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Educação

Ensino em queda

Estamos sendo testemunhas de dois processos em curso veloz em Belém: a absorção da rede de ensino superior local por grupos nacionais e o agravamento da sua mercantilização. Se antes havia motivos para queixas quanto à qualidade e custo das escolas particulares, agora a insatisfação se tornou coletiva e pública. Cresce a saudade – nada idealizada – do passado.

Ontem, alunos do grupo educacional Estácio fecharam parcialmente uma das principais vias de tráfego da cidade, a Governador José Malcher, para protestar contra a reorganização geral que a instituição promoveu no primeiro semestre em seu quadro de professores.

A empresa, que adquiriu a FAP, fez o desligamento de 1,2 mil professores e o lançamento de um cadastro reserva de docentes para atender possíveis demandas nos próximos semestres.

Os estudantes disseram ao G1 Pará que 49 professores foram demitidos em Belém.  “muitos deles, coordenadores de curso e docentes que atuavam há muito tempo na instituição”. Prometiam reagir a essa iniciativa.

A empresa explicou ao portal que “estaria demitindo 1,2 mil professores e recontratando, em janeiro do ano que vem, outros 1,2 mil. A Estácio teria justificado a decisão com o fato de que os professores ganhavam uma remuneração acima do mercado, e novos parâmetros permitidos pela reforma trabalhista para contratações fariam com que houvesse uma adequação nos salários”.

Ainda segundo o noticiário, em nota, o grupo Estácio de Sá informou que “todos os profissionais que vierem a integrar o quadro da Estácio serão contratados pelo regime CLT, conforme é padrão no Grupo”. A instituição disse que “a reorganização tem como objetivo manter a sustentabilidade da instituição e foi realizada dentro dos princípios do órgão regulatório”.

Por acaso, a empresa comercial de educação apresentou os dados aos seus alunos e professores? Debateu com eles a necessidade de adotar o procedimento, com efeito apenas sobre o lado dos seus custos, sem qualquer explicação quanto à parte dos investimentos?

Discussão

7 comentários sobre “Ensino em queda

  1. Como já foi dito aqui, estas faculdades com fis lucrativos não oferecem ensino superior de qualidade. Há muito marketing, mas pouca ação. O foco nunca foi oferecer uma boa formação aos alunos, mas sim distribuir diplomas da forma msis barata possível.

    São verdadeiros colégios de terceiro grau que se expandiram significativamente no Brasil durante o governo Lula. Alguma surpresa aqui?

    Há duas razões para isso: (a) subsídios enormes dado pelo Prouni (que de 2006 a 2016 investiu R$ 8 bilhões); (b) empréstimos generosos dados pelo BNDES (Programa IES), que de 1997 a 2007 chegaram a quase R$ 500 milhões, mas o investimento deve ter sido muito maior.

    O negócio deve ser mesmo lucrativo, pois as ações da Estácio, por exemplo, saiu de R$ 12.83 em 2012 para R$ 34.47 ontem, depois do anúncio da demissão de 1.200 professores.

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    Publicado por Jose Silva | 7 de dezembro de 2017, 12:47
  2. Elas mais prosperaram com o programa de financiamento e endividamento dos estudantes, obrigados a entrar no circuito particular devido à falta de investimentos na ampliação da Universidade pública, no ritmo que seria necessário. Sem o crediário educativo, ressalvando-se as ilustres exceções e ilhas de qualidade conhecidas, muitas escolas ficariam sem alunos pelo ensino precário que oferecem, por um preço menor que os praticados por escolas do ensino fundamental.

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    Publicado por JAB Viana | 8 de dezembro de 2017, 00:02
  3. A mercantilização produz um leva enorme de graduados sem emprego. Trabalhei durante um curto período na Unama e me surpreendi com a quantidade de ex alunos que se formaram e não conseguem emprego. Chega a ser assustador.

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    Publicado por Hiran | 10 de dezembro de 2017, 01:16
    • No entanto, uma enorme placa no campus da BR da Unama (o atual grupo Ser Educacional) apregoa que ali o aluno conquistará a “Empregabilidade”, indo muito mais longe do que simplesmente conseguir um emprego depois de se formar. Nada mais do que marketing, nao é mesmo, Hiran?

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 10 de dezembro de 2017, 10:57
      • Quem, em sã consciência, quer contratar alguém formado nestes colégios de terceiro grau? Se o ensino da UFPA já e limitado, imagine o destas outras instituições. É, por isso é por outras, que as e,presas vão buscar gente do centro-sul e Nordeste.

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        Publicado por José Silva | 10 de dezembro de 2017, 14:37

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