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Imprensa, Política

O semi-silêncio do jornal de Jader

As aparências indicam que, depois da operação executada ontem, sem prisões, apenas para a busca de documentos, os próximos alvos da Polícia Federal, no cumprimento de decisões judiciais da Operação Lava-Jato serão os principais líderes do PMDB. Desde o ex-presidente José Sarney até os senadores Renan Calheiros, Romero Jucá, Édison Lobão e Jader Barbalho.

Todos são suspeitos de receber propina das empresas que formaram o consórcio vencedor da licitação para a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará, projetada para ser a terceira maior do mundo, com orçamento já em 33 bilhões de reais.

Há muitos anos, Sarney, em primeiro lugar, e Jader, depois dele, são os políticos com maior influência na Eletronorte, a estatal do sistema Eletrobrás que comanda o setor energético na Amazônia. A maioria dos diretores da empresa foram por eles indicados. Sarney e Jader usando vários prepostos, dentro e fora da Eletronorte, que foi criada em 1973 para construir a hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocantins, também no Pará, que é a quarta maior do mundo.

Há alguns anos o principal intermediário de Jader, para todos os assuntos políticos e para questões deles derivadas , é o ex-senador peemedebista Luiz Otávio Campos, que já foi seu adversário e desafeto. Luiz Otávio é apontado em vários depoimentos como a pessoa autorizada a receber a parcela de 0,5% sobre o valor da obra para o PMDB (outros 0,5% iriam para o PT, por isso podendo envolver os ex-presidentes Lula e Dilma).

Na mais ingênua das probabilidades, o ex-senador jamais desempenharia essa função sem autorização de Jader. Se o intermediário recebeu propina e não a repassou ao destinatário final, é outra questão, que os investigadores da Lava-Jato devem estar empenhado em esclarecer – ou provar.

Se o ex-governador do Pará não recebeu um tostão sequer, tendo o dinheiro sido usado em campanhas do PMDB, com prestação de contas aprovada pela justiça eleitoral, é outra conversa, que agora vai ficar clara.

Em nada ajuda a defesa do ex-ministro de Sarney o seu jornal, o Diário do Pará, ter minimizado como pôde, na sua edição de hoje, a operação de ontem da Polícia Federal, como se ela não tivesse qualquer importância (enquanto o adversário, O Liberal a ela dedicava três páginas). Publicou uma nota minúscula, em lugar quase invisível, como para não deixar de registrar o fato, mas sem lhe dar a atenção devida.

Como ensina o povo, quem não deve, não teme.

PS – O penúltimo parágrafo foi corrigido.

Discussão

9 comentários sobre “O semi-silêncio do jornal de Jader

  1. Ou quem cala consente…Quais das duas frases se aplica ao grupo?

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    Publicado por Jose Silva | 17 de fevereiro de 2017, 17:52
  2. Gostei de ver hoje Zenaldo, Helder e Jader Barbalho andando de mãos dadas pela orla de Moscou. Será que comeram peixe frito no Lambreta?

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    Publicado por Angelo Antonio | 17 de fevereiro de 2017, 18:30
  3. Como vai, Lúcio? Passei aqui no teu blogue para dizer que a notícia da operação da PF contra o filho do Lobão e o Pepeca saiu, sim, na edição de hoje do Diário do Pará. Mas foi tão curta e escondida a notícia, omitindo o nome de Jader e de Helder, padrinhos de Pepeca, que eu também quase não a encontro no jornal. É a tal coisa: em casa de enforcado não se fala de corda. Um abraço.

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    Publicado por Carlos Mendes | 17 de fevereiro de 2017, 21:17
  4. Então Belo Monte teve 1%, metade para PMDB e metade para o PT. Dessa vez a Diliminha não escapa, pois foi ela que nomeou todos os gerentes da falcatrua.

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    Publicado por José Silva | 18 de fevereiro de 2017, 00:04
    • O momento chave é o período pré-eleitoral, que coincidiu com o edital da hidrelétrica. Assim como a morte do prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, que seria o tesoureiro da campanha de Lula, em 2002, coincidiu com a mudança do PT de bandeiras para o PT pragmático e de Lula para o Lulinha.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 18 de fevereiro de 2017, 09:40
  5. Com seria excelente a prisão de Lula e de Dilma para que, de posse do direito da delação premiada, pudessem confirmar de vez quem roubou o tapete que escondia toda a sujeira da corrupta elite.

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    Publicado por Luiz Mário | 18 de fevereiro de 2017, 08:48
  6. Parece que os Barbalhos e Zenaldo fumaram o cachimbo da paz, o Reporter Diario já nao fala mais na edicao deste sabado em prefeito cassado e empossado, como fazia até o início da semana. E pensar que na ultima eleicao muita gente nao votou no Edmilson porque o Zenaldo propagandeou que Ed e Jader estavam juntos. Isso sim, foi estelionato eleitoral.

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    Publicado por Gustavo Espindola | 18 de fevereiro de 2017, 10:12

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