por Truffier Janaïna | 26 de maio de 2024, 07:59
  8. Lúcio, esta tua decisão deve agradar àqueles que se sentiram incomodados com tuas matérias jornalísticas. Prefeitos, governadores, secretários, desembargadores, empresários, pessoas que não aceitaram exposição não de suas vidas pessoais, mas de seus afazeres públicos. Pessoas mal intencionadas que tiveram suas intenções reveladas. Tua saúde certamente foi prejudicada mais por aqueles sufocantes processos judiciais feitos para te arrasar, mesmo. Que consumiram teu tempo integralmente não te restando tempo para teus filhos, teus irmãos, teus livros. Até tua casa sofreu consequências. E tudo o que fizestes foi revelar o que foi de mal feito dando oportunidade ao mal feitor se esclarecer. Feitos humanos mal criados, foram reclamar ao tribunal como os Maiorana fizeram depois que o pai deles morreu. Certamente, Rômulo pai nunca deixaria isso acontecer porque o império por ele montado teve tuas duas mãos. Mas não há de ser nada, irmão. Eu, Paulo, Elias, Luiz e Eliaci ainda estamos contigo. Deixa esses miseráveis de lado. O Pará sempre foi colônia e continuará sendo. Até quando não sabemos.

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    Publicado por pedrocarlosdefariapinto | 26 de maio de 2024, 09:55
  9. Lúcio, a você tenho muito a agradecer, tanto pelo escreveu sobre o Pará e a Amazônia, quanto pelo apoio ao meu blog Cabanagem Redescoberta, em divulgando muito de suas postagens. Enquanto os historiadores ignoraram e ignoram completamente o blog, você foi um dos poucos a recomendá-lo. Desejo força e disposição para que continue, na medida do possível, a nos brindar com seu precioso conhecimento.

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    Publicado por ricardoconduru | 26 de maio de 2024, 10:37
  10. Amigo Lucio, apenas duas palavras: gratidão e saúde.

    Grande abraço fraterno

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    Publicado por jmbsouza | 26 de maio de 2024, 12:15
  11. Se é o que tô pensando, o senhor vai fazer falta justamente no momento em que o jornalismo brasileiro, e quiçá mundial, passa pelo pior momento de sua existência e tá no UTI respirando por aparelhos, com risco de morrer por falência múltipla de órgãos (por vários motivos, entre eles defasagem, atraso, baixa audiência, partidarismo, ideologia, o fato de muitos jornalistas só estarem preocupados apenas com seus empregos e com seus salários, ao invés de se preocuparem com a ética jornalística, etc). Mesmo assim, compreende-se os motivos de sua decisão, Lúcio, afinal, como diria um ditado bíblico, a carne humana é fraca.

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    Publicado por igor | 26 de maio de 2024, 12:48
  12. Eu lamento muito, Lúcio. Mas é claro que você não está sozinho e é claro que a sua luta não é em vão. Em tempos tão sombrios, quando as mentiras tem tanto apelo e fertilidade, a sua estrela é uma das que mais brilham nesta escuridão. E a estrelas guiam.
    Um abraço e uma semana feliz para você, sua família e amigos.
    https://aldrinianas.wordpress.com/

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    Publicado por Aldrin Iglesias | 26 de maio de 2024, 14:02
  13. Caro Lúcio, ainda não estou convencido de que esta despedida seja a última; mas de qualquer forma lhe desejo muito e sinceramente que fique de bem com a vida e que encontre o calor humano que lhe seja tão ou mais reparador do que qualquer tratamento médico.

    Não seja tão rigoroso consigo a ponto de temer que alguma limitação possa prejudicar a sua valiosíssima contribuição para a cultura nesta terra. O seu notório saber já está plenamente reconhecido.

    Frequentei apenas um lugar em comum e isto já fechou faz anos; depois disto nunca mais conversamos pessoalmente; mas o acompanhei pelo J.P. e depois através deste blog.

    Arrume o seu oratório.

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    Publicado por J.Jorge | 27 de maio de 2024, 07:04
  14. Bom, eu abro este blog todos os dias e acho que qualquer jornalista deve fazer isso. Você sempre será um grande professor. Estou aguardando uma folga no orçamento (brevemente) para contribuir com a publicação. Acho que o blog pode continuar sim, não diário até porque você precisa de um tempo. Talvez quinzenal ou mensal aprofundando notícias importantes. Beijos!

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    Publicado por Fátima Gonçalves | 27 de maio de 2024, 10:48
    • Obrigado, amiga. Stress, ansiedade, tensão e outros componentes desse tipo são alimento par o Parkinson. Sustentar o jornalismo que sempre fiz, intensificado nas fases do JP e deste blog, me exauriram e incrementaram o mal. Consegui dar uma pausa no blog, mas ainda não consegui restabelecer não só a saúde como também a sanidade. Este é um dos momentos mais difíceis da minha vida.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 27 de maio de 2024, 15:00
  15. Mantenho a esperança de que seja o fim do jornalismo do dia a dia, mas não do blog.

    Pra mim — e, creio, pra todos que acompanham a tua trajetória, te admiram, te respeitam e te querem bem — o ritmo de trabalho que vc vinha mantendo era incompatível com o que vc mesmo relatava ser o seu estado de saúde. Vista com um mínimo de distanciamento, sua conduta parecia ter um componente meio suicida. Algo assim como alguém dominado por um vício — destrutivo, como todos os vícios — necessitando da intervenção de parentes e amigos, pra se convencer de que já passou da hora de mudar…

    Não sei se houve a tal intervenção. Tendo havido, foi muito oportuna (e, ao que parece, eficaz). Se vc não precisou dela, melhor ainda.

    A gente é aquilo que faz. E LFP faz jornalismo. A essa altura da vida, não há como nem porquê separar um do outro. O jornalismo continuará entranhado no LFP, enquanto LFP respirar. Duvida? É só ver como LFP reagiu ao comentário do leitor Rômulo Morais (às 8h02 de 26/5/2024). Tá lá, o jornalista, atento e curioso, como deve ser.

    Gostaria que fosse possível manter o blog, mas não como tem sido até aqui. Seria um troço mais leve. Poucas inserções diárias, com textos curtos, volta e meia, provocativos. Aqui e ali, uma reflexão mais extensa, quando der na telha. Sem amarras, abordaria assuntos do presente ou do passado.

    Pra mim, a novidade do blog seria o distanciamento crítico. O abandono, em definitivo, dessa compulsão quase messiânica de dar murro em ponta de faca, transformando o assunto jornalístico em questão/missão pessoal, com o inevitável desgaste emocional que isso implica. Nas circunstâncias, não superar essa compulsão equivaleria escolher a maneira mais dolorosa de se matar. Não faz sentido.

    Com poucas palavras e muita ironia e mordacidade, se atribuiria ao blog dois propósitos básicos: fustigar o poder e incomodar os acomodados.

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    Publicado por Elias Granhen | 27 de maio de 2024, 11:52
    • Obrigado, Elias, pelo diagnóstico preciso e as nas sugestões. Infelizmente, ignorei os pedidos e recomendações das pessoas mais próxima. Deveria ter parado na primeira interrupção do JP, ou na segunda. Escrevi ou disse que ou ele ou eu sairia morto dessa corrida extremamente exigente. Como simplesmente acabei com o JP, sem data anunciada nem edição explicativa, sobrevivi. Mas embarquei num P INDA MAIS DESGASTANTE AOS 70 ANOS, COM O PARKINSON, Pobre (APOSENTADORIA DE 1,8 MIl), ETC. dEU NO QUE SE VÊ AGORA. O que me deixa muito triste e sob golpes sucessivos e devastadores. Agradeço profundamente aos que ainda me acompanham.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 27 de maio de 2024, 15:10
      • Num país cuja economia não cresce de forma contínua há mais de 40 anos (e quando há suspiros de crescimento, não passa de 3%), cuja indústria está morta e onde uma boa parte dos trabalhadores está mais próxima da escravidão do que da carteira assinada, o brasileiro comum trabalha mais de 40 anos, gastando a maior parte em impostos cujo retorno do Estado na maioria das vezes não chega (e quando chega, o serviço é parco) e muitas vezes só serve pra sustentar os luxos de uma minoria (os marajás do setor público e privado os quais, com os privilégios nababescos que recebem do Estado, as nossas custas e seja de forma legal ou ilegal, podem viver até um milênio sem reclamar de nada), apenas pra, quando chegar a velhice, receber essa aposentadoria que não passa de troco de pinga. Se isso não é induzir o idoso ao suicídio ou situação análoga a de um escravo, não sei mais o que é isso.

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        Publicado por igor | 27 de maio de 2024, 18:21
  16. Claro que entendemos sua decisão, seu Lúcio. Mas o meu sentimento é que ficamos órfão do seu jornalismo analítico sem paralelo na ‘grande” imprensa paraense. Que Deus lhe guarde e ilumine seus novos caminhos a partir desse momento, sejam quais forem.

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    Publicado por allan santos | 27 de maio de 2024, 12:06
  17. Primeiramente, muito obrigado por todos esses anos de bom jornalismo. Espero que sua saúde melhore e que tenhas mais conforto enquanto pessoa e profissional. Mesmo que seja o fim do blog, saiba que teu trabalho fez e faz muita diferença. Por todos os cantos deste Brasil pessoas se conectam com tuas ideias e teu trabalho e isso permanecerá na história. Penso que saúde e bem-estar são prioridades e te desejo o melhor!

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    Publicado por Harlon Romariz | 28 de maio de 2024, 12:08

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