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Educação, Política

Eleição na academia

Será na quinta-feira, 4, a eleição para a nova diretoriada Adufpa, a associação que congrega 1,6 mil dos 3 mil professores da Universidade Federal do Pará, com orçamento anual de dois milhões de reais. Como acontece há mais de 20 anos, a nova eleição poderá ser com chapa única. Não por falta de oposição, mas porque, mesmo constituindo uma chapa, não conseguiu habilitá-la.

Aliás, até conseguiu. No dia 26 a comissão eleitoral habilitou a inscrição da chapa Adufa Livre, Democrática e de Luta, identificada pelo número 2. No dia seguinte, porém, a comissão voltou atrás e decidiu cancelar o registro porque um dos integrantes da oposição, Alexandre Damasceno, comunicou sua desistência.

A comissão eleitoral deu prazo de uma hora para a substituição, a partir do recolhimento da notificação do representante da chapa 2. Esgotado o prazo, sem haver a substituição, a comissão cancelou o registro. A chapa 2 alega que a desistência foi efetuada (garante que por pressão) depois da homologação e que o prazo era exíguo demais.

Anteriormente, quando duas integrantes da chapa 2 deixaram de ser registradas por não serem sindicalizadas, o prazo dado, no dia 24 do mês passado, para a substituição, foi de 24 horas. Os oposicionistas dizem que, pelo princípio da isonomia, esse prazo deveria ser seguido.

Por essa e várias outras reclamações, a chapa 2 ajuizou um mandado de segurança no final de semana, que ainda está para ser apreciado. Independentemente do resultado da iniciativa, a oposição está pedindo aos associados da Adufpa que votem na chapa 2, ainda que ela não conste da cédula eleitoral.

Mesmo que haja alguma lacuna no registro da oposição, seria salutar que a direção da Adufpa fosse tolerante para com as falhas meramente formais, dando prazo razoável para a sua correção. O melhor seria que a eleição numa universidade ocorresse num clima de liberdade, tolerância, divergência e pluralidade, não num cenário unilinear, quase de sindicato único, como tem se caracterizado a sucessão na direção da Adufpa, uma das maiores entidades de professores universitários do país.

Não é favorável à democracia que a diretora geral da entidade acumule a função de presidente da comissão eleitoral, como faz Vera Lúcia Jacob Chaves. Assim, ela ao mesmo tempo, participa da campanha pela sua sucessão, apoiando a chapa situacionista, e preside a eleição. Não é um bom exemplo de espírito democrático, que devia caracterizar a atuação de intelectuais, como são os professores da UFPA (intelectual: aquele que come pelo menos três vezes por dia e é pago para trabalhar usando o cérebro como ferramenta).

É, pelo contrário, mau exemplo para os estudantes da própria UFPA e para os políticos profissionais, que se digladiam em pugnas de baixo nível do outro lado dos muros acadêmicos.

Discussão

Um comentário sobre “Eleição na academia

  1. E o resultado foi?…

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    Publicado por Cintia Moura | 7 de dezembro de 2014, 21:17

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