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Política

A história pelo rádio

Quando voltei a Belém do circuito político no Rio de Janeiro (comício do dia 13 de março) e em Brasília (encontro do papai com o presidente João Goulart na granja do Torto), grudei no meu poderoso rádio Transglobe Philco para me atualizar sobre os preparativos do golpe. Atravessei a noite até a madrugada do dia 31 de março para 1º de abril. Quando anotava novidades, ia até o pátio de casa, onde meu pai. Elias Pinto, estava em vigília junto com amigos e correligionários do PTB. Havia espaço para muita gente. Eu era o esperado. Só fui dormir depois do almoço.

Quantos repetiram esse procedimento? Já havia uma emissora de televisão em Belém, a Marajoara, mas ela ficou ao largo. Não havia programação ao vivo fora de Belém. Daí a importância das emissoras de rádio para acompanhar o pulsar da história.

convido os leitores que fizeram o mesmo a mandarem seus testemunhos sobre aquele dia crucial, que reeditava o conflito de 10 anos antes, tornado tragédia porque o presidente Getúlio Vargas, não querendo ser deposto, como foi em 1945, pelos mesmos militares e civis reunidos no novo golpe.

Aguardo as contribuições.

Discussão

6 comentários sobre “A história pelo rádio

  1. Também ouvi na manhã do dia primeiro de abril, com Transglobe do Alkindar, engenheiro paraense do ITA, que era o Superintendente de Manutenção.

    Morava em Santana, mas estava em Serra do Navio.

    Era um dos poucos contra o golpe.

    Fomos para o Morro da Torre de Rádio, entre as minas T20 e T4-T6, para ouvir melhor.

    Breno

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    Publicado por BRENO AUGUSTO DOS SANTOS | 16 de abril de 2024, 14:52
  2. Lúcio, certamente, naquela madrugada eu tava dormindo. Mamãe jamais deixaria seu caçula de 1 ano nas mãos de políticos. Mas, passados 60 anos do episódio, diria que foi um golpe empresarial militar. Obrigadas a produzir veículos com índice de nacionalização próximo de 100%, as multinacionais foram também obrigadas a pagar 13º salário a todos os seus empregados, em 1963. Sem poder importar e com vendas aquém do esperado (os carros eram uma porcaria com algumas exceções), não houve o Salão do Automóvel daquele ano, que seria o quarto. Dado o golpe, O Grupo Executivo da Indústria Automobilística, famoso GEIA criado por JK, seria a primeira vítima. Lúcio Meira foi convidado a se retirar. As únicas indústrias essencialmente nacionais como a VEMAG e a FNM sofreram intervenção. A VEMAG, que fabricava sob licença da DKW alemã, foi comprada pela VW e simplesmente fechada. A FNM teve que mudar o nome de seu carro de JK para simplesmente 2000. Não deixaram a FIAT vir. O índice de nacionalização foi pro beleléu. Em 1966, chegava o norte americano Ford Galaxie vendido com muitas pompas e preço de ouro. Com a economia em frangalhos, a importação foi proibida, em 1975. Vários carros desapareceram. Outros, se transformaram em fiascos como o Ford Maverick. A coisa ficou tão avacalhada que começaram a misturar álcool à gasolina. Na década de 1980, não tinha mais gasolina. O jeito foi fazer só motor a álcool. Sem o Golpe de 64 e com JK ganhando a eleição de 65, o Brasil teria continuado seu crescimento.

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    Publicado por pedrocarlosdefariapinto | 16 de abril de 2024, 18:58
  3. Lúcio, como Belém tem pouquíssimo material conhecido sobre 64, fico a pensar que o Consulado dos EUA e de certa formas a outras representações diplomáticas estavam cientes de tudo que saíam de Brasília (informes via Telex/Teletipo) e do Rio.

    Como pode Aurélio do Carmo e até mesmo Newton Miranda não terem feito absolutamente NADA pela resistência, e em todas as entrevistas do Aurélio aquela “calma” até mesmo alheio, aparte do mundo ao redor. Um Advogado sem “faro”.

    Moura Carvalho e Newton Miranda não posso falar por eles, nunca vi nem ouvi absolutamente Nada sobre os mesmos!

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    Publicado por flightfernando | 17 de abril de 2024, 22:46
    • O Aurélio achava que poderia continuar no governo se aceitasse compor uma transição do poder negociada. Consumao seu afastamento, aí tomou iniciativas contrárias ao novo regime. Mais para assegurar uma versão para a história.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 18 de abril de 2024, 08:32
      • Veio me a mente: será que a biblioteca do Congresso, os arquivos liberados pela Casa Branca e Departamento de Estado algo que mencione Belém ?

        Pelo Reino Unido existe o Foreign Affairs Ministry, estou curioso a pesquisar… se eu achar algo qual email posso lhe enviar?

        Minha pesquisa sobre as rotas da Amazônia sequestradas da Panair a Cruzeiro do Sul(64) e a asfixia da Paraense(71) e o fechamento dela não surtiu tanto efeito, acredito que ficou no âmbito regionalizado pois sim existem menções todavia parcas no Arquivo Nacional.

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        Publicado por flightfernando | 20 de abril de 2024, 00:56
      • Nos EUA, a melhor fonte são os Arquivos Nacionais, em Washington. Em Londres, o ministério das Relações exteriores.

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 20 de abril de 2024, 07:59

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