//
você está lendo...
Cultura

O povo na cabanagem

O governador Helder Barbalho abrirá, hoje à tarde, programação oficial de uma semana, “prestando homenagem à memória dos cabanos”, com a inauguração de uma iluminação especial no – até agora abandonado e deteriorado – Memorial da Cabanagem, no Entroncamento (entre Belém e Ananindeua). Arrematando as homenagens, a comemoração pelos 403 anos de Belém.

Foi o pai de Helder, o senador Jader Barbalho, que inaugurou o memorial, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, quando o início da cabanagem completou 150 anos, em 7 de janeiro de 1985, pelo então governador Jader Barbalho. Segundo seus idealizadores, o monumento abriga os restos mortais do cônego Batista Campos e dos cabanos Félix Clemente Malcher, Francisco Pedro Vinagre e Eduardo Angelim, que presidiram a província do Grão Pará durante o período em que os rebeldes dominaram a capital.

​A programação Belém Cabana “reúne música, artes cênicas e visuais, visita aos museus, arte de rua e cultura popular, com trabalhos artísticos inspirados na cabanagem e outras atrações, nos espaços gerenciados pela Secretaria de Cultura, e também nas ruas da Cidade Velha”, informa a assessoria da Secult.

A iniciativa pode demarcar a linha divisória entre a diretriz elitista da secretaria, sob o comando do arquiteto Paulo Chaves Fernandes, e o populismo da nova gestão, representada especificamente, no caso, por Ursula Vidal. A ênfase popular (e populista) pode contribuir para que a semana da cabanagem passe a ser incluída na agenda oficial do Estado em janeiro.

Talvez assim, um dia, alguém se desincumba da missão principal para a preservação da memória do movimento cabano: a reedição da principal obra de referência, Os Motins Políticos, de Domingos Antônio Raiol, o barão de Guajará. A 2ª edição vai completar 50 anos, lançada em 1970 pela Universidade Federal do Pará. O livro, em três volumes (cinco na edição original), se tornou raridade.

Espera-se que, depois do silêncio oficial quando a cabanagem completou 180 anos, em 2015, não passe em brancas nuvens o cinquentenário da valiosa obra do barão.

Discussão

5 comentários sobre “O povo na cabanagem

  1. Infelizmente o jornal Diário do Pará do dia de hoje, aniversário da Cabanagem, está cheio de informações incrivelmente discrepantes sobre a Cabanagem, como abaixo reproduzo:

    A CABANAGEM
    A Cabanagem foi movimento revolucionário e de resistência que ocorreu na província do Grão-Pará entre os anos de 1835 e 1840, quando os cabanos conseguiram se manter livres do Brasil, formando um “Estado independente”, bem mais próximo à Portugal.
    A “liberdade” dos paraenses, no entanto, não durou muito. Comandados pelo inglês Lord Almirante Grenfell, brasileiros destituíram a Junta que governava a província e aprisionou mais de 250 cabanos na embarcação “Brigue Palhaço”, na Baía do Guajará. Os cabanos foram sufocados com cal e encerraram assim o movimento que manteria o Pará independente do restante do país.
    (Com informações da Secult)

    Curtir

    Publicado por Pensador | 7 de janeiro de 2019, 13:57
    • Eu ia citar o Stanislaw Ponte Preta, que definiu muito bem a confusão que os autores de enredos históricos das escolas de samba do Rio de Janeiro sempre cometiam, mas é melhor guardar minha boca para comer farinha para não ser crucificado pela cultura politicamente correta que assalta o Brasil, assim como já a assaltou o Festival da Besteira dos idos de 1964, agora à outrance.

      Curtir

      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 7 de janeiro de 2019, 15:58
  2. Em homenagem ao aniversário da Cabanagem, reproduzo trecho de meu livro, ainda inédito, sobre o movimento, com fatos desconhecidos e/ou pouco conhecidos do grande público, intitulado “Cabanagem Redescoberta”. A pesquisa está em fase de conclusão.

    Proclamação dos Cabanos Sublevados no Rio Acará

    Proclamação – Valorosos patriotas Paraenses, tenho a satisfação de vos communicar, que o Despota Presidente Bernardo Lobo de Souza, atemorizado de nossas valorosas flexas e baionetas, já existe abordo da Corveta Bertioga, de maneira que já não vem a terra, e tambem porque se vê solitário; pois o pequeno rebanho de escravos que o arrodeavão, já o abandonou, e o unico recurso, que resta a esse malvado Presidente e fugir, ficando-nos assim o dissabor, de não o colher as mãos, para que fosse aqui mesmo punido os seus horrorozos crimes.

    Paraenses já temos hum destacamento da parage denominada – Goiabal – de cento e trinta patriotas Brazileiros valerosos, de que he digno Commandante o Capitão José Agostinho d’Oliveira, patriota bem conhecido rexiado de probidade patriotismo, e curagem, digno em fim do doce nome de Brazileiro Liberal. Vós sois testemunhas dos Brazileiros que aqui existem expostos [sic] antes a morrer, do que serem novamente governados, com a dura vara de ferro do infame Despotismo.

    Viva a Santa Religião Catholica Romana que professamos; Viva o Povo e Tropa Paraense, que sabe manter os seus sagrados direitos; Viva a Constituição e Santa Federação; Viva a Regencia em nome do Imperador! Viva S. M. I. e Constitucional o nosso Jovem Patricio, o Snr. D. Pedro II. Engenho do Desterro, e Acampamento das forças Federaes 24 de outubro de 1834. – O Tenente Coronel Comandante Felix Antônio Clemente Malcher.
    Reconheço o sinal da Proclamação supra ser de Felix Clemente Malcher por ter todo o conhecimento do mesmo, e por similhante que vi. Pará 3 de Novembro de 1834. – Em testemunho de verdade estava o signal publico. – Paulo Maria Perdigão. Esta conforme. – Miguel Antônio Nobre Official Maior.

    (Do Correio Official Paraense)

    Curtir

    Publicado por Ricardo Conduru | 7 de janeiro de 2019, 16:17
  3. Como se pode perceber acima, os próprios membros do movimento de autodenominaram Cabanos, ainda em 1834.

    Curtir

    Publicado por Ricardo Conduru | 7 de janeiro de 2019, 16:21

Deixe um comentário