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Desmatamento, Ecologia, Educação, Floresta, Multinacionais

Tem motosserra no campus da floresta

A Stihl foi reconhecida como uma das melhores empresas para se trabalhar no Brasil, segundo ranking do instituto Great Place To Work em parceria com a Revista Época Negócios, com mais de 2,6 mil empresas pesquisadas. A Stihl, líder no mercado brasileiro de “ferramentas motorizadas” (o nome politicamente correto dado às motosserras), com sede São Leopoldo (Rio Grande do Sul), ficou entre as 150 melhores.

No press-release que divulgou o feito, a empresa ressalta a prioridade que dá a um “sólido programa de educação formal, priorizando a capacitação dos seus profissionais”. Tanto prioriza que mantém sua sede em Belém no interior do campus da Universidade Federal Rural da Amazônia, a Ufra (antiga Fcap), em Belém. Em seu curso, a Ufra deveria dar destaque à preservação das florestas tropicais e o combate ao seu desmatamento.

Claro que a derrubada da vegetação nativa tão valiosa não se deve apenas à motosserra, que é uma ferramenta de múltiplo uso, por vezes não só necessária como inevitável. Mas permitir que se localize no campus o escritório da maior fabricante dessa máquina, que simboliza o desmatamento, não fere a autonomia acadêmica e não permite a indução de pensamentos contrários à manutenção da floresta?

A Stihl, uma multinacional alemã, tem mais de 3,6 mil pontos de venda distribuídos pelo Brasil e mais de 40 mil pontos em 160 países. Algum deles é no interior de uma universidade que entre os cursos que oferece está o de engenharia florestal?

Discussão

4 comentários sobre “Tem motosserra no campus da floresta

  1. Discussão velha e bem furada esta. Obscurantista.

    Então se fosse fábrica de machados ou de cuias aí poderiam estar lá Lucio ?.

    O facto de alguém fazer automóveis não faz de ninguém um assassino ou um poluidor.

    Fazer roçadeiras e outros utensílios é sim algo bom para a Sociedade Civil. Mormente se pagarem devidamente os impostos e cumprirem as leis do país. Sendo assim, não vejo problema algum.

    O péssimo uso das motosserras não provém de seu fabrico. A rigor é problema exclusivamente nosso, do nosso Estado arruinado. Não Deles que as produzem.

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    Publicado por celso.. | 13 de agosto de 2019, 16:23
    • Concordo com o que você diz. Do que tratei, porém, foi apenas a presença do escritório comercial da Stihl no campus universitário da Ufra. Não pedi para “desinventar” a motosserra, como não pediria para “desinventar” a pólvora. No campus, a empresa tem acesso direto e maior poder de influência sobre a comunidade acadêmica.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 13 de agosto de 2019, 17:39
  2. Helder Barbalho prestigia a Santa Casa e está injetando 200 milhões dos contribuintes estaduais nesta instituição.
    Pena que não seja a Santa Casa de Belém e sim a Santa Casa de Pacaembu – SP, que vai tocar o H.Abelardo Santos.

    A Santa Casa de Belém, com quem o governo gasta mensalmente menos de 3% deste dinheiro, tem merecido da parte de Helder Barbalho reclamações por “alto custo”, razão pela qual pretende terceirizar. A ironia do destino seria Helder terceirizar novamente com a Santa Casa de Pacaembu.

    Servidores estaduais podem fazer amanhã um grande ato de protesto por mais esta “Barbalhada” com o dinheiro público estadual injetado às centenas demilhões em terceirizadoras de São Paulo. Além da montanha de dinheiro do estado (estratosfericamente maior que o custo atual da nossa santa casa) o terceirizador iria pegar um hospital já acreditado e com convênios ampliados com o MS, resultado do cumprimento de metas de qualidade e produção de atendimento. Uma bocada!

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    Publicado por J.Jorge | 13 de agosto de 2019, 20:36
  3. Realmente, LFP, apesar de considerar que o seu comentário se prende mais a piada do que ao fato de uma empresa privada reinar com seus produtos em plena soberania universitária, sem que haja concorrentes com o mesmo direito, numa espécie de shopping de máquinas e equipamentos.
    É exclusividade ou não há outros interessados?
    Por outro lado, o jornalista falou em desmatamento.
    Penso que somos muito incompetentes em não saber extrair o melhor de nossas florestas, sem destruí-la.
    Tornaram a atividade madeireira como um setor marginal, tal qual o do tráfico de pau brasil ou drogas do sertão no passado, ou mesmo do tráfico moderno de armas e entorpecentes.
    Há países que vivem dessa atividade sem destruir seu meio ambiente.
    A Prof. e Cientista Clara Pandolfo via a atividade madeireira e de uso da floresta, como algo possível e racional:

    “Os trabalhos desenvolvidos em Curuá-Una foram fundamentais para Clara criar um plano de exploração sustentável da floresta, ainda nos anos 70, chamado Florestas Regionais de Rendimento. A ideia era instituir 12 áreas na Amazônia, que seriam concedidas à iniciativa privada para exploração madeireira por meio de manejo florestal sustentável, sob fiscalização de uma empresa pública criada para este fim. Tais florestas seriam entrecortadas por áreas indígenas, de preservação, parques nacionais e outras unidades de conservação. A intenção era buscar racionalizar a exploração madeireira e mostrar que, com o manejo sustentável, seria possível explorar a floresta infinitamente.”(https://www.recantodasletras.com.br/biografias/3046419)

    Quem devastou nossas florestas foram as grande rodovias construídas por JK, pelos Generais e por Governadores, sem quase nenhuma preocupação com os impactos ambientais ocasionados pelo que vinha atrás do fogo e da poeira.
    A colonização na transamazônica, a hidrelétrica de Tucuruí, o Incra e incentivo às invasões de terras, sem reforma agrária digna do nome, destruíram com tratores, correntes e fogo muito mais florestas que as motosserras poderiam conseguir.
    A Sudam, contrariando a Prof. Clara, incentivava o desmatamento em seus incentivos para a pecuária.
    O Incra e as leis que amparavam a colonização da Amazônia e a caricata reforma agrária, obrigava os colonos e donos de terra a desmatarem 50% das áreas, precisando ou não para suas atividades.
    O Incra doava um lote de 100 ha aos colonos da Transamargura, quando mal podiam cuidar de 2 ou 3 ha com a família. Para não perderem suas cartas de anuência, saiam queimando e plantando capim, trocando o ouro da floresta, pela pata do boi ou por nada, só para não perder a posse da terra.
    Os empresários aproveitavam para cumprir a lei do desmatamento compulsório, ganhar os incentivos da Sudam, transformando suas florestas e castanhais e extensos campos de braquiárias e colonião, entre outras pastagens.
    Quanta madeira foi queimada para se fazer a Belém/Brasília, a Santarém/Cuiabá, a Porto Velho/Cuiabá e a imensa Transamazônica?
    Quanta madeira foi afogada no lago de Tucuruí?
    Certamente as motosseras podem ser armas, quando mal usadas. Mas o homem é quem faz mal uso dos instrumentos que cria, e nós, amazônidas, sofremos passivamente todas essas agressões.
    Nossas elites sempre aplaudiram essas e outras empreitadas, calando ou nem pensando nos efeitos maléficos a médio ou longo prazo, se omitindo para melhor passarem.
    Um ou outro jornalista, ousou questionar, como lembro LFP fez em sua luta com argumentos. Se não me FALHAa memória, chegaram a ridicularizá-lo quando trouxe à discussão a opinião de outrem sobre a possibilidade da entrada de água salgada em maior quantidade vinda do mar, para nossos rios que desembocam na baía do Marajó, com efeitos sobre a flora e a fauna.
    Precisamos rever tudo isso e saber como explorar essa mina de madeiras, sem prejuízos ao meio ambiente, como queria Clara Pandolfo e outros visionários e intelectos da Região.
    As grandes queimadas é que devastam. A exploração, o manejo correto da floresta, não.

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    Publicado por Jab | 13 de agosto de 2019, 22:38

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