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O tamanho da tragédia

O apagão nacional de energia de 2001 para 2002, o maior do Brasil até então, pegou o presidente Fernando Henrique Cardoso com um pé no final do seu primeiro mandato, que vinha mantendo um saldo positivo até então, e outro em um inédito segundo mandato, arrancado a fórceps de emendas parlamentares ruinosas. O balanço do pçolíticol quje inventou uma nova mopeda estgável para o país, no maior plano contra a inflação aplicado em qualquer lugar do mundo, em qualquer tempo, expressou a derrota final.

Talvez a enchente que cobriu de água grande parte do território e da população do Rio Grande do Sul, detentor do 4º maior PIB do país, possa vir a significar algo parecido para o governo Lula. É claro que a tgragédia é consequência de vários motivos. O governo do PT pode ter dado sua contribuição de imércia e incompetência para o conjunto da obra, mas como os governos antecessores. Assim também a culpa da atual administração gaúcha tem seu rosário de faltas.

Quanto tempo exigirá a recuperação do Rio Grande, com seus 280 mil quilômetros quadrados (seria o 74º maior do mundo) e mais de 11 milhões de habitantes (o 77º)? De custos, o governador Eduardo Leite fez sua conta: vai precisar de R$ 19 bilhões. Ou seja: 21 vezes o PIB gaúcho. Valor que o Rio Grande não poderá pagar e o governo federal terá que colocar na rubrica dos gastos supervenientes, que exigirão muito dos brasileiros para que a locomotiva volte ao trilho – e à trilha que leva (ou levava) ao futuro.

Discussão

5 comentários sobre “O tamanho da tragédia

  1. As catástrofes naturais do país, como essa no Rio Grande do Sul, expõem tragicamente a falta de governo em todos os níveis: municipal, estadual e federal. Somos (des)governados por um bando de incompetentes, de negligentes, de gente impiedosa e amadora. Não é de agora, mas desde sempre. No Brasil, o único plano é surrupiar o pouco que a maioria da população tem em qualquer situação. Somos nota abaixo de zero em prevenir desastres, pois esquecemos rapidamente o que aconteceu no verão, outono, inverno e primavera passados, e não fazemos projetos executivos de verdade de obra nenhuma para que haja aditivos contratuais com fins de encarecimento.

    O horror pluvial no estado gaúcho era anunciado. Ocorreu no ano passado, ocorreria neste ano e, com certeza vai ocorrer com frequência, fruto que é das mudanças climáticas no planeta e do aquecimento global. Algo foi feito para diminuir o impacto sobre as cidades? Não. Como já dito, essas tragédias expõem a falta de governo — ou falta de Estado no que é preciso que haja tal instituição —, não apenas pelo que causam e mostram no presente, mas também pelo que revelam do passado.

    Não importa a região do país, boa parte da população, principalmente aqui na Amazônia, vive em casas precárias, em bairros inóspitos, de uma pobreza que não faz distinção entre o material e o existencial. As chuvas e inundações encharcam vidas secas que, há séculos, nunca foram real preocupação do Estado brasileiro e tampouco do alto da pirâmide social, à exceção dos abnegados que confirmam a maldade, afinal, neste país, os pobres são o espetáculo predileto dos ricos, para citar o poeta gaúcho Mário Quintana. Essa é a verdade.

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    Publicado por igor | 9 de maio de 2024, 15:57
  2. Se preparem porque Belém deve ser a bola da vez.

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    Publicado por pedrocarlosdefariapinto | 9 de maio de 2024, 17:39
  3. Claro que não faltará quem tente encangalhar o máximo de culpa nas costas largas do sapo barbudo. Faz parte da proverbial obtusidade política brasileira.

    Mas, quem quer que tenha um mínimo de ligação com o RS, não provocada pelo impacto dessa tragédia, sabe que a tragédia era pedra cantada.

    Sabe, p.ex., que, em 2019, o atual governador detonou com mais de 500 regulações ambientais, além de “flexibilizar” as disposições sobre barragens. Isso pra ficar em apenas dois dramáticos exemplos que, agora, estão cobrando um preço altíssimo.

    As decisões do governador se alinhavam com a “flexibilização ambiental” promovida e estimulada em âmbito nacional pelo então presidente Bolsonaro, e privilegiava o “empreendedorismo”, em detrimento das providências preventivas, especialmente no que diz respeito às barragens (todas falgaram ou foram suplantadas pela elevação do nível das águas).

    Foram rajadas de metralhadora no pé. Os tais “empreendedores” beneficiados pela negligente “flexibilização ambiental”, estão entre os principais prejudicados pela tragédia. Seus negócios colapsaram, sob milhões de metros cúbicos de água.

    Difícil acreditar que a tragédia gaúcha vai impactar negativamente para o Lula. O mais razoável é supor o inverso. O governo federal vai injetar bilhões de reais no RS, e os governos estadual e municipais nem sabem o quê nem como fazer pra gerenciar o que há pra fazer. O governo federal terá que assumir um monte de coisa.

    Mais que provavelmente, o que deve acontecer é uma desidratação braba do atual governador, que será soterrado por obras executadas pelo governo federal.

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    Publicado por Elias Granhen | 10 de maio de 2024, 10:23

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