//
você está lendo...
Cidades

A Cosanpa e eu

Segundo a Cosanpa, até ontem o consumo acumulado de água na minha casa foi de 6.071 metros cúbicos. Segundo o medidor da própria companhia, aqui instalado, hoje, 22, é de 5.639. A diferença é de 17%. Corresponde a um ano inteiro de consumo na minha residência.

Não pelo que efetivamente ela consome, mas pelo que lhe atribui a empresa. A Cosanpa não mede mais o meu consumo. Ela calcula por estimativa. A justificativa é de que a pessoa encarregada de verificar o medidor encontra minha porta fechada.

É verdade. Mas antes nós nos encontrávamos eventualmente. Sou o único morador do local. Quando não estou, ninguém me substitui, infelizmente (mais um sintoma da crise, minha e do país). Antes, pela regra das probabilidade, vez ou outra acertávamos nosso horário.

O contratado (terceirizado, claro) entrava, via os números e os registrava na sua máquina.Nunca o tomei por um assaltante nem ele se comportou como tal.

Era três vezes menos do que a estimativa feita por alto pela companhia estadual de água e saneamento. Ela me atribui 30 m3 todo mês, evidente exagero para uma única pessoa, de vida exterior atribulada.

Já pedi duas vezes o serviço da companhia (terceirizado, naturalmente) para instalar fora de casa esse medidor, mas seus técnicos, nas duas ocasiões, não acharam a ligação externa. Nem eu sei onde ela fica.

Quando comprei a casa, exatamente 40 anos atrás, já era assim, mas a medição era feita internamente. Não havia empecilho. O mundo ainda parecia agradável. Tanto o dono original quanto o construtor já morreram. Não me podem tirar da situação kafkiana em que me encontro.

Quando do meu último contato com a Cosanpa, pedi que verificassem o histórico do meu consumo, pago religiosamente porque o débito é automático na minha conta. Prometeram rever. Não reviram. Fiquei com a mesma cota absurda, pagando três vezes mais do que o correto.

Sem uma providência corretiva, vou recorrer a um protesto cidadão, se não me dispuser a uma reclamação administrativa ou judicial: a cada  nova fatura, vou comparar o consumo que me é atribuído e o verdadeiro número, exibido no medidor oficial.

O primeiro tem reajuste geométrico. O segundo, aritmético. Como jamais se encontrarão, tal qual duas paralelas malucas, quando a diferença chegar a mil metros cúbicos vou assinar o requerimento de privatização da eficiente Cosanpa.

Discussão

7 comentários sobre “A Cosanpa e eu

  1. Veja pelo lado bom. Se a Cosanpa for privatizada e voce ganhar na justiça as cobranças indevidas, você se tornará sócio da empresa :).

    Curtir

    Publicado por Jose Silva | 22 de fevereiro de 2017, 11:28
  2. O Estado dentro do Estado….

    Curtir

    Publicado por Luiz Mário | 22 de fevereiro de 2017, 12:56
  3. O discurso de que privatização melhorará é engodo. Mas já não me importo se privatizarem até o ar.

    Curtir

    Publicado por Erick Matheus | 22 de fevereiro de 2017, 14:31
  4. A terceirização é um biombo para a corrupção.

    Curtir

    Publicado por Luiz Mário | 22 de fevereiro de 2017, 17:48

Deixe um comentário