Dilson Pimentel é um dos mais antigos e melhores repórteres de O Liberal. Ele assina uma das maiores e mais importantes da edição de hoje do jornal. Mas será que ele pode apurar os fatos com autonomia? O tom é de crítica, feita agora à Brasil Biofuels no mesmo estilo das que vêm sendo publicadas seguidamente, há vários meses, contra a Agropalma, que também possui grandes plantações de dendê na mesma área, envolvendo os municípios de Tomé-Açu, Acará e Moju, para a extração de óleo.
A longa matéria é unilateral. Ouve apenas indígenas e quilombolas, que acusam a BBS (como igualmente aa Agropalma). O texto se estende por 29 parágrafos, mas sem ouvi-la, dando-lhe o direito de resposta, mesmo que para atender ao princípio de considerar a outra parte da história.
Não há um mapa ou croqui para situar graficamente o leitor diante do complicado conflito fundiário e assinalar as posições espaciais dos contendores. A reportagem definiu quem é o mocinho e quem é o bandido. O Liberal, em função dos interesses que possui na demanda paralela com a BBS e a Agropalma, agora considera mocinhos os bandidos que costuma estigmatizar em outras matérias.
Para evitar a continuação dessas novelas pouco jornalísticas, o Ministério Público Federal, que integra o contencioso, poderia emitir nota para esclarecer se os agrotóxicos usados nos plantios de dendê estão contaminando as drenagens e prejudicando a saúde dos moradores; se as empresas estão utilizando meios ilícitos e ilegais contra quilombolas e indígenas; se invadiram a zona de amortecimento, que protege as unidades de conservação da região da interferência humana.
Talvez assim a história se aproxime mais da verdade do que as séries de reportagens de O Liberal.
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