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Imprensa, Polícia, Violência

A máfia da imprensa paraense

Os Maiorana e os Barbalho transformaram os seus jornais impressos em instrumentos de uma organização que criaram, uma versão paraense da Cosa Nostra. A prova é o silêncio absoluto de O Liberal e do Diário do Pará sobre a morte de duas pessoas e o ferimento de uma terceira. Elas foram atropeladas, ontem, por Giovanni Maiorana, que dirigia em alta velocidade seu carro de luxo, provavelmente bêbado, de madrugada, depois de participar da festa de lançamento de uma nova emissora de rádio do grupo Roma, do qual é vice-presidente.

Antes de matar as pessoas, que estavam na calçada de uma das mais importantes avenidas de Belém, o automóvel de Maiorana colidiu violentamente com cinco carros, destruindo pelo menos três deles. Menos de 12 horas depois do acidente, por ordem do juiz Heyder Tavares Ferreira, logo em seguida à audiência de custódia.

Até setembro do ano passado, diante de um fato como esse, o jornal dos Barbalho teria dado ampla cobertura porque, além de ser Maiorana, Giovanni, que completou 26 anos neste mês, é o filho mais novo de Romulo Maiorana Júnior, inimigo declarado dos Barbalho, principalmente de Jader. Já os veículos do grupo Liberal simplesmente ignorariam o assunto, por ordem do todo poderoso presidente da empresa. Romulo Jr. sempre agia assim, quando seus interesses pessoais estavam envolvidos.

Em setembro do ano passado, “Rominho” foi destronado do comando do grupo Liberal pelos irmãos sócios na corporação. Começaram então uma guerra jurídica, que terminou num acordo, em abril deste ano. “Rominho” se afastou completamente do grupo de comunicação, que presidira por 32 anos, desde a morte do pai, fundador do império de comunicação, em 1986. Passou à presidência do grupo Roma, tendo ao lado o filho.

Foi a partir de então que os encontros e conversas entre os antigos inimigos levaram a um entendimento do interesse das duas partes. O Liberal, com uma dívida enorme e dificuldades operacionais, passou a receber farta publicidade federal, certamente pelo acesso dos Barbalho, donos do MDB, ao presidente Michel Temer, do mesmo partido. Já os Maiorana começaram a dar acompanhamento simpático aos Barbalho e a se afastar do governador tucano Simão Jatene, que manteve por anos uma programação publicitária intensa no grupo Liberal, para ter o seu apoio.

A justificativa dada à nova ordem foi de que, finalmente, os dois jornais cobririam com independência e autonomia todos os assuntos. O Liberal encerrava as campanhas de ataque aos Barbalho, patrocinadas por Romulo Jr., dando tratamento puramente jornalístico a todos os acontecimentos. E todos sairiam ganhando.

A censura ao acidente causado por Giovanni Maiorana desmascara esse discurso. O entendimento não favorece a boa informação à sociedade nem é garantia de independência. É uma nova forma de manipulação da opinião pública, atenuada pela ordem da TV Globo, de dar tudo que for notícia, inclusive os fatos ruins envolvendo os donos da emissora. Essa diretriz, seguida por representantes de confiança da Globo, autênticos interventores na empresa, explica o noticiário de ontem da TV Liberal sobre os atropelamentos, dando nome ao autor (mas já sem repetição hoje). Na TV Liberal quem manda são os Marinho, não os Maiorana.

Na mídia impressa e nos portais, com ligeiras exceções, quem manda é a máfia local, apenas  refeita.

Discussão

3 comentários sobre “A máfia da imprensa paraense

  1. Precisa ver qual influência real esses jornais têm na sociedade. Ocasionalmente os leio mas sem qualquer interesse só para passar o tempo geralmente em locais públicos sem adquiri-los . Por serem midias dependentes de seus donos têm credibilidade reduzida na medida em que seus interesses desses últimos são propagandeados,pois já não existem mais tantos sonados assim.

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    Publicado por Arlindo Carvalho | 28 de setembro de 2018, 10:13
  2. Parafraseando Millôr Fernandes, ambos são impressos com cocô.

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    Publicado por bernstil | 28 de setembro de 2018, 11:07
  3. Ainda bem que existe o JP e este blog. De outra forma, tudo seria empurrado para debaixo dos panos.

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    Publicado por Jose Silva | 28 de setembro de 2018, 13:58

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