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Imprensa, Justiça, Militares, Política

Isso é jornalismo?

O site The Intercept Brasil divulgou, ontem à noite, a sexta safra de transcrições de conversas do então juiz Sérgio Moro com dois integrantes do Ministério Público Federal na força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba. Os juízos a respeito desse material vão de um extremo a outro em um universo de possibilidades, da repulsa ao crime de violação da intimidade ao pedido de anulação dos processos instaurados contra Lula.

Há outras questões, estritamente profissionais, ainda não abordadas.

O site recebeu o material já finalizado ou participou da armação da estratégia seguida para ter acesso aos celulares dos personagens visados? Se limitou-se a receber as transcrições é uma coisa, ainda assim polêmica. Mas ter conhecimento prévio do ataque dos hackers caracteriza coautoria de um crime – ou de vários. Não é mais jornalismo.

Se levou um tempo entre ser avisado da existência do material, a sua entrega e a sua publicação, o que fez nesse intervalo de tempo? Checou o dossiê ou apenas o repassou ao público? Consultou alguma fonte independente? Se teve esse procedimento, fez jornalismo. Se não, foi cúmplice de eventuais crimes.

Por que não publicar tudo que tem de uma só vez ou em série imediatamente sucessiva, como faria qualquer publicação estritamente jornalística, interessada no “furo” (a divulgação de informação exclusiva) e não numa parceria política? Por que soltar em conta-gotas?

Mesmo que seja seu dever garantir o sigilo sobre a fonte, por que não fornecer alguma característica dela que ajude o leitor a dar-lhe credibilidade maior? Algo como “um técnico do setor de informática “ou um membro de partido político”?

Adiantando-me aos simples detratores, conto uma história da qual participei. Era o auge da crise entre o governo militar e a Igreja, no início dos anos 1980. O padre Florentino Maboni foi preso, acusado de crime contra a segurança nacional, por incitar posseiros à violência, em nome do bispo de Conceição do Araguaia, dom Estevão Cardoso Avelar. Marquei um mês como período de isolamento do preso e fui para São Geraldo do Araguaia conversar com ele. Quando cheguei lá, fui informado que os militares o tinham levando para Belém, mas que uma equipe dos Diários Associados de Belém filmara, fotografara e entrevistara o padre.

Voltei arrasado. Não consegui localizar o padre em nenhum lugar onde ele poderia estar. Fui então conversar com Carlos Flexa, repórter de A Província do Pará, que chefiara a equipe. Num bar, ele me disse que nem sabia da missão e se limitara a acompanhar uns militares, em trajes civis, que fizeram o serviço. Seguiria para Brasília naquela noite para entregar todo material produzido ao editor do Correio Braziliense, Oliveira Bastos.

Quando voltou, Flexa me disse que foi recebido no aeroporto de Brasília pelo jornalista, que era paraense, e pelo general Newton Cruz, o feroz chefe do SNI na capital federal, um dos homens de confiança do general Figueiredo, presidente da república. Liguei para o Oliveira Bastos dando uma de João sem braço. Que queria saber como estava o padre e confirmar se esse seria o grande furo da edição do dia seguinte do Correio.

Meio sem jeito, ele disse que a reportagem só sairia dois dias depois. Perplexo, pedi-lhe para me mandar uma cópia do material, que eu divulgaria em O Estado de S. Paulo, dando-lhe o crédito pela exclusividade. Talvez para recompor sua imagem,, Oliveira prometeu e cumpriu. Um dia antes da divulgação da matéria, recebi tudo. Reproduzi esse texto no Estadão e acrescentei a reconstituição dos bastidores. Tudo fora preparado e editado pelo soturno SNI, o Serviço Nacional de Informações, joia da ditadura.

Depois que prenderam Maboni, descobriram que ninguém mais distante do subversivo que criaram. O padre fora capelão militar em Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul. Antes de ser transferido para a perigosa Amazônia, ele foi condecorado pelos bons serviços que prestara ao exército.

Em estado de choque ao ser preso como subversivo, por enviar aos líderes dos posseiros uma mensagem do bispo (“resistam onde estão”, aconselhou dom Estevão, imaginando assim manter os lavradores nos seus lotes), o padre cumpriu o roteiro que lhe deram os arapongas: denunciou o bispo como comunista – manchete, aliás, preparada por Bastos para a capa do Correio, mas imediatamente desmoralzada pela minha matéria num jornal muito mais importante, em página inteira.

Furioso, Oliveira Bastos reagiu no outro dia com um artigo assinado na primeira página do Correio. Disse que eu o procurara como amigo que era de Maboni, a quem nunca vira. Nem o padre me veria. Foi transferido de volta para o Rio Grande e por lá ficou, esquecido.

Discussão

34 comentários sobre “Isso é jornalismo?

  1. General Newton Cardoso?
    Não seria Newton Cruz?

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 15 de junho de 2019, 18:06
    • Sim, Newton Cruz, que comandou a 8ª região militar, em Belém. Obrigado. Vou corrigir. É o cansaço.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 15 de junho de 2019, 18:15
      • Peço desculpas ao leitor por não estar fazendo boa revisão. É a rapidez dos acontecimentos. No cao, misturei o nome do Newton Cruz ao do Otávio Medeiros, chefe dele no SNI, que queria ser o sucessor de Figueiredo, adiando a volta do Brasil à democracia.

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 15 de junho de 2019, 18:18
    • “criminoso” que desmascara bandido, onde falta jornalismo sério, competente sem amarras e sem patrões bandidos também, é só não pior, do que moro pousando de gente de bem e intocável, então, elias, que o “rigor da lei” seja e esteja para todos os lados (inclusive para o moro e demais colaboradores, conforme a constituição falaciosa, e contra os de baixo, cometedor de crimes, portanto, bandido também, como no conteúdo das conversas em si e por si mesmo, apesar do cinismo, corroboram, dizem), senão, é melhor calarmo-nos para sempre sobre este subgentismo colonial

      ah, e para o queirós e quem mais couber nos presídios, para experimentarem o que os filhos da miséria, especialmente os pretos e demais arrombados deste sistema social que mais destruiu, matou roubou e assim continuará, reafirmo, contra os de baixo: o capêtalismo, coisa do capêta, (para aproveitar o imaginário judaico-cristão, aliás, pao menos pra isso deve servir kkkkkkk) que o diga um dia, se puderem, é claro, as criancinhas envenenadas, estas sim, inocentes, jab, pelo agroveneno todos os dias nas mesas, para quem pode comprar a comida envenenada, comida que a canalha europa não quer, mandando voltar reafirmando, que “tá tudo envenenado”, como disse a suécia capitalista

      que tal, humanos?

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      Publicado por felipe puxirum | 15 de junho de 2019, 18:48
  2. O Sérgio Moro bem que poderia ajudar a prática do bom jornalismo

    É só ele divulgar, ele próprio, as mensagens que ele trocou com o pessoal da Vaza Jato.

    Aí, para que não pairem dúvidas, ele entregaria o celular dele à PF — como esta vem pedindo, há dias — para perícia. Ai se saberia o que é verdade e o que não é, nessa história toda.

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 15 de junho de 2019, 18:13
    • Já defendi essa posição aqui no blog: todas as transcrições e toda verdade.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 15 de junho de 2019, 18:15
      • Você não defendeu Lucio essa posição do Elias Granhen de que o Moro entregue todos os originais. Foi isso que o Elias propôs e foi isso que comentaristas propuseram em seus posts sobre a verdade. E você nada disse nesse sentido, além do óbvio de que toda a verdade é o que interessa. Estaria nas mãos do Moro e do Dellagnol entregar toda a verdade. Mas é óbvio que a eles não interessa. Simplesmente porque mentiram muito ao longo da Lava Jato. E sabem que mentiram.

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        Publicado por Kleber | 16 de junho de 2019, 18:45
      • Vão aí embaixo os dois últimos textos que escrevi a propósito dos temas que você diz que não tratei. Quando as críticas chegam a esse nível, fico com a sensação de que meus críticos, sem me ler, me atribuem o que não dizem, mas é melhor dizer que foi dito, para, assim, me criticar conforme o desejo do crítico.
        Parece que exigir uma crítica fundamentada está fora do imenso e maravilhoso universo da internet. Antes, quando era necessário escrever uma carta ao editor e esperar pela sua publicação e a eventual resposta que a redação daria, os críticos eram mais honestos, justos e competentes. Travei proveitosas polêmicas com vários deles, personagens da estatura de um Jarbas Passarinho, Vicente Salles, Oliveira Bastos e quetais. Hoje, depois de responder ao crítico, ele refaz a crítica e as regras do jogo. O debate não tem fim, mas também não gera a luz que a inteligência, bem usada, produz.
        Isso vem me cansando a tal ponto que mal consigo reunir forças para continuar no mundo da internet, com seus predadores e carniceiros.
        Vão aí os dois textos.
        1
        A melhor e mais saudável reação ao vazamento de conversas privadas devassadas por hackers, interessados em revelar os bastidores da Operação Lava-Jato, é apurar tudo e divulgar tudo que vier a ser apurado. O comando das ações não pode continuar a ser exercido exclusivamente por hackers, que são criminosos na forma da lei, nem por única fonte intermediária, o site Intercept, que faz o que quer com as informações, sob a proteção do anonimato do fornecedor das transcrições (sem o acompanhamento das vozes nos diálogos). Os frequentadores mais competentes das tecnologias da informação e das redes sociais devem entrar em ação. A atuação dos setores técnicos oficiais é imprescindível.
        Agora mesmo a TV Globo acaba de prestar um desserviço a essa diretriz. O Bom Dia Brasil divulgou os nomes de todos os cidadãos que tiveram seus celulares invadidos, só excluíram da identificação o nome de um jornalista da emissora. A omissão é intolerável. Quem pusder, deve expressar o seu protesto à emissora.
        Agora vale o ditado popular: quem for podre que se quebre.

        2

        Se a defesa de lula tivesse juntado aos seus vários pedidos de suspeição do então juiz Sérgio Moro os documentos que o site Intercept Brasil publicou no domingo, certamente teria conseguido afastá-lo dos processos. Também afastaria o promotor de justiça Dalton Dallagnol. Os dois são considerados pelos petistas como os maiores inimigos do ex-presidente e principais responsáveis pela sua condenação. Não há dúvida que as conversas que eles mantiveram, divulgadas agora, vão além de um contato profissional entre o dono da ação penal em nome do Estado e o julgador da causa. Revelam prevenção pessoal e acertos ilegítimos.
        As provas da parcialidade de ambos pode também levar à anulação das provas dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro juntadas aos autos do processo sobre o triplex de Guarujá, no qual Lula já foi condenado em 2ª instância e por isso está preso em Curitiba, ainda na sede da superintendência da Polícia Federal, e aos demais processos ainda em curso? Eu acho que não. Li os autos do primeiro processo, cuja tramitação já exauriu a matéria de provas que poderiam ser juntadas pelas partes, deixando apenas para apreciação matéria de direito, e me convenci da justeza da acusação. Eu e as instâncias judiciais às quais a defesa de Lula recorreu e não teve as suas pretensões atendidas. São provas mesmo e não ilações, como sustentam os defensores de Lula.
        Meus questionamentos à honestidade pessoal de Lula remontam a muito tempo antes. Não estou só nessa posição crítica. Um dos mais autorizados jornalistas a falar sobre Lula é Luiz Maklouf Carvalho, um paraense domiciliado há muito tempo em São Paulo, editor do Resistência, em Belém, publicação alternativa de combate à ditadura nos anos de 1970. Reportagens e entrevistas que ele escreveu sobre Lula desde o início dos anos 1980 foram reunidas num livro volumoso, de 2005, Já vi esse filme – Reportagens (e polêmicas) sobre Lula e o PT, que recomendo ao leitor. Textos tão incômodos que levaram Lula a vetar a participação de Maklouf no programa Roda viva, da TV Cultura, em 1999. E foi atendido na censura.
        Para o bem e/ou para o mal, os documentos estão na pauta da opinião pública e devem ser analisados para a devida investigação dos fatos, com suas consequências. Não há inocentes nem santos nessa batalha campal, que só a democracia proporcional e, quando extremada pela passionalidade, a ameaça. Mais um teste que coloca à prova a solidez das instituições no Brasil.

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 16 de junho de 2019, 19:00
  3. “Privacidade”? Do servidor publico, no exercício de suas funções?

    Não tão rápido, né?

    Tem outras questões legais aí. E elas valem pra qualquer servidor público, Sérgio Moro incluso.

    Ou tem alguém achando que a lei vale pra todo mundo, menos pra ele?

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 15 de junho de 2019, 18:18
    • LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013
      Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); revoga a Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras providências.
      A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
      CAPÍTULO IDA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
      Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.
      § 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
      § 2º Esta Lei se aplica também: I -às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;II -às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos.(Inciso com redação dada pela Lei nº 13.260, de 16/3/2016)

      CAPÍTULO II
      DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA
      Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova:
      I -colaboração premiada;II -captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos;III -ação controlada;IV -acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais;V -interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica;VI -afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica; VII -infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11;

      VIII -cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal.

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      Publicado por Jab | 18 de junho de 2019, 21:35
  4. Me parece que o próprio Greenwald já explicou os motivos de estar usando essa estratégia e disse ainda que adoraria poder dar maiores detalhes no Congresso Nacional, o que falta para os nobres parlamentares o convocarem para prestar maiores esclarecimentos?

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    Publicado por Gleydson | 15 de junho de 2019, 20:08
  5. Vivas as redes sociais que estariam colaborando para que a verdadeira História deste País seja escrita. O resto é a falida retórica tentando manter as aparências para salvar o status quo. Pois o milico embusteiro é a cereja do bolo que a corrupta elite e seus asseclas querem que todos aplaudam.

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    Publicado por Luiz Mário | 16 de junho de 2019, 07:52
  6. O jornalista Ricardo Brandt, do Estadão, prestou serviços de assessoramento informal à Vaza Jato, nos processos do Lula. Em troca, teve informações “de cocheira”, colocando seu jornal à frente da concorrência.

    Isso é jornalismo?

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 16 de junho de 2019, 10:52
  7. Vamos ver quem mais bebeu dessa água suja.

    Ou muito me engano, ou vai sobrar pouca coisa: Congresso, Judiciário, imprensa…

    Esses caras não são nem doidos de soltar tudo de uma vez. É preciso dar tempo pra população digerir a montanha de revelações.

    Tem o problema da contextualização, claro, mas isso é galho fraco. Por exemplo: no domingo passado, eles soltaram alguns extratos; na quarta-feira, eles deram o contexto, ao publicar a íntegra do material. Quem apostou no “fora do contexto”, comeu mosca.

    Além disso, a FSP está dando o maior banho de jornalismo: a partir do material publicado esse jornal está produzindo matérias de alta qualidade, contextualizadíssimas.

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    Publicado por Elias Granhen Tavares | 16 de junho de 2019, 13:25
  8. Este blog continua apostando mais em investigar o jornalista do que em repercutir as verdadeiras bombas que caem na cabeça dos condutores da Lava Jato. Impressionante!

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    Publicado por Kleber | 16 de junho de 2019, 18:55
  9. Volto sobre a longa resposta do Lucio reclamando de meu comentário supostamente infundado. O que disse e repito é: “Você não defendeu Lucio essa posição do Elias Granhen de que o Moro entregue todos os originais”. A resposta de Lucio transcrevendo os seus textos apenas confirma a minha afirmação. É só lê-los.

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    Publicado por Kleber | 16 de junho de 2019, 22:49
    • Desisto. Se querer que se revele tudo que foi gravado não é responder à sua crítica, aposento a etimologia, a sintaxe, a linguística, a fenomenologia e tudo mais da inteligibilidade humana. Resta-me a teogonia de Drummond. Cada vez mais me convenço da perda de tempo em insistir com este espaço, numa fase da vida em que o tempo passa a ser produto vasqueiro.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 17 de junho de 2019, 09:07
      • Em geral quando muitos leitores seus discordam de seus textos você pensa que não vale a pena insistir com esse espaço. Uma pena. Quanto ao texto e sua interpretação, claro é que o genérico “que se revele tudo” é diferente de cobrar de Moro que apresente os originais. Esta última cobrança, que obviamente não será atendida pelo ex-juiz, implica que Moro tenha interesse em esconder (parte da) verdade inteira. Tal interesse em esconder, em seus textos, foi atribuído claramente ao Intercept. Também desisto que você admita isso. Mas não desisto que os demais leitores do Blog leiam o que você escreveu e tirem suas próprias conclusões. A esta altura, desistindo de você, é a eles que argumento.

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        Publicado por Kleber | 17 de junho de 2019, 09:36
      • Então desista do blog. É a única maneira de ser coerente.

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 17 de junho de 2019, 10:07
    • O Sr. Moro pelo que me consta não foi acusado de nada e nem responde um processo judicial. Para tanto, precisa de alguém que o acuse e apresente os fatos ou provas a serem investigados.
      É um devaneio dos adoradores do ícone condenado a necessidade do ex-juiz em entregar seu celular, com sua intimidade, para ser investigado. Era o mesma coisa se exigir dos cardeais da quadrilha atingida pela lavajato que contribuíssem, disponibilizando seus telefones e computadores para serem dissecados, gerando provas contra eles mesmo, ferindo até a Constituição.
      O que precisa ser exigido é o material dos hackers nas mãos do companheiro do parlamentar. Foi de graça?

      Deixem de lero-lero: essas conversas entre as partes são normais e estão de acordo com a Lei.

      LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013
      Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); revoga a Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras providências.
      A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
      CAPÍTULO IDA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
      Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.

      CAPÍTULO II
      DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA
      Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova:
      I -colaboração premiada;II -captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos;III -ação controlada;IV -acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais;V -interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica;VI -afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica; VII -infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11;

      VIII -cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal.

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      Publicado por Jab | 18 de junho de 2019, 21:52
  10. No começo eu sentia assombro. Hoje só tenho pesar pelo figura que te transformaste, Lucio Flavio.
    Que triste fim! E pensar que já foste o símbolo do jornalismo independente brasileiro… E hoje te prestas a esse papel de desacreditador de jornalistas, pedindo que o Intercept dê pistas sobre a fonte pra dar-lhe credibilidade. Para quê? Se nem os lavajateiros negam a veracidade das mensagens?

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    Publicado por pauloandrenassar | 17 de junho de 2019, 09:19
    • Por que eu passei a não prestar quando comecei a criticar o PT, o PT envolvido na morte do Celso Daniel, o PT do mensalão e do petrolão, o PT do negocista internacional José Dirceu, o PT do dinheiro escondido na cueca, o PT que criou o maior número de bilionários da história do Brasil, à base de propaganda e dinheiro público (como Eike Batista, os Batista da JBS, a Odebrecht, que passou de 100 bilhões para 300 bilhões de faturamento)?
      O PT dos tempos heroicos vivia me consultando, pedindo a minha opinião, me homenageando. Quem mudou foi o PT, não eu. Mudou a jato para a corrupção e a negociação de bastidores a partir, principalmente, de 2002, ano do assassinato de Celso Daniel e do Lula paz & amor fabricado por Duda Mendonça, Palocci e a tão estigmatizada Globo.
      Você nada sabe e pensa que sabe tudo.
      Vou lhe contar uma história O principal advogado do PT e um dos seus ideólogos, Luiz Eduardo Greenhalgh, se tornou meu amigo qaundo o ajudei numa importante tarefa como presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da USP. Reconhecido, disse que um dia pagaria o débito. Repetiu a frase para o Lula nas duas vezes em que nos encontramos, uma em Belém, a outra em Vitória. Quando fui perseguido pelos Maioranas, ele me ligou de São Paulo e disse que, finalmente, iria retribuir, assumindo gratuitamente a minha causa. Como iria a Brasília uns dias depois, para uma audiência no STJ, me pediu um memorial para apresentar aos ministros, que iriam apreciar um recurso em sentido estrito meu. Mandei, Luiz confirmou o recebimento e nunca mais me retornou. Sua secretária passou a me despachar dizendo que ele viajara ou estava em reunião. E nunca mais.
      Qual a explicação que tenho para esse comportamento? Ordem superior. Eu já era um maldito, algo inaceitável para um partido de matriz leninista (mal ocultada pelo Dirceu, o grande pensador – sem pensar – do autoritarismo de esquerda no Brasil). Reprimindo a oposição e a divergência, do Kronstadt a Trótski, Lênin preparou a poltrona para Stálin sentar como o novo czar, o vermelho, rubro de ideologia e de sangue.
      Eu penso e exijo que me provem o que me dizem, da mesma maneira como provo o que digo. Você apenas diz, julga e condena. Como nos processos de Moscou, que resultaram nos gulags.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 17 de junho de 2019, 09:51
      • Então é por isso seu ódio ao partido e a defesa que vc faz do Moro e da lava jato mesmo com todas as arbitrariedades cometidas por eles? É por causa de ego ferido? magoa? Tá parecendo outros ressentidos, rancorosos e amargurados com o Lula e o PT como Cristovam Buarque, Marina Silva, Marta Suplicy, Heloísa Helena e agora o Ciro Gomes… que triste isso.

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        Publicado por James | 17 de junho de 2019, 10:25
      • Você faz jus ao seu e-mail, James Kaos. Não fui eu que mudei. Continuo criticando o poder e sendo independente de partidos, ideologias ou grupos de influência. As poucas petistas petistas do passado que ainda se relacionam comigo me pedem anonimato, mas continuam a me procurar. E eu as atendo o melhor que posso, como faço com todos que dialogam comigo.
        Triste é ver que pessoas como você só sabem dialogar inventando, mentindo e ofendendo.

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 17 de junho de 2019, 11:12
      • LFP, contra fanáticos não há argumentos. Esqueça-os.

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        Publicado por Jab | 18 de junho de 2019, 21:56
      • Obrigado, Jab.

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        Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 19 de junho de 2019, 10:13
      • Lucio Flavio, eu sei que pouco sei, nunca sugeri o contrário. E nem entendo porque isso entrou na tua resposta. Quem falou em PT, cara pálida? Essa obsessão justifica uma visita ao terapeuta. Releia o que te escrevi. Em nenhum momento falei em PT. Mas a historinha que contaste ilumina as razões que te transformaram no que és. Obrigado pela franqueza.
        O meu ponto é um só: me causa espécie a tua tentativa de desacreditar o jornalismo investigativo do Intercept. Essa postura não faz jus à tua trajetória.

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        Publicado por pauloandrenassar | 20 de junho de 2019, 18:59
    • Ah, sim. Você quase me acusa de induzir o Intercept a entregar sua fonte. Sua leitura do que escrevi está contaminada pelo ódio,que emburrece as pessoas.
      Não sei se você já tinha nascido quando o AI-5 foi editado. Por causa dele, eu deixei novamente Belém e fui para SP, onde estava o olho do furacão. Sou dos jornalistas que enfrentou o censor estatal na redação. Dentre outras batalhas, a da meningite, cuja cobertura coordenei e que resultou em dezenas de matérias censuradas no jornal O Estado de S. Paulo. Sofri muitas ameaças pelo que escrevi. Só um exemplo. Fui o único a noticiar a reação ao atentado ao Riocentro pelo comandante do 2º BIS, em Belém. O coronel Nivaldo de Oliveira Dias escreveu um boletim no qual dizia que o atentado fora praticado por integrantes do exército, o que o envergonhava.
      Durante a publicação das matérias, alimentadas por longas conversas que tive com o digno oficial, enquanto ele dirigia pela madrugada da cidade (para evitar os espiões e os fanáticos), um agente não identificado do DOI-Codi, forte e de aparência feroz, ia todas as noites à redação de A Província do Par. Ele se limitava a perguntar: cadê o Lúcio Flávio Pinto? Antes da resposta, ia embora. O recado estava dado, mas o ignorava.
      Pois bem. Com tudo isso, disfarçávamos a origem das fontes confidenciais (que, felizmente, sempre existiram), trocando o crédito (atribuíamos a matéria produzida num determinado Estado a outro Estado, por exemplo), mas sempre procurávamos dar uma pista ao leitor sobre a direção da fonte. Era em respeito ao direito do leitor de contextualizar a informação gerada por fonte que não podíamos citar.
      Eu posso perder a sua leitura – e lhe garanto que não me fará falta alguma. Mas JAMAIS perdi uma fonte. JAMAIS. É um patrimônio que muito me honra e está acima de calúnias como as suas.

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      Publicado por Lúcio Flávio Pinto | 17 de junho de 2019, 10:06
  11. O Brasil pode sim estar entrando numa “cruzada anti Moro”, a partir das revelações do IntercePT!

    Nada anormal, para um país que cultivou os exageros, os escárnios e achincalhes do anti petismo e do anti Lulismo.

    Tudo isso seria considerado “normal” em democracias, caso essa baixaria ficasse restrita a adversários (partidos) litigantes e a imprensa cativa a lados.

    Não! O oba oba, foi engrossado por setores da vida nacional, que não poderiam ter se imiscuído com lados, incluindo nisso o próprio Moro, que parece ser medíocre demais para prever tais fenômenos, e por isso mesmo se esborrachou, a despeito da origem das revelações. Se são obra de hackeres, de departamento de estado de países estrangeiros ou mesmo de membros da força tarefa.

    Atentemos para os fatos de que os vazamentos não trazem nada de novo, mas sim a constatação daquilo que já era denunciado por evidências fazia tempo, a despeito das declarações agora comprovadamente cínicas e perversas de Moro, caso se comprovem a autenticidade do material revelado.

    No frigir dos ovos o estrago está feito e Moro mostra uma atitude titubeante de quem tem culpa no cartório, dando declarações desencontradas.

    Eu esperava uma postura firme de negação e desfio aos “vazadores”, digno da mulher de Cezar que além de honesta se mostrava honesta o suficiente para enfrentar os denunciantes.

    Por isso digo que estamos vivendo algo de estranho, pois em vez de discutirmos a traição, estamos discutido a qualidade do sofá que não foi bom o suficiente para suportar o ato. .

    Podemos então estar entrando agora na fase inversa da onda prevista. Pois não só nos fenômenos físicos elas ocorrem, mas também nos sociais que mantem algumas similaridades.

    Afinal a toda ação corresponde uma reação, oposta e em igual em intensidade , já dizia Newton que não era o Cruz.

    A pergunta que faço, é quando o Brasil terá instituições solidas e estáveis o suficiente, menos suscetíveis a tais pertubações venham elas de onde vier?

    A meu ver, isso é o que importa. Esse é o desfio!

    O resto é querer salvar Moro a qualquer custo. Se é que os vazamentos são mesmo verdadeiros.

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    Publicado por Alonso Lins | 17 de junho de 2019, 11:58
    • Em 2002,venceu o projeto que você defende, da esperança, das reformas, da boa gestão e da probidade.
      Ao contrário do vendido, foi entregue fisiologismo bancado por mensalões, transacoes tenebrosas de tida ordem, desmandos e muira incompetencia gerencial. Durou enquanto o mundo estava navegando num universo cheio de estrelas.
      Quando veio a crise, rompeu-se a aura de mentiras que envolviam um projeto de poder.
      Felizmente, mesmo num quadro político e econômico tao adverso, ainda funcionam as estruturas democráticas, mesmo com um legislativo eleito pelos currais das bolsas governamentais e pela grana de empreiteiras, mesmo com o ouro de Moscou e com tudo que se fez para o povo permanecer na ignorância. Respira-se, ainda, liberdade de expressão, democracia e a esperança, que não morre jamais.

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      Publicado por Jab | 19 de junho de 2019, 10:05
  12. Fim de papo, os intercepetistas insistem em culpar o juiz e não reconhecem os crimes de seus ícones. Com o nome de raiz interceptar, poderiam querer o quê?

    interceptação
    substantivo feminino
    ato ou efeito de interceptar; intercepção.

    (in.ter.cep.tar)

    v.

    1. Interromper o curso, a trajetória de: O goleiro interceptou o passe

    2. Impossibilitar a passagem por: O exército mandou interceptar a estrada

    3. Efetuar corte ou interrupção: Interceptaram a comunicação telefônica entre os dois países

    4. Apoderar-se clandestinamente do que se destina a outrem: Interceptavam a correspondência do prisioneiro

    5. Abordar (aeronave, barco, veículo inimigo) para ataque ou averiguação: Caças a jato interceptaram o bombardeiro invasor

    [F.: intercept(o) + -ar2. Hom./Par.: intercepto (1ap.s.), intercepto (a.).]

    http://www.aulete.com.br/interceptar

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    Publicado por jab | 19 de junho de 2019, 22:54

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