//
você está lendo...
Cultura, Governo, Política

R$ 3,2 milhões no circo

Com os 820 mil reais registrados hoje, a Fundação Cultural do Pará já pagou a quem quis (cantores e bandas) quase R$ 3,2 milhões neste ano (só do que anotei), na forma de cachês, concedidos diretamente, por tê-los enquadrados abusivamente nos casos de inexigibilidade de licitação.

São os cachês mais caros pagos no mercado de Belém a artistas em geral desconhecidos, sem qualidade ou de qualidade duvidosa, por ato exclusivo do presidente da fundação. Esses artistas ganham, em média, R$ 8 mil para se apresentarem em formato digital – em lives e gravações de vídeos.

Desconheço alguma iniciativa semelhante em todo Brasil. No ano passado, essa política era praticada através de uma variante paraense da rachadinha nacional, que deu notoriedade aos Bolsonaro no plano nacional. Tenho me empenhado essa orgia com o dinheiro público, uma malversação explícita e assumida, mas que não provoca a manifestação dos órgãos de controle externo ne, da sociedade.

Como a omissão coonesta os que deveriam se interessar e minha reação é solitária, deixarei de prosseguir no acompanhamento dessa ignomínia. Circo para todos.

A seguir, os “projetos artísticos” do dia:

Projeto Marcando Presença Musical

– Artistas: IZIS QUARESMA, MICHELE AMADOR, LAYNA BELINE, ADSON PARANHOS, BRUNO MESCOUTO, BANDA LOS BREGAS, BANDA PANKADÃO DO FORRÓ, BANDA MEGA POP SHOW, BANDA AÇAI LATINO, BANDA BALADA MIX, BANDA AÇAI PIMENTA, BANDA O BEIJO DELA, ELMA MAUES, BANDA THE BREGAS E ANNY LOPES

– R$ 120.000,00

Projeto Baú Virtual de Música

– CANTORA ADRIANA OLIVER E BANDA, CANTOR TEDDY MARKS, CANTOR HUGO SANTOS, CANTOR CHYCO SALLES, BANDA BATIDÃO, BANDA LAMAZON, BANDA FORRÓ DO BACANA, GRUPO O PEQUENO PRINCIPE E A LENDA DA ESPADA DE PRATA, GRUPO FLOR DA AMAZÔNIA E GRUPO BALÉ FOLCLÓRICO

– R$ 100.000,00

Projeto Talentos Paraenses

– CARIMBÓ DA MARIA, CANTOR EVERTON MC, BANDA ZONA RURAL, WANDERLEY ANDRADE, CANTORA CAROL DIVA, BANDA QUERO MAIS, CANTOR CHUCKY, GRUPO PARÁ FOLCLÓRICO VAIANGÁ, GRUPO DE MANIFESTAÇÕES PARAFOLCLÓRICAS PARANANIN E COMPANHIA FOLCLÓRICA MISTURA REGIONAL

– R$ 100.000,00

Projeto Sons de Esperança

– CANTOR DENNER CIGANO; CANTORA CARMEM PENICHE; CANTORA MELL PINHEIRO; CANTOR MARQUINHO MELODIA; CANTOR CÉSAR FARIAS; BANDA BLACKOUT; CANTOR IGOR MENDES; TRIO LUZ DE TIETA; CANTOR IVAN NEVES E CANTOR JOELSON PANTOJA

– R$ 80.000,00

PROJETO CIDADE DE SONS II

CANTORA DHIANA LIMA, BANDA ZONA RURAL, BANDA PLAY 7, CANTOR MHARCO MONTEIRO, CANTOR NELYS, BANDA QUERO MAIS, BANDA WARILOU, CANTOR ALBERTO MORENO, GRUPO ARACUÃ, BANDA SABOR MARAJOARA,

– R$ 100.000,00

Projeto Em Casa a Música Não Para

– LUCAS LIMA, SAMY LOURINHO, MARKINHO DURAN, CAROL ALVES, TONNY BRASIL, THIAGO ROBSON, BANDA PÉROLA NEGRA, DUPLA HENRIQUE E GABRIEL, GRUPO PARAFOLCLÓRICO FRUTOS DO PARÁ, GRUPO TRIBO KAWAHIVA E GRUPO DE ESPETÁCULO INFANTIL TRIILOGIA KIDS

– R$ 120.000,00

Projeto Música, Farinha e Cia

 – CANTOR BINO, MARQUINHO MELODIA, TRIO CHAMOTE, TRIO LUZ DE TIETA, IGOR MENDES, HERICK RAFAEL, DENNER CIGANO, SANDRO SANDIN, IVAN NEVES, EUDES FRAGA, CESAR FARIAS, CARMEN PENICHE, MELL PINHEIRO, JOELSON PANTOJA E MUKA

– R$ 120.000,00

Projeto Pirão Cultural Virtual

– CANTOR IGOR MENDES; CANTOR MUKA; CANTOR JOELSON PANTOJA; BANDA PIRÔ, DENNER CIGANO, IVAN NEVES, BANDA NICOBATES, BANDA BLACKOUT, TRIO LUZ DE TIETA E CANTOR BINO

– R$ 80.000,00

Discussão

4 comentários sobre “R$ 3,2 milhões no circo

  1. Um conceito de cultura muito limitado.

    Curtir

    Publicado por ovezerra | 10 de junho de 2021, 11:38
  2. O que esperar de Ursula. Que fez carreira com uma voz empostada. Queria ser Walter Bandeira. Sonha em ser uma diva. Ostentava uma cabeleira mascadinha toda em cachos.Um dia,apareceu alisados. E foi em frente como loira. Seria loura?

    Curtir

    Publicado por Agenor Garcia | 10 de junho de 2021, 20:45
  3. Dos montantes por projetos, seria bom ouvir dos artistas quanto realmente lhes sobra, o que ouvi falar pela cidade é que a maioria recebe um cachê “fixo” em torno de R$ 1.500,00 (seja grupo ou não). A classe estaria sendo usada?
    Quanto ao comentário sobre “qualidade duvidosa” não é de bom tom para um jornalista como você, até mesmo porque o valor da arte não está em pauta, e nem deveria nunca. A minha ou a sua arte tem o mesmo valor, seja ela qual for.

    Curtir

    Publicado por João Afonso | 10 de julho de 2021, 20:45
    • Já registrei cachês de 8 mil reais. Quando é grupo, o valor aumenta por cabeça.
      Meu tom não é de discriminação. Há grupos medíocres que assim se mantêm há anos, recebendo cachês altos, no esquema de rachadinha que havia quando o dinheiro vinha de emendas parlamentares. Era um esquema viciado, que raramente incluía artistas de valor comprovado.
      No atual esquema, o cachê deveria ter o sentido de aprimorar a qualidade dos beneficiados. É o que se alega, não é o que se pratica. Tudo continua a ser pretexto para favorecer os amigos do rei ou abrir caminho para o clientelismo eleitoral.
      O dinheiro público deve ser fiscalizado. Principalmente quando os contratos que liberam o caixa são assinados com inexigibilidade de licitação. A exceção deveria ser coisa séria. Não é.
      Nunca me preocupei com bom tom ou boa palavra (a bon mot). O que me interessa é a verdade.

      Curtir

      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 11 de julho de 2021, 11:16

Deixe um comentário