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Imprensa, Justiça, Política

Agressões (por enquanto) verbais

Desde que me sentei numa cadeira de redação de jornal, 51 anos atrás, me expus ao escrever. Já em 1966 comecei a participar de polêmicas. Algumas foram muito duras e desgastantes. Oponentes como Jarbas Passarinho, Oliveira Bastos, Nelito Pinto da Silva ou Acyr Castro me exigiam muito. Mas sempre lhes fui grato. Foi assim que mais aprendi. Tanto a raciocinar como a coletar informações e a me exprimir.

Sinto imensa nostalgia dessas polêmicas. Elas acabaram. O que sobrou está aí embaixo, manifestações (todas contrárias) de leitores do Facebook que Miguel Oliveira edita para mim com meus textos. A resposta dos leitores ao artigo de ontem sobre o depoimento de Lula quase sempre não passa de ofensa e agressão. Quase nada que se possa aproveitar para um debate útil e positivo.

Aprendi que aquele leitor que me elogia quando o que penso coincide com o que ele pensa pode se transformar num detrator implacável se divergimos. O que se quer é o pensamento único, à direita ou à esquerda. Quem não se enquadra nesse ambiente de seita, de dogmatismo e de intolerância se torna inimigo de ambos os extremos.

Pois bem: é nessa posição que continuarei, como sempre fiz. A ofensa não me desviará do princípio jornalístico de buscar os fatos e, com eles, levantar análises e interpretações. Fora deles, as tribos selvagens – que continuarão para sempre tribais e selvagens.

Vejamos as pérolas dos leitores do Face, que reproduzo tal como foram escritas, devendo ser lidas de baixo para cima.

Mary Cohen Não concordo, Lúcio Flávio Pinto, o que vi apontam numa outra direção, vi que Lula se impôs muito bem.

Edson Palheta Desculpa Lúcio, mas você viu outro depoimento.

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Jerry Neris desculpa o karaleo

Edson Palheta Kkkkkkkkkkkkkkk

Luis Ponzi “O juiz Sérgio Moro tentou se manter frio, calmo e técnico.”
Ele é muito bem pago pra isso.
Imagine um cirurgião nervoso ao fazer um cirurgia.
É incrível como colocam o juiz como um adversário, ele deve julgar e não duelar.

Pedrosa Neto Não acredito que te prestes a isso. O que está em jogo aqui é muito mais do que tuas decepções ou dissabores com o PT e às vezes que ele esteve no poder e eventualmente não te beneficiou. É triste que estejas tão decadente a esse ponto. Todas as críticas ao PT, mas que seja cumprido o rito processual. Elogiando juizeco de merda que quer descer a escada do judiciário pra fazer palanque. Que merda!

Jerry Neris que decepção: Frio , calmo e técnico foi o Maiorana que te sentou a porrada, sabes sempre achei que ele estava errado, mas, hoje vejo que talvez ele tenha antecipado uma reação que espero, não encontres nas ruas, de verdade, espero mesmo! Pois se as pessoas tiverem um pingo de respeito por si próprias, é o que fatalmente, vai te acontecer. Ridículo!

Sergio Nunes Seu comentário parece malicioso e armado, de quem perdeu a imparcialidade.

Karina Santos Ridículo mesmo… faz-me rir Lula acuado kkkk onde vc viu isso?

Jerry Neris concordas? Q declaração filha da puta.

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Geovane Grangeiro Pelo jeito, muitos tentam pegar carona no enxovalhamento público de Lula. Basta convicção para condenar. Não precisa de provas.

Miro Canto L Flavio, estás caduco rapaz. Ou o q andaste cheirando estragado?

Jerry Neris fala Miro, esse sujeito gosta de mão na cara ou de do no c..

Miro Canto Kkkkkk

Arthur Cezar Anaissi De Moraes Anaissi Pra mim ficou nítido o desconforto do ex-presidente. Sem dúvida, o onus da prova é de quem acusa, premissa básica em direito penal. Realmente, cade o fato material que o liga a propriedade do imovel, a escritura de posse? No entanto, lucio continuas energicamente fabuloso em tuas escritas analíticas. Deixemos de lado o vies ideologico e procuremos nos focar na verdade nua e crua dos fatos.

Netto Santos Onde estás chegando, jornalista? A cegueira ideológica está lhe guiando?

Pedrosa Neto Estás pleiteando alguma cadeira no Liberal?!

Ana Maria Hass Desculpa, mas você não assistiu o vídeo…

Emilia Vasconcelos Vc está sendo patético!

Laurenir Peniche Discordo de vc Lúcio

Nilma Bahia Discordo

Heliana Feitosa Se sujou todo nas fraldas….

Carlos Quadros Não concordo com você Lúcio Flávio Pinto.

Discussão

31 comentários sobre “Agressões (por enquanto) verbais

  1. Pra que tanta agressividade gratuita? Força, mestre.

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    Publicado por Marlyson | 11 de maio de 2017, 10:11
  2. Estamos de maneira descendente e gratuita convertendo nossa mente em tábula rasa, graças a pseudo-sapiência ofertada pela rede virtual de comunicação e entretenimento.

    Raros acervos de conteúdo lúcido estão disponibilizados a um seleto grupo de leitores, que se apropriam muito além da linha do raciocínio do jornalista, oxigenamos nosso discernimento, potencializamos o senso crítico, visualizamos pela ótica de uma prisma mais acurado detalhes do cotidiano que a velocidade da existência e o placebo cibernético nos seduz de momento a momento, impedindo o minimo assombro ante as contradições a que somos submetidos.

    Lúcio, ante os “zumbis intelectuais” não exite em aplicar o látego da integridade intelectual, ao menos se não servir para despertá-los da inconsciência coletiva, aplaca a voracidade irracional.

    Força, Firmeza e Ânimo, sempre………

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    Publicado por Thirson Rodrigues de Medina | 11 de maio de 2017, 10:42
  3. Posso não ter concordado com o que foi escrito naquela matéria, mas, com certeza, não vejo razão para hostilizá-lo. Eu queria que houvesse mais pessoas capazes de ouvir, ao invés de gritar.

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    Publicado por Monteiro | 11 de maio de 2017, 10:43
  4. Essa agressão é muito comum na internet, as pessoas acreditam que podem se esconder atrás das telas e dizer o que bem entendem, se aproveitam também da publicação estantânea. Qualquer reportagem séria apresenta esses comentários. Na imprensa escrita não era comum vê-los, acredito, porque havia maior moderação pelos editores dos comentários e cartas dos leitores. A os meios de comunicação digital deram voz a muita gente que não tem nada a dizer.

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    Publicado por Everaldo | 11 de maio de 2017, 11:08
  5. As agressões se dão, imagino, pela recusa de lidar com a tua posição hoje diante do teu histórico de defesa da Amazônia contra as oligarquias e a injustiça social. Parece que há uma interdição cognitiva ou emocional que nos faz ficar indignados com o recente quadro das tuas opiniões sobre Moro etc., sem que consigamos dar o passo à frente no debate crítico, respeitando uma visão oposta a que entendemos por certa. Ainda busco achar que ponto é esse de respeito mútuo no debate, sobretudo quando o tema que se ataca não é tão simples e nem tão binário. Espero que possamos parar de nos agredir, e passemos a entender que o espaço da democracia é justamente garantido por níveis de alteridade e troca.
    Talvez eu seja muito pós-moderna sobre esse “método” de relação com a ideia do outro, no caso com as tuas, mas não me furto de tentar entender o que o dissenso pode produzir de positivo nos debates sociais e políticos.

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    Publicado por Paloma Franca Amorim | 11 de maio de 2017, 11:47
  6. Lúcio, querido professor, o empobrecimento intelectual e o fim do debate já me fizeram retirar das redes sociais. Aqui de Montreal vejo com espanto, em nossa terra, a deterioração lenta de valores que cultivamos, tais como a elegância do verbo e o ceticismo perante figuras alçadas ao status de divindade. Ambos têm perdido espaço para o debate raso e grosseiro, e para o fanatismo, respectivamente. Raríssima é a oportunidade de ver a robusta e respeitosa troca de idéias entre pessoas que têm diferentes visões. Igualmente lamento ver o direito à livre expressão ser enxovalhado, sem que se lhe oponha uma argumentação à altura. Lamento mesmo ver tua opinião tratada com os adjetivos mais abjetos e tua capacidade intelectual desrespeitada. Sigo de olhos postos em ti, como sempre. Eternamente grata por teus ensinamentos, tuas reportagens, teu exemplo. Um beijo, professor. Soninha Zaghetto.

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    Publicado por Sonia Zaghetto | 11 de maio de 2017, 12:59
  7. Lucio, o profundo abismo em que se encontra nossa Cultura e Educação, gera pessoas sem nenhum preparo para o debate, incapazes de argumentar e facilmente convencidas por qualquer vendedor de rua com sua lábia rasteira. Quem não concorda com suas crenças, apenas é inimigo. Não sabe contraditar, mas insultar é fácil. Quem é esse Jerry, que se esconde atrás de pseudônimo e promete tantas agressões? Covardão!

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    Publicado por Edyr Augusto | 11 de maio de 2017, 14:00
  8. Não agredi ninguém, apenas discordei, pena que vc tenha colocado todos no mesmo patamar, uma pena mesmo!

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    Publicado por Mary Cohen | 11 de maio de 2017, 16:26
  9. Lúcio,

    O que vive viu é o retrato da nossa sociedade. Poucas pessoas conseguem entender o valor de um embate intelectual. Preferem o caminho curto e sujo da violência verbal, marca característica do líder maximo da rapinagem nacional,. Dada a sua limitada capacidade de argumentação, o líder destes nanicos intelectuais sempre usou suas ” forças de expressão” para desqualificar os seus adversarios e assim criar uma divisão profunda da nação.

    Agora uma coisa você pode ter certeza. Por trás dessas chuvas de agressões, há muita gente que perdeu DAS, consultorias e outras boquinhas que eram mantidas pelo sistema corrupto que o PT implementou na máquina pública. Eles acham que calando as vozes discordantes, serão capazes de retomar suas boquinhas em pouco tempo.

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    Publicado por José Silva | 11 de maio de 2017, 16:26
  10. Acho que estas agressões ao jornalista é uma resposta ao seu trabalho diário por um mundo menos pior.sem o que debater Ou ensinar eles tem apenas palavras que fazem parte do seu vocabulário pífio e com isso
    querer mudar as coisas agredindo verbalmente e até fisicamente.

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    Publicado por SERGIO GUSTAVO FIGUEIRA FIALHO | 11 de maio de 2017, 16:57
  11. Sinceramente, quem foi mais ofensivo foi o sujeito conhecido como Jerry. De resto, não vi agressão. Gente como esse sujeito se encontra em todos os espectros políticos.

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    Publicado por Anônimo | 11 de maio de 2017, 17:33
  12. Acompanho sua trajetória há muito tempo. Parabéns pelo seu trabalho. Quanto a Lula e seus seguidores não perca seu tempo. Como não dou guarida a ladrão, seja ele de que partido for,também recebo críticas daqueles cuja cegueira ideológica não os deixa enxergar as safadezas do molusco. Parabéns por sua costumeira isenção e profissionalismo. Continuo seu admirador. Um grande abraço.

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    Publicado por Cirilo Gonçalves guerra | 11 de maio de 2017, 23:05
  13. Respeito é bom pedir e exigir, mas difícil de demonstrar

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    Publicado por Heloísa | 12 de maio de 2017, 08:47
  14. Minha solidariedade ao teu direito ao teu direito de discordar, Lúcio.

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    Publicado por Orlando Cardoso | 12 de maio de 2017, 16:21
  15. Prezado Lúcio. Leio-lhe há muito tempo e tenho em alta conta o JP, que resiste como ilha num oceano jornalístico hegemonizado por duas grandes famílias no Pará.
    Neste momento que vive o país, de acirramentos dos ânimos, creio que seu artigo sobre Lula fora um combustível na fogueira das polarizadas preferências políticas. Creio que houve excessos,inclusive faço mea culpa é de pronto peço escusas.
    Doutro lado, sua pena que costuma fugir do lugar comum da grande mídia, naquele artigo pareceu não fugir à regra dos jornalões que elegeram Lula como persona non grata.
    Digo isto porque, a meu ver, seu texto parece excluir de Lula aquilo que é tão caro para o estado democrático de direito, isto é, a presunção de inocência.
    E me parece que forçosamente está se ignorando as profundas divergências que vários renomados juristas apresentam sobre a condução do juiz Sérgio Moro na Lava Jato. Creio que um ponto de vista que apresente essas questões ajudaria mais no debate. Do contrário, parece, suponho eu, provocação tácita.

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    Publicado por Geovane Grangeiro | 13 de maio de 2017, 02:12
    • Falo pela minha experiência pessoal, além da alheia, como repórter. Fui interrogado várias vezes por juiz e juíza hostis. Claro que gera embaraço e nervosismo. Mas quando você não precisa montar um álibi, não há o que se preocupar com o que diz, exceto para não violar as regras processuais da audiência. Ganhei quatro processos criminais propostos por mim pelos irmãos Ronaldo e Romulo Maiorana Júnior porque, em todos, recorri à exceção da verdade. Ela muda o polo da relação processual: de réu (querelante, no jargão) virei autor (querelado). Só faz isso quem tem controle absoluto do que diz, por dizer a verdade. Em todos os processos provei o que disse. Meus contendores não permitiram sequer que minha principal testemunha fosse ouvida: a mãe deles, Déa. A partir do momento em que a impediram de comparecer à audiência, eles também faltaram à convocação judicial. Caso raro de autor da ação que desiste de promovê-la.
      Moro à parte, o que ficou claro para mim no depoimento do Lula é que suas contradições e falhas não foram induzidas pela pressão do juiz, que houve (e o CPP autoriza), mas porque ele mentia. Não que tenha uma escritura pública de propriedade do apartamento ou contrato de compra e venda. Essas provas inexistem ou não foram apresentadas. A transação de Lula pode ter feito com a OAS não chegou a esse momento. Mas as tratativas nesse sentido e vários momentos de providências em comum revelam – com clareza crescente – que o interesse de Lula e da falecida esposa era mesmo de donos de fato do imóvel.
      Tirei essas conclusões do depoimento do ex-presidente. Não considerei outros elementos de prova nos autos, que desconheço. Não estou julgando nem está ao meu alcance lavrar a sentença. Apenas transmiti o que entendi da longa sessão.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 13 de maio de 2017, 09:17
  16. Caraca!!isso é pura insanidade…
    Sou filiado e militante do PT(Partido dos Trabalhadores), minha militância tem uma passagem pelo movimento estudantil e com grande ênfase no movimento popular! Tenho discordância com postagem do Lucio Flavio Pinto sobre a questão em pauta, mais jamais em hipótese alguma concorda com esse linchamento, hostilização, selvageria etc..Lucio Flavio Pinto pra mim é um grande revolucionário do jornalismo brasileiro merece todo nosso respeito.
    Sectarismo já mais!!

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    Publicado por marcelo raiol moreira | 13 de maio de 2017, 13:38
  17. Meus amigos, entro no comentário para dizer o que me pareceu o posicionamento do LULA , durante o depoimento que prestou: 1- a resposta que ele deu sobre a rasura do documento, foi um desrespeito ao juiz; 2-também foi um desrespeito, a resposta dada sobre os desvios da Petrobrás, quando já ouvimos quase todos os os depoentes dizerem que tanto ele, como a Dilma sabiam de tudo; 3- quando LULA diz que o julgamento é feito pela e para a imprensa, está ofendendo o Poder Judiciário, que só se manifesta, ou seja, dá início a um processo, quando provocado. Para mim, o depoimento do LULA, foi uma provocação ao Juiz, esperando que ele se irritasse e o ofendesse. Acontece que a educação do Juiz está a quilômetros de distância, da do LULA.

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    Publicado por Valerio Alves. | 13 de maio de 2017, 14:24
  18. Bem, novas evidências mostram mesmo que o Lula mentiu no depoimento. Ele disse que não sabia que a Petrobras tinha corrupção. Entretanto, com a comprovação de que o TCU e o senado apontaram falhas na gestão das obras da Petrobras durante o seu mandato, este argumento não é mais válido. Pior ainda é a comprovação de que Lula, mesmo sabendo dos relatórios, resolveu não fazer nada. Ou seja, foi no mínimo complacente com a falcatrua.

    O próximo passo mesmo deve ser a cadeia..Triste fim para um ex-presidente. Sempre pensei que o Sarney ou o Collor iriam antes dele.

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    Publicado por José Silva | 14 de maio de 2017, 21:01

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