Este é o post de número três mil. Com ele, dou por concluído o projeto que me levou a criá-lo, quase três anos atrás: de tentar transferir para a internet o jornalismo que se fazia – e ainda se faz – na versão impressa em papel. Até o formato do blog foi concebido com esse propósito, à imagem e semelhança do Jornal Pessoal, meu papel impresso. Sem, imagens, textos curtos (ou mínimos), cores, firulas.
Tudo para não dar certo. Não deu, claro. Mas foi uma excelente experiência para mim. Acho que pude mostrar algumas vezes que é possível reagir instantaneamente aos fatos sem estar sujeito à bitola das consultas a banco de dados, principalmente ao Google, que homogeneíza quase tudo.
Houve dias com mais de 10 textos em cima dos acontecimentos, situados em seu contexto e analisados. O mais importante (e trágico): sem seguimento pela grande imprensa, apesar da relevância do tema. Como na versão impressa, ficou provado, na edição digital, que certos dados são deliberadamente escondidos, mantidos à distância da opinião pública – para assim poder manipulá-la.
Ainda assim, os 3 mil postos provocaram 15 mil comentários. Afora uma dúzia de impropérios e ataques vis, foram intervenções ponderadas e positivas dos leitores deste blog. Com suas participações, eles contribuíram com a parte melhor deste espaço.
Com o tempo, pela limitação da participação, criou-se uma quadratura no círculo. Cadê os outros? Onde se esconderam os grandes nomes da intelectualidade paraense? Por que silenciam?
Não estou reivindicando qualquer título de sucesso. Este blog jamais pretendeu ser um campeão de audiência. Queria ser, como o JP, no máximo, um espaço da inteligência, da reflexão, da controvérsia criadora. Conseguiu ser em alguns momentos. Daí seu modesto resultado ser também uma boa conquista.
A internet, porém, e parece condenada a esse destino, é um espaço do desatino (se permitem o jogo de palavras), da frigidez, do espasmo (muitas vezes histriônico), refratário à troca de ideias, consagrador do mínimo eu, circunscrita ao espaço entre o nariz que aponta para o alto e o umbigo em forma de caracol.
É um maravilhoso instrumento de conclamação, mobilização, arregimentação, alerta e denúncia. Uma vez cumprida essa missão, se exaure. Mal comparando, mas já comparando, um estado pós-coito do macho dominante, ao qual se submete a fêmea dominada (com todas as razões para se insurgir contra essa prisão coadjuvante, mas necessitada de esgotar a compreensão fisiológica e histórica).
Até este post derradeiro não abri mão de escrever conforme aprendi e, ao longo de meio século, testei. Quando, recentemente, um conjunto de enfermidades me alertou para o desgaste definitivo do corpo, resolvi que era hora de aplicar as minhas energias a outros projetos e desistir deste jornal em cima do lance, o mais abrangente que eu consegui fazer, sacando contra o meu já reduzido capital de saúde.
Na internet vou prosseguir com os outros blogs, sobretudo o Amazônia Hoje, minha tentativa de criar uma enciclopédia viva, uma ferramenta para a história do dia a dia, em qualquer dia. Espero que, se essa empreitada tiver realmente valor, um dia os seus destinatários a descubram.
Fora da internet, voltarei o meu empenho para encontrar uma solução para o Jornal Pessoal. Se resistirmos, ele e eu, o JP chegará aos 30 anos em setembro, quando completarei meus 68 anos. Não é uma data qualquer para um jornal tão alternativa como ele é. Esgotando os recursos captados pelas vaquinhas lideradas por Paloma Amorim e Lucas Figueiredo, haverá ainda condições para o jornal prosseguir? É a resposta que vou perseguir, voltando a me dedicar mais ao jornal, que, há vários números, roda no vermelho.
Este blog não morrerá. Continuará a publicar a seção A História na Chapa Quente, se o leitor a desejar manter. Se houver comentários, continuarei a respondê-los. Também servirá de abrigo para o anúncio das novas edições do Jornal Pessoal, enquanto ele existir.
A vida prossegue e prosseguimos com ela, observou Carlos Drummond de Andrade:
Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entretanto lutamos
mal rompe a amanhã.
Muito obrigado, caríssimo leitor.
Digital ou papel? Para mim digital. Só leio um veiculo informativo em papel. Sabes qual? O JP que festejarei quando estiver 100% no digital. Vamos festejar o lançamento em Setembro próximo (30/68 anos)?
em tempo: não é o macho o dominante. Até pode ter sido dito/louvado/pensado/…. Ela, fêmea, é que domina ( não só no ato mais criador). Paz e saúde
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Liceu JP, JÁ!
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Lúcio,
Obrigado por compartilhar conosco as tuas visões e interpretações da nossa história recente por tanto tempo. Compreendo os problemas de saúde e tempo e a definição de novas prioridades. Com o fim da atualização do blog com os fatos recentes, perde a sociedade paraense e brasileira, mas concordo com você que tudo tem um limite. Aproveito e reforço o que o Valdemiro escreveu: pelo menos coloque a venda o JP no formato digital. Isso ajudaria muito a aumentar a circulação fora de Belém e quem sabe garantir a sustentabilidade financeira da publicação. Continue iluminando a sociedade com suas análises críticas, pois elas são fundamentais para um futuro melhor.
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Obrigado, José. O JP se tornará digital com duas edições de atraso. Será uma seleção do que sai no papel.
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LFP, grava o JP em pdf antes de ir para a gráfica e distribui para quem assina fora de Belém. Voce multiplicará a venda por 10 e ainda evitará os custos de distribuição. Você já paga para o distribuidor para o número em papel. Entào porque não paga um pouco para alguem distribuir para você as assinaturas digitais?
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Obrigado pela sugestão, José. Vou examiná-la.
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Foi um lindo trabalho e travessia que com certeza devolveu o sentido crítico e afetivo aos acontecimentos de nosso estado, de nosso país, mundo e à própria vida. No acordo ou na ruptura, com certeza os seus leitores cresceram e vão continuar te apoiando para que o JP continue vivo. E, claro, você também. Mas que besteira de não sobreviver, os lutadores sempre sobrevivem.
Abraços.
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Que os anjos digam amém, Paloma. Obrigado.
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Permaneça, se puder, mesmo que com menos frequência. Sua inteligência precisa compartilhar o que está além da informação conosco. O importante deste espaço é a troca de informações imediatas, mesmo com o efeito frustrante dos grossos e despreparados para o debate.
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Obrigado, JAB.
Então, atendendo seu pedido, podíamos fazer assim: as perguntas me perguntam coisas e eu tento responder. Podem fazer comentários. Vai ser realmente um fórum, sem meus textos como ponto de partida. Vocês é que serão. Só me manifestarei por provocação. E espero que as pessoas também se conscientizem de que precisam contribuir financeiramente para manter este espaço.
Neste momento, estou com internet precária.
Está submetida a proposta aos leitores para manifestação.
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Boa idéia. Faremos as perguntas. Sobre os incapacitados para o debate..que afundem em suas mentes medíocres.
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Concordo c/ os posts acima, e Lúcio estou torcendo q a tentativa seja exitosa. Aliás, não duvide de q este projeto em si deixou sementes. Conquanto tenhas sofrido desarrazoados ataques, próprios da alienação/deturpação ante aos fatos. Tuas análises críticas nos são fundamentais p/ enfrentarmos debates de nossa contemporaneidade tão conflitantes. Os teus alertas ante um silêncio obsequioso e leniente da academia, das classes representativas, enfim dialogam c/ nosso cotidiano fugidio, opressor, negligente… Também compreendo-te qnto ao saúde e custeio ao trabalho, afinal somente alienados mantém os “pés nas nuvens”. A tecnologia é tua forte aliada junto ao teu talento ímpar. Força e Fé!
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Caríssimo JORNALISTA Lúcio Flávio Pinto, parabéns pelo bem que você tem feito pela democracia, pelo Pará e pela amazônia e pelo Brasil!! Mas, como informa o conhecido provérbio português “não há mal que sempre dure(ainda bem!), nem bem que se não se acabe” (infelizmente) . Isto ,claro, em relação aos post , pois que certamente você continuará contribuindo imensamente com sua mente privilegiada , inteligente e com honestidade intelectual para com todos nós de outras formas, como as elencadas acima. Um abraço amazônico
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Um agradecimento amazônico, Hélio. Muito obrigado. Você é dessas pessoas cujo apoio conta muito.
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Parabéns, Lúcio. Acompanhá-lo foi foi fundamental para entender Belém, o Pará, a Amazônia e o Brasil, hoje. Que o debate prossiga.
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Avante!
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Parabéns, Lucio! Também acho que a versão nas bancas ainda é a melhor solução, por conta da remuneração que mereces, a menos que algo surja, na internet, que possa te manter na medida certa. Talvez devas aumentar o preço do exemplar para dez reais. Pagamos muito mais por outras publicações que não chegam aos pés do nosso “Pessoal”.
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Muito obrigado, caro Edyr. Vou tentar manter o preço atual, que já é alto para leitores com dificuldade de acesso.
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Superparabens Lucio!
Eu lhe desejo sucesso sempre, porque profissionalismo e competencia não lhe faltam!
Abraços querido com o apreço de sempre!
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Muito obrigado, Márcia.
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Oi, Lúcio, tenta alguém que possa te ajudar a formatar o acesso pago ao blog (vê na UFPA se eles não podem te ajudar). Cobra o valor do JP e vê no que dá. Vê aí um layout semelhante ao do jornal em papel. Eu topo pagar 5 ou 10 por mês para ter acesso ao teu conteúdo, até pelo celular! É apenas uma sugestão. O que achas? Já tem muitos jornais fazendo assim. Ah, parabéns o obrigado pelo teu jornalismo. Grande abraço.
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Vou examinar todas as alternativas, Fred. Obrigado.
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Sinto que a ” JUNGLE” vai ficar triste se perder a defesa de seu legitimo filho e nós também. Vamos adiante Prof. Lúcio.Falando nisso, Por favor, examine a materia de hj na Folha que fala do apoio da bancada paraense à diminuição da Flona Jamanxim lá em Novo Progresso.obrigado
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Obrigado, Arlindo. É matéria de capa do JP que está nas bancas.
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Apenas uma dúvida. Uma dúvida, apenas. APENAS!: Lula condenado e o “encerramento” deste blog seria coincidência? Uma chapa quente acompanhada de uma CERPA geladíssima seria mais que fundamental para dirimir este imbróglio. Ou não? Saúde!
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Uma cerpa não é só fundamental, como é importante. Não fiquei muito pesaroso como os outros frequentadores do Blog, porque acredito na continuidade do Jornal Pessoal impresso. Aliás, frequentei muito pouco esse espaço devido não ter muito afinidade com esta forma de comunicação, nem sei se vou ter tempo para adquirir alguma predileção. A idade ….
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Lamento o fim dos Post, pois, parafraseando um certo slogan, nós poderíamos dizer: Este Blog representa vida inteligente na Internet.
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Obrigado, Valdenor.Principalmente por valorizar e enriquecer nossas divergências em alto nível.
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O legado que vêm talhando na rocha, Lúcio, já está edificado, intemperismo nenhum o dissolve.
Assim, como o e-book se desenvolve para prevalecer o impresso, o JP seguirá se metamorfoseando para alçar voos maiores.
Parabéns, sáude, firmeza e força…
Como ensinou Alphonse Marie Louis de Lamartine “Amar para ser amado é humano, mas amar por amar é angélico”, da mesma maneira, seu sacríficio pessoal pela “causa”, converte sua produção em conhecimento supersubstancial, nutrindo seus leitores com a rara essência da lucidez.
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Obrigado pela injeção de ânimo, caro Thirson.
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Uma pena se não continuar. Sou leitor e apreciador da boa leitura que o blog nos proporciona, sempre com visões de excelente conteúdo. Mas o JP merece atenção também. Ferramenta de grande relevância contra a ignorância política que varre nosso dia-a-dia. Obrigado LFP.
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Ao menos se tocou e vai parar de escrever besteiras. Boa notícia.
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Não digo o mesmo para você, que sempre foi um teste para a minha capacidade de tolerância, compreensão e altruísmo. Será sempre bem-vindo. Mas deixe um pouco da deseducação à Lewis Carroll do lado de fora, tá? Fará bem a todos, principalmente a você e ao seu fígado, ao qual deve dar tanto trabalho.
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Sempre tem um espirito de porco na linha da rede social/anti-social …Humberto Eco tinha razão …
Valeu enquanto durou, Lúcio .
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