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Política, Violência

O estupro nacional

Aos 13 anos a menina começou a frequentar a casa do namorado, que passou a ser o seu “ficante”, num dos mais perigosos e violentos morros da zona oeste do Rio de Janeiro. Ia e voltava sozinha. Logo se tornou usuária de drogas. Imediatamente, engravidou e teve um filho, hoje com 3 anos.

Na última vez em que foi para ficar na casa do namorado, no final da semana passada, foi estuprada por 33 homens, provavelmente todos integrantes de uma quadrilha de tráfico de drogas, incluindo o namorado. Foi seviciada de todas as formas e desmaiou durante a curra. A violência só se tornou conhecida com a divulgação de áudio e vídeo pelos próprios criminosos.

O impacto dessa barbaridade, mais uma na escalada de selvageria deste país chamado Brasil, ofuscou os escândalos de corrupção em torno dos 98 bilhões de reais que a Petrobrás pagou às empreiteiras grampeadas pela Operação Lava-Jato.

Um valor impressionante, mas não o único no rosário de roubos bilionários dos cofres públicos, que, esvaziados, faltam quando se trata de financiar investimentos sociais capazes de impedir que o país se afunde num mar de lama e de imoralidade, que penetra no corpo e sufoca a alma da nação.

Discussão

44 comentários sobre “O estupro nacional

  1. Apesar da correlação final entre o estrupo e o roubo e uma sociedade desumana etc… Refém em declino,e ou pior, com o aval da mídia familiar e de grupos,que financiam e promovem todos estes desgovernos, em resumo, em um país em que tudo foi permitido, sinceramente sinto muito nojo!!!mas em nenhum momento a diginidade humana,consequentemente por genero raça credo etinia etc.. pode ser ofuscada por qualquer cifra ou escandalo do mundo!!!foi minha interpretação, bem antes da minha opinão

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    Publicado por Paulinho Talharim | 27 de maio de 2016, 21:34
    • Você tocou no ponto nevrálgico da questão. Temos projeto para quase tudo, menos para o essencial: a formação de uma civilização brasileira. Não é o mesmo que desenvolvimento nem mesmo se reduz a educação e cultura. É o cultivo de valores como o trabalho como meio de ascensão social, o respeito à vida, a exaltação da dignidade humana e equivalentes. Daí que o fluxo intenso de dinheiro pelo país tem como contraponto o paroxismo da violência, inclusive nas suas formas mais selvagens. O país enriqueceu sem melhorar substantivamente. E agora que empobrece, só há uma lei que vigora em todo território nacional: a do mais forte.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 28 de maio de 2016, 08:14
  2. A primeira matéria bem dosada que leio sobre o caso, sem medo dos milindres dos fatos reais.

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    Publicado por Gilberto | 27 de maio de 2016, 22:18
  3. Como bom jornalista que és, sabes que não há palavras imparciais, e que cada linha escancara seu modo de pensar. Mas eu gostaria que deixasse mais claro:
    Por que tu traças um perfil completo da vítima e quase não toca no perfil dos criminosos?

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    Publicado por Lívia Ferreira | 28 de maio de 2016, 08:27
    • Reexamine os meus textos, Lívia. Esse “nunca” não se aplica. Fulmino os criminosos, dos homicidas aos de colarinho branco, identificando-os e mostrando quem são. Sempre fiz isso, sem exceção. Veja o caso das milícias, dos pistoleiros, dos policiais delinquentes. Você deu interpretação absoluta a um único texto. Nele, o meu propósito foi mostrar a vergonha que representa para um país uma criança de 13 anos cair nas mãos de bandidos, frequentá-los sem qualquer ajuda ou atenção ao longo de três anos, período no qual ficou viciada em drogas e concebeu uma criança, cujo futuro pode ser pior do que o da mãe. E a sociedade só acorda quando o desfecho é brutal. Sim,, chocante, mas completamente previsível. Milhões dessas pessoas vivem seus dramas e tragédias sem serem vistas pelos que controlam o poder e o uso das bilionárias verbas públicas, que atacam como abutres insaciáveis e inescrupulosos. Do alto dos seus prédios de vidro e aço, dos seus gabinetes suntuosos, dentro de seus carrões blindados e peliculados, no vai-e-vem pelo mundo, recompostos em suas academias high-tech, eles se lixam para o Brasil. É a mais destrutiva elite no mundo, para a qual a civilização está nos seus bolsos.
      Antes do seu inapropriado puxão de orelhas, fiz um breve comentário sobre a falta de civilização.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 28 de maio de 2016, 08:49
      • 1- Quando usei a palavra nunca?
        2- Justamente por conhecer teu trabalho e saber que não és um hatter da internet, vim perguntar sua intenção.
        3- Não sou PHD em interpretação de texto, mas acho que não ficou claro em seu texto que você estava criticando a sociedade que permitiu que a jovem seguisse um caminho perigoso. Pareceu mesmo que você estava falando que o desfecho de sua história, o que foi condicionado ao seu comportamento.
        4- Mas, novamente: É justo expor e falar ainda mais da vida da adolescente? Por que não aproveitar o espaço pra falar do perfil dos criminosos e talvez traçar o paralelo da mente deles com a ascensão da direita ultraconservadora.
        Só quero entender porque alguém com a tua história escolheu essa abordagem.

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        Publicado por Lívia Ferreira | 28 de maio de 2016, 09:05
      • Confesso que não consegui entender direito a sua interpretação.
        O final do texto liga os dramas individuais às suas causas políticas e econômicas, ao roubo desenfreado dos cofres públicos, que priva o Estado, ainda que ele tivesse políticas sociais competentes (o que não é o caso), de recursos para o benefício de todos, não dos mamadores nas tetas do BNDES, do Banco do brasil, da Caixa e de outros canais de vazamento de dinheiro público.
        Falei de elites predadoras, que, como bem sabemos, se confraternizam diante do banquete que preparam para si com o dinheiro do erário. Nessa confraternização se misturando Renan, Lula, Jucá, Jader, Sarney, Dirceu, Pizzolatto, Paulo Roberto, Cerveró, Delcídio, Aécio, Dilma, Temer, Eduardo Cunha, Wagner et caterva. O que significa direita e esquerda para essa gente toda? Podem estar no mesmo barco num momento e noutro no momento seguinte. As figuras se embaralham e se separam conforme as circunstâncias, emolduradas por uma mitologia que não resiste a uma checagem.

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 28 de maio de 2016, 09:41
      • Penso que esse comentário seria imprescindìvel dentro do seu texto um pouco confuso. Não vejo clara a sua posição e a sua comparação.
        Como comentou Lìvia, cada linha escancara seu modo de pensar. E cada texto é “o texto” e tem que estar muito claro.

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        Publicado por Lia Matos | 29 de maio de 2016, 07:59
      • Onde está a obscuridade no texto. Ele não é um tratado nem uma análise em profundidade. O propósito foi de puxar pelo colarinho os responsáveis pela coisa pública no Brasil, que, além de roubarem o tesouro, dão péssimo exemplo para todo restante da hierarquia social, e acusá-los: olha o que vocês fizeram; não fujam da raia; não se escondam; não ditem o que não fazem.

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 29 de maio de 2016, 09:44
  4. Não importa nada se aos 13 anos ela foi mãe ou se o namorado era traficante, você realmente é um ser humano vazio.

    Enquanto existirem pessoas como você, estupros serão justificados todos os dias.

    Não misture as coisas, não utilize um exemplo de putrefação humana para putrefar suas ideias.

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    Publicado por Endira Sarmento | 28 de maio de 2016, 10:48
    • Enquanto existirem pessoas como você, o diálogo humano inteligente será impossível, Endira. Você coloca no meu texto o que não escrevi para ter a oportunidade de me atacar por uma posição que nunca foi a minha. O leitor que diga quem é vazio de humanidade.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 28 de maio de 2016, 10:57
  5. Internem o Lúcio Flávio.
    A cada opinião é um quilo de asneira que ele escreve.
    Mais uma agora sobre o estupro coletivo no RJ.
    Como diria Lima Barreto, triste fim de Policarpo Quaresma.
    De Andersonjor, no facebook…
    Reage, Lucio!

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    Publicado por José Farias | 28 de maio de 2016, 13:17
    • Acusar é fácil, ainda mais com leviandade. Provar a acusação, demonstrando os argumentos, é outra coisa.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 28 de maio de 2016, 14:25
      • Olá Lúcio, escrevi ontem um texto sobre o episódio no meu blog. Convido você a ler minha visão sobre o assunto. Em qualquer crime é impossível saber como a conduta criminosa de fato se deu. Isso porque passado o ocorrido restam apenas as versões das partes e terceiros. Um telefone sem fio. No caso específico do estupro coletivo do Rio, pela proporção midiática tomada pelo caso, é ainda pior querermos brincar de Detetive, uma vez as cartas dadas por uma mídia imparcial.

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        Publicado por thascortez | 28 de maio de 2016, 18:13
      • Muito obrigado, Thas. Posso reproduzir o seu artigo para ver se a discussão se encaminha para um plano saudável da busca por medidas de combate mais eficiente ao estupro, no contexto de ruína social em que vive o Brasil?

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 28 de maio de 2016, 18:37
      • Oi, Lúcio. Por favor, fique à vontade. E obrigada! Me parece que faltam exatamente discussões salutares entre nós brasileiros.

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        Publicado por thascortez | 28 de maio de 2016, 18:48
      • Obrigado, Thaís. Segue-se o artigo, com alguns pequenos ajustes.

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 28 de maio de 2016, 19:35
      • Acabei de ver, Lúcio. Agradeço novamente pelo espaço cedido. Espero que repercuta em uma discussão proveitosa.

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        Publicado por Thaís Cortez | 28 de maio de 2016, 22:30
  6. Aos que estão jogando pedra no LFP, pergunto-lhes uma coisa: vocês já pisaram em uma favela? Se não, ao menos sabem como funcionam as coisas lá? Se não, ao menos tem uma ideia básica, ainda que vista só através da tela de cinema através do filme dirigido brilhantemente por José Padilha? Têm ideia do abandono e desamparo ao qual essa gente está submetida? Têm ideia do descaso total do estado que acaba permitindo que se criem poderes paralelos dentro dela? Os detentores desse poder paralelo fazem o que bem entende por lá. São gente da pior espécie, sejam eles milicianos ou traficantes mesmo.Exploram as pessoas, tomam seu pouco dinheiro e estupram as moças como aconteceu agora. Cometem as piores barbáries contra essas pobres pessoas, totalmente desamparadas por um estado corrupto onde políticos, empresários, banqueiros e bandidos de variados setores (sem distinção) assaltam a maior empresa do país. Assaltam o dinheiro que é nosso. Que poderia ser investido para o bem das pessoas das favelas. Poderia combater o poder paralelo. Acham que não há relação nenhuma? É lógico que há. Nem precisamos ir muito longe. Tivemos recentemente na periferia de Marituba outro caso brutal no qual uma criança foi estuprada, esfaqueada e morta. Jogada na mata de Marituba. Cadê o poder público? O pior que ninguém enxerga isso. Esses mauricinhos e patricinhas de facebook preferem brigar para defender crápulas do PT, PSDB ou PMDB e tentar analisar as coisas sob a ótica de suas confortáveis casinhas, computadores ou celulares como se entendessem a realidade em que essa pobre menina vive.

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    Publicado por Everaldo | 28 de maio de 2016, 13:50
    • Eu tinha 16 anos e pouco mais de um mês como repórter quando fiz a primeira matéria sobre o remanejamento da favela da marechal Hermes para o início da implantação desse esplêndido esgoto a céu aberto que é a Doca. Acompanhei os moradores quando eles começaram a se instalar no canal do Una. Fiz várias matérias a respeito. Depois, acompanhei o projeto Promorar, do final dos anos 70, com a criação do Marex. E assim sucessivamente, desde tempos anteriores ao jornalismo, na Vila da Barca. No Rio, acompanhei aquela coisa medonha da Cidade de Deus e outros campos de concentração. Já fui a algumas favelas. Não falo só de ouvir dizer, embora ouça muito e leia bastante. Meu texto procurou mostrar as raízes ocultas desse estado de selvageria que toma conta do Brasil sem que as ditas políticas de inclusão social signifiquem mais do que remendos. O cancro cresce. Com ele, a crosta e a casta que vive de saquear o Brasil há cinco séculos.
      Lembro dos 300 de Esparta, que, encurralados nas Termópilas e ameaçados de receber uma chuvarada tal de flechas dos inimigos, reagiram maravilhosamente: melhor, combateremos à sombra.
      Que venham as pedras. Tentaremos com elas, caríssimo Everaldo (obrigado), construir um prédio mais sólido de inteligência do que induzem esses ataques irracionais. No fundo, o que querem é calar uma voz independente, alguém que teima em procurar as provas da verdade, sejam quais forem, estejam onde estiverem.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 28 de maio de 2016, 14:35
  7. O texto evidenciou a vítima, esmiuçando seu território, seus costumes, que culminou na “curra”. Infelizmente o jornalista errou na apreciaçao do caso. Nao se relativiza, e nem se evidencia as entrelinhas de um caso como esse. NADA JUSTIFICA.

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    Publicado por anderso | 28 de maio de 2016, 14:21
    • E quem aqui está justificando algo? Eu pelo menos não vi isso no texto?

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      Publicado por Everaldo | 28 de maio de 2016, 14:23
      • Será que não é uma maneira de , criando um factótum e provocando a reação irracional dos que não leem aquilo a que se referem e decidem pelo que não leem, me atacarem e tentarem intimidar, para me calar?

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 28 de maio de 2016, 14:47
      • Estou escandalizado pela reação dos leitores, das leitoras, das amigas queridas.
        É muito fácil gritar palavras de ordem nestas circunstâncias e fazer o discurso fácil (e escapista) da indignação em abstrato, cujo vácuo se esconde pelo preenchimento de palavras de ordem.
        Já ajudei mulheres – nem odas amigas, várias jovens – vítimas de abuso sexual doméstico. Sei bem do problema. Não vou além porque são dramas humanos reais e alguém, das pessoas que me lerem, saberá que me refiro a ela e a mais algumas.
        Mas isso não interessa diante do texto. Nada – mas NADA mesmo – sugere, insinua ou deixa em aberto minha adesão à vitimologia, que transfere a culpa para a vítima.
        Saí do lugar comum do discurso indignado e inconsequente dos acompanhantes à distância do drama humano do Brasil (les beaux gens, quelle canaille”, disse Zola) para mostrar a culpa de todos nós, de todos que podiam ter agido nos três anos de percurso da menina de 13 anos até o inferno. Agora que o inferno se instalou, quem mostra a omissão geral é o culpado?
        Se as pessoas que me condenaram pelo que não disse e esqueceram tudo que disse e fiz mantiverem seu juízo, lamento: que sigam seu caminho. O meu é o que percorro não desde ontem, mas há meio século. Mesmo que sozinho, continuarei nele enquanto meu corpo, minha alma, minha inteligência e minha fé permitirem.

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 28 de maio de 2016, 15:02
    • Esta é uma interpretação malévola, doentia e de má fé do que escrevi, tão curto e claro que não autoriza essa elucubração. Mostrei que durante três anos a moça, a partir dos 13 anos de idade, ainda criança, foi sozinha para um reduto de traficantes, voltou várias vezes, sumiu por dias, ninguém foi atrás dela, nem da família nem do Estado. Nesse período deve ter sido abusada, engravidou, deu à luz uma criança (já com 3 anos) e viveu no submundo. O estupro coletivo finalmente chamou a atenção quando o drama já estava constituído. Como é que nenhuma rede social, nenhum filtro estatal, nenhum acompanhamento familiar interrompeu essa caminhada para a tragédia pessoal? Tudo isso falhou e ela acabou exposta à mais torpe das violências. Agora forma-se o clamor. Mas qual sua consequência efetiva para milhares de brasileiros, homens e mulheres, vítimas de uma violência rotineira? Eles são invisíveis aos olhos de quem está no poder.; Por isso estabeleci o nexo entre o estupro e sua causa mais remota, o saque aos cofres públicos, pelo qual se esvai o dinheiro que devia ser aplicado para prevenir violências como a da menina do Rio.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 28 de maio de 2016, 14:46
  8. Pow, Lúcio Flávio, o que tá acontecendo contigo, camarada?

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    Publicado por pauloandrenassar | 28 de maio de 2016, 17:52
  9. Pra mim está muito claro o ponto levantado pelo Lúcio. Não entendo tanta celeuma.

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    Publicado por Jonas Veiga | 28 de maio de 2016, 19:43
    • Obrigado, Jonas.
      Gostaria que as pessoas lessem com atenção o que escrevi e os comentários que fiz. E citassem o trecho em que, se não justifiquei o estupro, não deixei claro que o repudio e que busquei as causas mais profundas da repetição desses abusos e de outros crimes vis, selvagens, sanguinários, brutais e frequentemente absurdos de que é vítima o cidadão brasileiro, homem e mulher, diariamente.
      Minha consciência está tranquila. Mas essa onda de irracionalismo e agressividade preocupa.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 28 de maio de 2016, 20:02
  10. Isso mesmo Flávio, é preocupante que essa onda de irracionalismo e agressividade, não permitam na sua breve leitura, uma abordagem complexa de nossa sociedade violenta, corporativista, cínica e com um índice de analfabetismo funcional gigantesco. Como diria nosso querido Nelson. Não enxergamos o óbvio ululante.

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    Publicado por gerbson nascimento | 28 de maio de 2016, 21:25
    • Quero partilhar minha perplexidade com os leitores, como você.
      Dois momentos do século XX me preocupam até hoje e são questões ainda em aberto para mim.
      Um é a revolução bolchevique. Raramente pessoas tão qualificadas estiveram juntas num mesmo país na mesma época. Uma vanguarda tão poderosa que se apoderou de uma revolução e, mesmo minoritária, a levou em frente. Porém a nata dessa vanguarda foi assassinada por Stálin. O tamaho da tirania que implantou éproporcionou ao massacre que empreendeu.
      Outra é a república de Weimar, o meio tempo democrático da Alemanha entre duas guerras terríveis, como nunca houve na história da humanidade. Também havia um acúmulo de pessoas da mais alta qualificação e preparo. Por que não conseguiram sustentar a democracia ou prevenir Hitler? O tamanho dessa tragédia está na execução da mais brilhante dessas cabeças, Rosa Luxemburgo. Ainda releio seu fim trágico sob impacto.
      Por que o irracionalismo triunfou nesses dois momentos?
      Triunfará também no nosso maltratado e querido Brasil?

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 28 de maio de 2016, 21:30
      • Ao que tudo indica sim. Temos um Ministro da Educação que recebe ideias estúpidas de um débil mental como Alexandre Frota; temos milhões de pessoas que admiram outro débil mental como Bolsonaro; temos um bando de extremistas religiosos e intolerantes querendo aparelhar o estado para aprovar leis que afrontam a democracia; temos certos anti-petistas que só se indignam quando a corrupção é do PT ; e, para finalizar, temos certos petistas que acreditam que todas as falcatruas do partido não têm nada demais ou que é tudo invenção da “mídia golpista” (sabe-se lá quem inventou essa bobagem paranóica). Ora, depois de todas as alianças que Lula fez com gente da mais torpe estirpe, ainda há gente que acredite que semelhante partido seja vítima?

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        Publicado por jonathan | 2 de junho de 2016, 00:32
  11. Lucio, parabéns pelo texto; lúcido coerente, como sempre. Uma pergunta me fiz ao ler sobre esse crime: se os próprios estupradores não tivessem divulgado nas redes sociais suas práticas criminosas, o que teria acontecido com essa moça? Ela sequer poderia promover uma ação penal contra eles, por falta de legitimidade processual, necessitando ser representada por sua mãe. Essa senhora, que viu sua filha se envolver com um traficante aos treze anos de idade e dele engravidar, procurou uma delegacia pra fazer bo? Sim, porque aos treze anos, a garota foi vítima de estupro (de vulnerável) sabe-se lá por quantas vezes. Assim como essa criança foi vítima de estupro aos doze muitas outras são vítimas aos onze, dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um ano e até meses. Já indiciei pai, tio, avô, irmão, primo e tantos outros integrantes de uma lista que parece infindável. Como policial, me pergunto onde estão, nessas circunstâncias, os seus raivosos leitores? Com tanta indignação demonstrada, deveriam estar engajados em ações preventivas e repressivas de combate ao estupro. Estão? nao posso acreditar que, vomitando asneiras e essa podridão de ofensas e desrespeitos, essas pessoas estejam verdadeiramente solidárias, não apenas a essa moça, mas a todas as vítimas de estupros, perpetrados diariamente nesse país. E haja discurso!

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    Publicado por Marilene Pantoja | 28 de maio de 2016, 23:43
    • Marilene é mãe de um casal de filhos (a filha adolescente), professora de direito processual penal na Unama e delegada de polícia em vias de se aposentar. Conhece a questão en teoria e prática. Dá aulas há vários anos (antes, também, de direito penal). Atuou na linha de frente policial, em operações de rua, e por vários anos na delegacia dos crimes contra a mulher. Nada que desabonasse seu currículo nem maculasse sua biografia ou tisnasse sua imagem. Fala, portanto, com pleno conhecimento de causa. Sinto-me fortalecido com sua avaliação, autoridade que é na matéria.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 29 de maio de 2016, 09:42
  12. Acredito que os protestos ao artigo provenham da parte final, onde você falou que “O impacto dessa barbaridade (…) ofuscou os escândalos de corrupção”. Quando eu li, entendi que você dizer que a barbaridade foi tamanha que chegou a ofuscar etc. Mas, de fato, não é bem isso o que está escrito, e do jeito que está, dá margem para ser lido como “infelizmente, o impacto dessa barbaridade etc”, como se lamentasse o fato de ter tomado essa proporção. Uma interpretação ou outra é, de fato, variável conforme os ânimos dos leitores no momento da leitura, o que, e aqui vai a minha crítica, de um jornalista experiente como você, deveria ter sido percebido. Entendo que haja de maneira geral uma onda de hostilidade no país (e até no mundo), o que tem dificultado o diálogo, mas, por outro lado, lembremos que essa capacidade para o diálogo que se perdeu foi negado or muito tempo às mulheres. Acredito que você não quis relativizar o ocorrido, e mesmo que não o tenha feito, mas, dada a situação atual, a precaução a interpretações equivocadas, que alguma clareza a mais no texto poderia tê-las evitado, torna-se um dever. Digo isso a você e tenho dito isso a mim mesmo, pois passei eu mesmo por uma situação semelhante recentemente.

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    Publicado por Rafael Estrela Canto | 29 de maio de 2016, 15:20
    • Uma interpretação dessas, que realmente houve, é quase imprevisível. O que eu quis dizer e de fato disse foi que, ofuscada pela avalanche do noticiário sobre o estupro, em boa parte assumido por quem, no dia a dia, também pratica estupro (contra a verdade, a moralidade, a ética, a solidariedade humana, os cofres públicos), as pessoas esqueceriam da conexão que há entre a sangria do erário e as péssimas “políticas públicas” dos governos, especialmente para a área social. Quantas vezes a menina foi abusada – de todas as formas – até o crime final e degradante do estupro coletivo? Alguma comunicação ao conselho tutelar? Alguma queixa na política? Alguma assistente social visitou a família? Nenhum vídeo nas redes sociais? Nenhum alerta dos grupos de combate à violência de gênero, infantil, familiar, etc? Como é que toda essa filtragem foi nula em mais de três anos? É para isso que meu artigo chama a atenção.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 29 de maio de 2016, 20:56
  13. Nossa, quantos caos a mistura explosiva de agressividade, irracionalismo e internet em alguns comentários!!!
    Como já dito por vários, só quem ignora profundamente a história do Lúcio e do Brasil daria interpretação tão rasteira e equivocada sobre o texto… Muita força e seguimos, estimadíssimo Mestre!
    Tomara que com o mesmo ímpeto com que comentaram, os exaltados tenham lido suas incansáveis réplicas, tréplicas e argumentações para melhor contextualização do que tentaste colocar: a relação proporcional diretíssima corrupção -> caos urbano.

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    Publicado por Marlyson | 29 de maio de 2016, 17:13
  14. Lúcio, permita-me o seguinte comentário: acho que acabei de deparar-me com o primeiro texto que você escreveu pela metade, pois você descreve duas situações paralelas, não concluiu nenhuma das duas, e o que é pior, esboça, (mas não desenvolve), uma relação entre elas, deixando espaço para se imaginar – pelo caminho que o texto seguiu – ser uma mais importante ou urgente que a outra. Peço-lhe que você conclua seu texto, sob pena de continuar permitindo interpretações diferentes do que você queria dizer, mas apoiadas no que você deixou de ser dito.
    Mas para facilitar para você, serei mais direto: o ofuscamento da cobertura política – mais especificamente a apuração da operação Lava Jato – pelo caso do estupro da adolescente do Rio de Janeiro é uma coisa negativa, é isso? A primeira “pauta” deveria prevalecer sobre a segunda, devido à sua dimensão e consequências sociais, é isso?

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    Publicado por John Charles Torres | 30 de maio de 2016, 22:52
    • Não é negativa desde que se veja a conexão entre uma e situação. Como já se está vendo. O nexo é o efeito social da perversidade política e econômica, ainda que cada caso seja um caso e deva ser analosado individualmente, ao invés de simplesmente ser enquadrado numa regra geral.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 31 de maio de 2016, 07:54
  15. É a patrulha, Lúcio. Um texto tão simples, despretensioso até em relação a outros que escreves, que faz uma clara relação entre causa e efeito, entre superestrutura e os dramas que se desenvolvem dentro e por causa dela. Há, porém, um tipo de gente que não aceita que se concorde em parte com ela. É tudo ou nada, sempre. Isso inviabiliza até uma simples interpretação de texto.

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    Publicado por marcelovieiradias | 31 de maio de 2016, 15:09
  16. …e ainda querem liberar as drogas no nosso brasil, lúcio. imagine a selvageria e degradação que existirá quando estes animais forem vistos como empresários sérios da erva e investidores da canabis …. quem sabe será o novo braço do agro-negócio que nos falta para sermos um nação do primeiro mundo. mundo de pernas pro ar literal e ironicamente verossímel

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    Publicado por alexandre | 1 de junho de 2016, 11:27

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