Daqui a uma hora o presidente Michel Temer chegará a Parauapebas para inaugurar o maior projeto de mineração do mundo. É a nova mina de Carajás, que praticamente duplicará a atual produção de minério de ferro da Vale. Seu custo é espantoso: 14,3 bilhões de dólares, o equivalente a mais de 50 bilhões de reais, ou duas vezes o orçamento do Estado no qual vai funcionar, o Pará, que tem o segundo maior território do país e é o segundo maior produtor de minérios.
Apesar do custo, o S11D (que agora agregou o nome do engenheiro Eliezer Batista, pai do ex-bilionário Eike Batista e principal personagem da versão asiática de Carajás) é o grande lance da Vale para o futuro. O custo de extração do minério é 40% inferior ao custo médio das outras minas da ex-estatal (que em 2017 completará 20 anos de privatização), graças à tecnologia de vanguarda.
Precisará de menos gente, não usará mais os grandes caminhões (de 300 toneladas) para transportar o minério e o circuito da extração ao embarque será feito por correias transportadoras. Haverá economia de pessoal, de óleo, de água e uma velocidade inédita, graças à qual a nova mina oferecerá mais 90 milhões de toneladas. O Pará produzirá então mais minério de ferro do que Minas Gerais e será o maior exportador desse produto do país.
O Pará, no entanto, nem tem consciência disso. A Vale parece ter ido a preocupação de não alardear a data, que estava prevista para quinta-feira e foi adiada para hoje, a fim de se compatibilizar com a agenda do presidente da república. Ontem, 37 privilegiados jornalistas, de 31 empresas de comunicação de São Paulo, Rio de Janeiro e Pará (estranhamente, não de Minas – por terem ido antes?) visitaram as instalações de S11D, fornecendo testemunhos entusiasmados do que hoje a comitiva oficial irá ver. Quem não estivesse disposto essa venda, ficou de fora.
Como o Pará.
E o buraco e destruição ambiental que vai deixar?Fora o pouco beneficio econômico que deixa por ser produto de baixo valor agregado. A principal causa da diminuição do volume de agua no São Francisco é a retirada irresponsável de Minério em Minas Gerais.E se o Tocantins também começar a “secar”? Quem vai resolver?
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Quando era estatal a Vale sempre tratou Carajás como um enclave mineiro no Pará. Depois que virou semi-estatal (apesar das críticas, a empresa nunca foi privatizada de fato) o comportamento continua o mesmo. Creio que está no DNA da empresa virar a costa para o Pará e está no DNA do Pará e dos paraenses se deixar explorar para beneficiar outros lugares. Saindo do foco minetário, basta olhar as áreas desmatadas e improdutivas que dominam o estado para se constatar o óbvio: não sabemos cuidar e valorizar o que temos e estamos sempre prontos para qualquer negociata, mesmo que isso não contribua em nada para o nosso desenvolvimento endógeno.
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Jatene estará nesse evento ??
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Como chove forte (afinal, alguém paraense comparecendo), a solenidade em Carajás foi adiada por meia hora. Começará dentro e 10 minutos.
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A solenidade foi adiada pelo meu tempo. As chuvas paraenses, mesmo não convidadas, comparecera. O ato está começando neste momento.
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A chuva foi/é o choro de um povo esquecido.
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É isso, Miro. Metáfora pluviosa.
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